C A P I T U L O 2

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Depois daquela noite, eu não conseguia tirar da cabeça o momento. Talvez por causa da saudade de estar com alguém, talvez por tesão acumulado, o importante era mesmo que eu não conseguia esquecer o momento. O jeito como ele gozou, a voz atravessando a parede fina entre nossos quartos mandando eu gozar. Queria repetir a dose, mas ele não voltou a dar sinais de interesse.

Como uma cadelinha esperando a boa vontade do dono, eu continuei os dias levando como podia. Trabalhando, comendo, me preparando para quando ele fosse aparecer de novo do outro lado da maldita parede e me mandar gozar outra vez.

Não contei a nenhuma amiga, pois, mal conseguia falar com elas. Estavam ocupadas demais reclamando de eu não ir nas festas clandestinas. Me deixando no vácuo... me ignorando de verdade. Eu era a com mais dinheiro no grupo, e sempre procurava não pensar que isso era o ponto vital para elas serem minhas amigas, mas ao notar como elas ficavam irritadas com a minha ausência nas festas, não pude deixar de imaginar. Elas não falaram nada e eu não perguntei. Detestaria estar certa e acabar descobrindo não ter nenhuma amiga de verdade.

Mas não seria a primeira vez. Minha vida era cheia de momentos assim, onde acreditava estar cercada de amizades longevas só para descobrir que era puro interesse. Fosse pelas minhas notas na escola, meu dinheiro na faculdade ou a atenção que meu corpo costumava chamar. Às vezes nem eu entendia por que continuava tentando encontrar amizades; outros dias eu sabia que era porque, no fundo, eu detestava me encontrar sozinha.

Ficar em casa trabalhando, por exemplo, não era solitário para mim. Da mesma forma como assistir séries de noite ou cozinhar só para mim. Aquilo tudo era o que chamavam de solitude. Uma solidão boa. Era diferente de ser ignorada, de não ter ninguém para dividir notícias boas ou dificuldades. A solidão era traiçoeira e me consumia rapidamente como fogo em carvão.

Uma semana passou sem nenhum sinal do meu vizinho. Começava a pensar que ele tinha desistido de fazer aquilo de novo. Que eu tinha ido muito além de achar que havia sido excitante para ele também. Estava aceitando que não teríamos nenhum momento como aquele de novo. Determinada a voltar a trabalhar de dia, para não ficar ansiosa por uma coisa que bem podia nunca mais acontecer.

Tinha pensado tudo isso e estava na minha última noite de trabalho noturno quando, lá pelas duas da manhã, eu ouvi um golpe contra a parede. Foi um chamado e havia sido convincente. Todo meu corpo reagiu àquele golpe, um arrepio que subiu a espinha e fez meus ombros travarem. Permaneci calada um minuto mais, não quis aumentar as expectativas só para me decepcionar.

Então ele bateu de novo.

Empurrei a cadeira para trás, as rodinhas a levaram até a parede, e subi na cama andando de quatro. Bati com a palma da mão contra a parede. O silêncio fez ruídos incômodos no ar ao meu redor. Baixei o rosto tocando a testa no colchão, empinando mais a bunda só de calcinha preta como uma gata se espreguiçando. E ele bateu novamente me fazendo abrir um sorriso.

Me estiquei toda até a gaveta da cabeceira ao lado da cama de onde tirei um consolo rosa de 15cm. Podia não ser de verdade, apesar de imitar o melhor possível a sensação de toque humano, mas eu não aguentaria ficar só nos dedos aquela noite. Precisava me sentir sendo preenchida, minha buceta implorava por aquilo.

O vizinho suspirou do outro lado, da forma como homens fazem quando você começa a masturbá-los ou chupá-los. Um alívio que vem junto de uma descarga de excitação.

Encostei-me à parede e tirei a calcinha, atirando-a com o pé para fora da cama. Ouvi-lo me chamar tinha sido excitante o suficiente, mas aquele som de tesão dele se espalhou ainda mais rápido até minha intimidade. Toquei o consolo na entrada o encharcando. Entraria fácil, por mais estreita e apertada que eu fosse. Comecei a inserir lentamente e minha voz foi aumentando a cada centímetro dentro até ele estar pela metade.

Soltei um gemido menos contido, as pernas abertas sofreram um espasmo breve. Fazia tempo que nada entrava em mim, nem mesmo o consolo. O tesão nunca parecia suficiente para aquilo. Assim que meu gemido se perdeu no ar, ele gemeu também com a voz áspera de quem está cheio de tesão.

Comecei a mover o consolo devagar, mas ele parecia incapaz de esperar. Pude ouvir como ele forçava na masturbação, batendo o punho – ou o que estava usando – contra as coxas e pélvis. Suspirava contendo a vontade de gemer típico dos homens. Diferente de mim que a medida que ia me acostumando com a penetração ia colocando mais fundo e gemendo mais continuamente, sem deixar de tocar no clitóris.

Ele parecia gostar de me ouvir. Cada vez que minha voz aumentava ou o ritmo dos meus gemidos se alternava, ele também mudava seus sons, ficando mais brusco. Adorava provocar homens assim. Meu quarto ecoava sons molhados e gemidos agudos enquanto ondas elétricas iam se expandindo pelas minhas pernas, fazendo-me respirar com alguma dificuldade.

O homem do outro lado da parede se descontrolou e gemeu – como um urso perdendo a compostura. Céus, aquilo fez minha buceta incendiar e eu não pude me controlar; acabei indo mais forte e rápido com o consolo. Comprimi a boca sem sucesso, pois, logo estava gemendo alto quase sem controle. E ele também, ficando mais perto daquele ápice tão gostoso que eu sentia tanta falta de sentir pelo corpo e na boca.

Eu estava tão desesperada que aceitava até que ele transbordasse minha buceta com sua porra...

Mas estávamos a uma parede de distância, os dois sentindo o orgasmo bater na porta. Os dois descontrolados fazendo barulhos especiais um para o outro. Ele não se aguentou e soltou aquele grunhido animalesco ao gozar gostoso me ouvindo gemer e eu acabei sentindo a erupção no meu ventre assim que ele suspirou derramando as últimas gotas da noite. Tirei o consolo de dentro de mim e senti minha intimidade piscando querendo mais.

— Mais... — gemi.

— Goza mais uma vez pra mim, princesa — ele respondeu alto do outro lado.

Pensei que ele não teria vigor de continuar se tocando, mas ele logo voltou a manchar o silêncio com o som de quem está sensível ao toque e continua se estimulando... e eu não podia ficar quieta. Não com o tesão me consumindo e me colocando naquela situação onde, se eu pudesse, eu derrubaria a parede só para me entrelaçar a ele nos cobertores até o amanhecer e cavalgar até ficar com as pernas bambas.

O problema é que estando tão sensível, não demorava tanto para eu chegar novamente ao orgasmo. Ao tocar no clitóris, uma eletricidade já me abraçou. Eu gemi deixando todo pudor de lado. Ele precisava saber como eu estava desmanchando nas cobertas por causa dele. Por causa daquela sua ordem. E quando comecei os movimentos... não deu para aguentar. Bati a mão contra a parede. Ele fez o mesmo na altura da minha. Apertei os dedos contra a parede, como se pudesse segurá-lo firme, sentindo o descontrole se aproximando.

— Eu... ah... eu vou de novo...

— Goza pra mim! — ele urrou do outro lado.

Ele mal terminou de ordenar e eu estava sentindo o êxtase do orgasmo atravessando meu corpo como uma corrente elétrica de 220V. Derramei meu melhor gemido como uma gatinha manhosa e bati de novo a mão na parede. Ofegando, eu escutei-o grunhir contido.

Um sorriso brilhou no meu rosto, dessa vez, sim, de felicidade.

Ele havia gozado comigo e por mim.

Derrubei meu corpo na cama, minhas pernas estavam cansadas e fracas, não conseguiria me levantar mesmo se eu quisesse. Se ele era tão bom assim só com sons e ordens eu mal podia esperar para ter uma chance de transar com ele de verdade – de o sentir dentro de mim.

Olhei a cadeira e comecei a rir contra o travesseiro. Mais uma noite sem trabalho por causa dele; mas também era mais uma noite indo dormir com um sorriso de quem havia gozado gostoso.

Para ser melhor só se fosse com ele na cama.

Um vizinho de tirar o fôlego (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now