Desnorteada

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Flashback

“Estou te dizendo, porra eu vi!”, Ellie diz, jogando outra tora de lenha no aquecedor que ficava no canto da sala, esfregando as mãos depois.

Sempre ficava frio em sua casa tão facilmente no inverno, provavelmente entrando pela grande porta da garagem.

Dina está sentada do outro lado do sofá, de frente para ela, segurando uma xícara de chá quente com as duas mãos.

“Um fantasma”, ela diz sem rodeios, uma sobrancelha levantada.

Ellie retoma seu lugar na extremidade oposta do sofá, seu rosto absolutamente sério, seu comportamento incrédulo com a falta de resposta de Dina.

"Sim, a porra de um fantasma!"

O rosto de Dina permanece o mesmo, a sobrancelha ainda erguida. Estóico, sem paixão. Ela pisca lentamente uma vez.

Ellie cruza os braços em frustração com um bufo e desvia o olhar dela, fazendo beicinho, enquanto balança a cabeça para si mesma.

"Eu vi."

Dina coloca sua caneca na mesa de centro e se inclina até cruzar grande parte do sofá, seu rosto mudando para uma demonstração dramática de piedade. Ela diz suavemente,

"Ellie ... querida ... você estava chapada?"

Ainda olhando para longe dela, um sorriso começando a aparecer através do beicinho,

"Estou prestes a ficar chapada?"

Dina sorri para ela e tira o baseado que pegou de Jesse mais cedo do bolso de seu colete com zíper, balançando-o lentamente na frente do rosto de sua amiga “fazendo beicinho”. Ellie o tira de seus dedos e pega o isqueiro.

Faz meses desde que Ellie desapareceu e finalmente voltou, e as coisas lentamente voltaram ao normal. Era dolorosamente consciente para todos que os conheciam que algo terrível havia acontecido entre Ellie e Joel, mas como nenhum dos dois parecia querer falar sobre isso, Dina não se intrometeu.

Parecia tão estranho para Ellie estar escondendo um segredo dela. Isso a fez se perguntar se havia algo mais que Ellie nunca tinha contado a ela. Ela tentou não cair naquela toca de coelho.

Todo mundo tem coisas que não quer que ninguém saiba, nem mesmo seus melhores amigos.

Ellie está morando na casa de Cat com ela e sua mãe, e isso tem sido ... difícil. Dina sente que mal vê Ellie, exceto quando elas têm uma rotação de trabalho juntas. Como se Ellie estivesse sendo mantida longe dela, trancada, e ela só recebesse visitas nos fins de semana ou algo como ela veria em um daqueles filmes melodramáticos sobre um casal se divorciando.

Ela havia passado muito tempo imaginando como seria quando Ellie voltasse, e não era isso.

Porém, quando elas se veem, onde quer que estejam, em rodízio ou no restaurante ou na rua, a menos que ela esteja com Cat, é como duas peças de quebra-cabeça se encaixando novamente.

Estar perto de Ellie era tão confortável.

Não é o mesmo tipo de confortável que ela se sentia com Jesse. Ela adorava estar com Jesse. Com Jesse era como cair em um grande sofá, seu lugar ainda estava esperando por você. Tão bom e familiar. Você sente que pode simplesmente ficar sentado lá para sempre. Nunca deixará de fazer você se sentir melhor.

RuinaWhere stories live. Discover now