Capítulo 71

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— Promete não me bater? Eu trouxe cookies de leite condensado, dois bebês e palavras de perdão e conforto. — Eu disse assim que Anahí abriu a porta, Luna e Ayla correram para dentro, para procurar Manu, e eu fiquei ali esperando sua resposta, três dias depois da mensagem mais seca que já recebi da minha melhor amiga.

— Você me ganhou pelos cookies, pode entrar. — ela pegou a caixa de metal na minha mão já a abrindo, e me deu espaço para passar.

Fomos até a sala e pude ver a pequena bagunça que estava se formando ali. Annie estava reformando um dos quartos para o bebê, o qual descobririamos o sexo hoje mais tarde, e então, juntando com a bagunça diária que se é ter uma criança em casa, sim, ali estava uma bagunça.

— Você está bem? — ela assentiu sentando no sofá, enquanto comia mais uma daquelas delícias que só meu lindo e perfeito marido sabia fazer. — Olha, Annie, sei que está magoada comigo por não ter te contado nada sobre o Chris ter visto o Poncho, mas sei lá, foi tudo tão rápido, e eu nem pensei direito. Sei que deveria ter te avisado disso, mas acabou sendo tudo tão corrido que não deu...

— Dulce Maria? — ela me chamou duramente e eu a olhei espantada. — Você foi dar, né cachorra? — explodi em uma gargalhada sincera, no fundo, eu sabia que ela não estava mais tão brava comigo. — Olha só, sem a Luna e sem a Ayla, você deu a noite toda, e na casa toda, né? — senti minhas bochechas corarem por um momento, já que foi quase isso que aconteceu, e logo acalmei minha risada.

— Olha, em minha defesa, Christopher e eu estávamos em um período de seca! — eu disse me encostando em seu sofá e me acomodando melhor.

— Sua sonsa, a quanto tempo? — a olhei e fiz uma careta, já roendo as unhas.

— Uma semana e meia? — ela abriu a boca indignada e eu ri alto.

— Dulce, toma vergonha, isso nem é seca. Você que é safada! — Anahí disse jogando as almofadas em mim.

— Ok, pode até ser, mas você já viu o homem que eu tenho? Por favor, querida. — ela começou a rir, jogando a cabeça para trás e eu sorri, não via Anahí leve assim a meses.

— Certo, é um bom argumento, estou impressionada, Christopher realmente é bonito. — ela disse e eu suspirei pensando naquele corpo escultural, naqueles braços musculosos, em seus cachos perfeitos para serem puxados enquanto ele está no meio das minhas pernas, naquela boquinha que fazia coisas deliciosas e, nossa me deu calor, e um arrepio passou pela minha espinha, me fazendo despertar do meu transe. — Estava pensando em putaria, né?

— Você quer sair do meu cérebro? As visões são apenas minhas.

— Fica a vontade com elas, acredite não estou e nunca estive interessada. — então ela suspirou e fechou o semblante, passando a mão em seu rosto. — Eu que deveria ter te pedido desculpas, Dul. Fui muito infantil e nem pensei que Poncho também é seu primo, você é uma adulta que faz o que quer da vida. Eu sei que você me falaria, me perdoa pela forma que eu te tratei e depois sumi por três dias.

— Annie... — Eu murmurei e me aproximei dela, abraçando fortemente minha melhor amiga. — Você não tem que se preocupar com isso, sinceramente se fosse eu em seu lugar, ficaria da mesma forma... Você está grávida, cheia de hormônios confusos no seu corpo, isso é normal, não se preocupe.

— Mesmo assim, Dul, isso não está certo, você é minha irmã e eu te tratei mal... — acariciei os braços dela, ainda em um abraço, e beijei o topo de sua cabeça.

— Tudo bem, eu te perdoou, não há nada nesse mundo que me faria ficar brava com você. — ela sorriu e se acomodou mais naquele abraço.

— Você é a melhor amiga que existe, obrigada. — ela se levantou e nos acomodamos novamente.

— Não tem que agradecer, Annie. — ela sorriu e eu senti meu celular vibrar dentro da minha bolsa, era uma mensagem de texto de Christopher. Suspirei fundo e a olhei.

— O que foi? Tá tudo bem? — ela viu que eu havia fechado o semblante e resolveu perguntar.

— Christopher foi com o Poncho fazer o teste de DNA, para descobrir se realmente é pai do filho da Paulina. — a vi engolir seco e seus dedos se contorceram.

— E aí?

— Deu negativo. — ela arregalou os olhos e me fitou, parecendo surpresa. Annie, eu...

— Isso não muda nada, certo? — ela me interrompeu e se levantou do sofá. — Claro que isso tem importância, mas ele não ter outra família não diminui tudo que ele fez, né? — assenti calmamente, ainda sentada. — Até porque Poncho mentiu para mim, me enganou, foi abusivo, me traiu...

— Sim. — murmurei.

— Fora que ele fez tudo isso na frente do filho dele, e ainda me pediu pra tirar esse aqui. — assenti e ela me olhou, respirei fundo e a fiz se sentar novamente.

— Annie, você quer conversar com Poncho? — ela pareceu soltar todo o ar que segurava e me olhou, com lágrimas nos olhos.

— Acho que eu devo isso a mim mesma. Nunca terminei as coisas com ele, nunca conversamos sobre nossa relação e como iríamos conduzir as coisas...

— Ok, então nós vamos pra clínica, para seu exame, e depois, eu ligo para Christopher e vocês se encontram, o que acha?

— Acho que... pode ser. Você fica comigo? — ela pediu quase como uma criança, e eu não podia negar, mas...

— Acredito que vocês precisam ter essa conversa em particular, mas estarei bem pertinho, no cômodo do lado, tá? — ela assentiu e me abraçou. — Agora vamos, antes que nos atrase! — nos levantamos do sofá e fomos nos despedir das crianças, que já estavam sob os olhares atentos da babá que Annie havia contratado, Mari. Uma menina de 20 e poucos anos, que cursava pedagogia, e era simplesmente apaixonada pelo Manu, fora o carinho enorme que tinha com Luna. Minha preocupação hoje era como Ayla se adaptaria a ela, mas com a irmã e o primo ao lado, tudo ficaria bem.

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Estávamos no consultório médico a um tempo já, e cara, eu tinha me esquecido da ansiedade que é descobrir o sexo do bebê que se está esperando.

A médica já havia preparado Anahí e começado o exame. Por um momento, me senti como Christopher, quando eu estava grávida de Luna, e até me deu saudades daquele período, de esperar um bebê, de toda a ansiedade.

Não, Dulce. Calma! Isso é sobre Anahí!

— Você quer saber o sexo do bebê? — Annie segurou em minha mão fortemente e eu a acariciei com o polegar.

— Sim, doutora, por favor. — ela ficou em silêncio, passando aquele negócio na barriga da minha amiga. Vi a médica sorrir ao olhar para a tela e olhar pra Annie novamente.

— Parabéns, é uma menininha! — Anahí tinha lágrimas nos olhos e um sorriso lindo estampado em seu rosto.

— A Mia, Dul, minha Mia! — eu sorri e a abracei, me sentia como se a criança fosse minha também!

— Oi, Mia. — Eu disse para a barriga dela. — A dinda já te ama, você tem um irmão muito legal, duas primas incríveis e dois tios muito babões, você já é tão amada, bebê, mal podemos esperar por te ver. — Eu estava genuinamente feliz pela minha amiga, já que ela queria realmente uma menina, e esperava que Poncho não estragasse esse momento em seguida.

Yo Si QueríaWhere stories live. Discover now