CAPÍTULO - 4

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Assim que chegamos até o posto de combustível, entramos dentro de uma sala que parece ser uma lanchonete ou melhor aquilo que um dia foi uma lanchonete .
A chuva aparenta estar próxima de se acalmar e a noite continua a cair.
Posicionamos nossa mãe deitada próxima a uma cadeira de cor lilás e noto que ela está tremendo de frio, não era para menos, estávamos encharcados por conta da chuva.

- Fica com ela, vou ver se acho roupas em alguma casa abandonada - digo a Victória.

- Precisamos fazer uma fogueira - ela diz .

- tá, assim que eu retornar, nos preocupamos com isso.

- Ei - ela fala com um sorriso de canto de boca -, volta logo - Sorrio em resposta.

Saio da sala e sigo pela primeira rua que vejo, entro num edifício e assim que eu estou dentro, noto que se trata de uma delegacia, procuro por todos os cantos e encontro apenas restos de tecido.
Procuro em outros lugares e nada.

Achar roupas que ainda servem depois de tanta exposição a ação do tempo e da natureza é praticamente impossível, mesmo assim procuro na esperança de que algumas peças tenham sobrevivido .

Passo cerca de 7 minutos vasculhando várias casas e encontro dois casacos feitos de couro, duas calças de nylon e restos e mais restos de tecido.
A chuva já havia parado quando eu voltei ao posto, encontrei mamãe dormindo no chão abraçada junto a Victoria, pego todos os tecidos e as cubro.
Hora de preparar o fogo.

Preciso fazer a fogueira dentro da sala, então começo procurando lenha seca de diversos tamanhos em lugares onde a chuva não molhou, retiro uma faca de lâmina pequena que sempre ando com ela no bolso, Pego umas pedras e começo a raspá-las contra o lado não cortante da faca para produzir faíscas, depois de alguns minutos insistindo, consigo as faíscas e logo depois o fogo .
Com o passar do tempo vou acrescentando os galhos mais finos, depois os médios e por último os grossos.

Após isso, empurrei uma estante de ferro para a frente da porta de vidro da sala para nossa proteção, peguei lenha suficiente para alimentar o fogo durante a noite, nossa mãe continua a dormir, Victoria continua abraçada a ela, mas de olhos abertos. Ela me olha e o olhar dela me revela diversos sentimentos .

Um olhar de : "Obrigado por ter feito a fogueira e ter trazido as roupas".
Um outro olhar de: " vou te bater assim que possível, por ter destruído nossa casa sem ao menos dar tempo de pegar tudo que precisávamos .
E um último olhar de : "E agora? Para onde vamos ? o que faremos pela manhã? " .

- Acha que a Caçada vai vencer esse ano? - Victoria fala. ela se ajeita como se a posição no chão não estivesse boa.

Eu entendi a pergunta, mas não soube o que responder, na minha cabeça, um turbilhão de emoções e pensamentos me causavam aflição, continuar na cidade? ou ir para o campo ? procurar outro shopping? ou talvez um outro prédio? .

- Léo, sei que você vai dizer não, mas a melhor decisão seria procurar os amigos do papai no destrito C que ele falou antes de ser levado.

- Você acertou, a resposta continua sendo não.

- Droga Léo, você não é mais criança, supera de uma vez que o papai se foi, você não tem culpa de que a Caçada começou justamente naquele dia, você não tem culpa dele ter sido capturado - Vic fala con a voz levemente irritada.

- Nós conseguimos sobreviver 5 anos sem o papai e sem precisar da ajuda desses "amigos" - levantei os dedos no sinal de aspas - Podemos muito bem continuar sozinhos.

- Sim, mas agora é diferente.

- Por que é diferente ? -
eu rebato irritado.

- Nós já estamos na idade Léo, precisamos encontrar parceiros - ela diz .

TEMPORADA DE CAÇA Where stories live. Discover now