Só me beija

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SIMON

Baz está sendo estranho a semana inteira e acha que eu não percebi.

Ele está sempre mexendo naquele computador. Ontem, chegou uma caixa pelo correio. Quando perguntei o que era, ele disse que não era nada, depois levou a caixa pro quarto e a guardou numa das gavetas da cômoda (as gavetas que eram dele). A minha vontade era ir lá fuçar enquanto ele estivesse fora, mas eu não faria isso. Não era esse tipo de cara sem noção.

Mas estava ficando louco.

Passamos a semana bancando detetives por conta do negócio do novo Escolhido, o que era cansativo. Então quando chegamos em casa, Baz toma banho, deita na cama, me chama pra deitar junto, me abraça e... dorme.

Achei que ele tivesse entendido o que eu queria dizer aquele dia quando nos pegamos e que fosse tentar algo, sei lá, no dia seguinte.

Mas não. E agora estava sendo todo suspeito.

Ele se lembrava do que havia feito comigo? Me virou do avesso. Não era possível que ele não queria aquilo de novo. A não ser que não quisesse. Que tivesse achado horrível, e não fosse me tocar nunca mais. Eu precisava estar preparado para essa possibilidade.

Fiquei ainda mais deprimido quando visitamos Watford nessa semana e passamos por todos os lugares que poderíamos ter dado uns pegas, se eu tivesse alguma mínima ideia do que sentia naquela época. Nós dividimos o mesmo quarto por sete anos, pelo amor.

Todas as sacanagens que poderíamos ter feito ali — um verdadeiro desperdício. Como eu sou idiota.

— Snow, vem dormir.

Estou na sala mexendo no meu celular novo (Vendo as fotos que tirei dele junto com as cabras mágicas de Watford).

— Não estou com sono — digo, meio irritado.

Ele aparece na porta, só de calça do pijama. Sem camisa. Posso ver o caminho que o músculo abdominal faz pra baixo e desaparece na borda da calça. Quero colocar a mão ali. Inferno, como ele é gostoso.

— Quer assistir alguma coisa, então? — ele pergunta. Pior que parece mesmo cansado.

Começo a me sentir mal... Me sinto um crápula. Um garoto de treze anos com tanto tesão que precisa se masturbar três vezes por dia. Não, eu não fui esse garoto. Não mesmo, juro.

— Deixa pra lá. Vamos dormir — digo e caminho até o quarto.

Ele me segura pelo ombro e me coloca de frente pra ele.

— O que você tem, Snow?

— Nada.

Desembucha — acho que posso ver suas presas.

Eu quero chorar. Engulo.

— O que tem naquela caixa? — pergunto.

Ele me olha, confuso.

— Se me disser o que tem na caixa, então eu falo o que tem comigo.

Ele bufa, irritado, vai até o quarto e volta com a caixa. Joga ela nos meus braços.

— Pronto, aí está.

— Baz?

— Abre.

Abro a caixa devagar. Fico ansioso. Então tiro de dentro um pacote de camisinhas. Também tem um frasco de algum tipo de gel.

— Está satisfeito agora? — Ele pergunta e me olha como se fosse me morder. Ele não vai. Acho.

Não sei o que estava esperando. Um cartão escrito "Não te amo mais"? Um vibrador? Não, Baz não era assim. Eu não era assim. Era?

Snowbaz: Universo AlternativoМесто, где живут истории. Откройте их для себя