péssima reunião de familia

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Jack ficou observando enquanto eu estava amarrando uma corda na minha cintura. O tempo todo, ele manteve um sorriso nos labios, esperando que eu subisse naquele cabo de aço mas não disse uma palavra, nem pra me amedrontar muito menos me encorajar. Talvez vendo até onde eu estava disposta a ir com a minha determinação de salvar o karim.

Antes de dar o primeiro passo naquela corda visívelmente velha e de segurança questionável dei uma ultima olhada pra trás. A expressão de jack agora parecia focada.

Engoli seco, abri os braços e então comecei a caminar na corda bamba. Nos dois primeiros passos ainda estava estável, porém no terceiro me senti tombando pra lado esquerdo. Inclinei o corpo pro lado oposto torcendo pra não perder o equilibrio.  Por sorte esbilizei novamente.

Continuei em frente, a passos lentos e cautelosos. A corda era grossa o suficiente pra que eu conseguisse manter o controle do meu corpo (mas meus os joelhos ameaçavam fraquejar). Meus pés descalços me deram um tato melhor do que esperava,embora alguns pequenos fios estivessem soltos espetassem, eu me mantive firme,precisava.

Desde que coloquei os pés na corda tentei não olhar pra baixo,tentava ignorar meu coração quase atravessando o peito de tão acelerado e imaginar que o karim ia sobreviver sem sequelas, tentava ignorar a dor na minha panturrilha que ainda persistia por causa da facada. Mas acima de tudo, tentava com todas as forças ignorar as risadas e do jack atrás de mim. Se olhasse pra trás com certeza cairia, não podia me dar ao luxo de falhar.

Jack: ei acho que estou vendo uns insetos querendo pousar em você. Hihihi!- comentou.Mordi os lábios sabendo que era mentira mas me irritava da mesma forma.
Ele ficou em silêncio por uns segundos e eu aproveitei pra continuar em frente antes dos meus joelhos fraquejarem - oh eu disse insetos? Eu quis dizer um bando de morcegos

Revirei os olhos.
(É só uma mentira absurda). Pensei, e por um segundo acreditei que realmente fosse mentira. Porém ouvi um ruido vindo do alto da lona, foi como se meu coração estivesse errando as batidas. Parei de avançar,karim estava a pouco mais de um metro e meio mas se eu não me eu me acalmasse poderia cair no proximo passo.

Jack: cuidado,não sei se esses ai são os que se alimentam de sangue. Oh, estão vindo!a direita!

Rapidamente me virei pra direita mas não havia nada. Antes que eu suspirasse de alivio,quando me virei pra frente um bando de morcegos  apareceu e eles voaram me rodeando. Sacudi as mão pra espanta-los e então finalmente perdi o equilibrio.

Senti meu corpo pendendo pro lado e vi os morcegos sumirem como fumaça preta. Finalmente olhei pra baixo e minha respiração travou enquanto via o chão se aproximar rapidamente.

Laughing Jack

Quando juno caiu ficou imóvel. Seu corpo ficou suspenso pela corda que amarrou em si mesma,foi salva  por alguns centímetros entre o chão e seus pés. Ela não se moveu,parecia até uma boneca de pano pendurada de barriga pra baixo. Desci até lá e me aproximei.

Jack:hey...Juno? Está morta? Quebrou a coluna? - perguntei cutucando suas costelas e então toquei em suas costas,senti a respiração dela - só desmaiou,eu acho. Parece que a ilusão dos morcegos foi demais...hmmm - segurei o queixo dela e levantei seu rosto de forma que pudesse ver bem. Me lembrei que ela não gritou ou se desesperou como alguém normal faria - não, talvez tenha desmaiado por causa da queda? Ah como é burra! Se tinha tanto medo de cair não devia ter subido na corda.

Desatei o nó fazendo a juno cair no chão. Era conveniente que tivesse apagado,facilitaria as coisas pra mim. Fui até os bastidores,demorou um pouco pra achar no meio da bagunça mas encontrei o sedativo. Como só tinha desmaiado por causa do susto, ela provavelmente ia acordar bem rapido, e isso não seria bom.

Apliquei o sedativo no braço da juno,sentei no chão e apoiei a cabeça dela no meu colo.

Jack: doces pesadelos - disse dando um leve beijo na testa dela e fechei os olhos.

Quando os abri,reconheci o lugar.
A mesma casa da ultima vez mas em volta havia apenas escuridão,nada de neve, mas o frio congelante era o mesmo. Tudo estava cinza e o ar parecia pesado como se grudasse nos pulmões e no nariz. Aquela memoria estava fortemente  distorcida no subconsciente da Juno. Na porta da frente tinha um policial parado espiando pelo vidro mas parecia entediado em ter que estar ali.

Quando entrei,no corredor não havia mais nenhuma foto de familia,só os pregos que deviam manter os quadros nas paredes. Na sala haviam 4 pessoas reunidas: juno sentada ao lado da mãe, e um casal no outro sofá

O homem tinha olhos dourados como a juno e cabelos castanho mel bem claros,quase loiros. Sua barba bem aparada dava forma ao rosto, tinha perfil de um empresário ou coisa parecida. Reconheci a mulher sentada ao lado dele,era a mãe do karim,mas ali ela estava com uma  barriga de gravida volumosa, como se tivesse engolido  uma bola.
Juno parecia ter 11 anos, estava maior que da ultima vez.Seu rosto carregava uma expressão melancólica e em seus braços e rosto haviam hematomas.

Holly: Carlos! Como se atreve! - protestou aprestando o ombro da filha,que fez uma careta de dor - primeiro você nos abandona e agora,depois de todo esse tempo ausente, quer levar minha filha?

Edith: do jeito que fala até parece que foi você a vítima. - disse cruzando as pernas e olhou holly de cima abaixo.

Carlos: a assistente social foi clara! Você não tem condição de cuidar da juno,por isso ela vai  morar conosco. Viemos buscar ela, você gostando ou não,vai ter que lidar com isso. Um polícial veio junto conosco, então não piore as coisas pro seu lado.

Holly: Vocês não vão cuidar dela melhor que a propria mãe. Ela precisa de mim - protestou.

Juno alternava o olhar entre a mãe e o pai enquanto discutiam. Eu observava tudo do centro da sala e podia sentir a tensão entre eles,era obvio que holly odiava aqueles dois e o sentimento era  mútuo.

Edith: Com certeza qualquer coisa é melhor que continuar com uma mulher louca como você. - disse num sussuro entre dentes. Acho que a holly não escutou pois não reagiu ao insulto

Carlos: eu sou o pai dela,e Edith vai ser uma boa mãe. Vamos criar a juno muito bem

Holly: essa mulher nunca vai ser a mãe dela! - berrou. Até mesmo eu cheguei a me encolher

Um silêncio tomou a sala por vários minutos. As duas mulheres se encaravam sem nem tentar disfarçar a raiva que sentiam uma pela outra

Edith: não faça uma cena,Holly. Não queremos ter que chamar a policia pra arrancar a menina de você.

Carlos: por favor - pediu com um olhar de suplica - é pelo bem de vocês.

Holly rangeu os dentes furiosa. Quase podia sentir o fogo queimando no olhar que lançou sobre o casal.

Holly: preciso arrumar as coisas dela - bufou. Seus olhos que queimavam de ódio,foram direcionados pra Edith e depois pra Juno.

Carlos: esperamos aqui,não demore.

Sem responder,ela bruscamente agarrou o braço da garotinha e a arrastou pra fora da sala. Enquanto as duas subiam a escada pra ir aos quartos edith cutucou o marido

Edith: tem certeza que tudo bem deixar ela sozinha com a menina? nesse estado?

Carlos: vai ficar tudo bem. Uma hora ou outra a Holly vai ter que aceitar.

( que péssima reunião de familia)

Segui Holly e Juno até o segundo andar.  Elas entraram no quarto da menina,pude dizer isso só de ver as paredes rosas e desenhos rabiscados pendurados perto da cabeceira da cama. Em vez de ir pro armário a mãe arrastou a garota pro banheiro.

Juno: mamãe O que...

Holly: quieta! - ordenou ligando a torneira pra encher a banheira. Estava possessa de raiva - eu não te criei todos anos pro maldito do Carlos vir te arrancar de mim!

Jack: isso com certeza não vai acabar com abraços e beijos - falei comigo mesmo quando vi holly trancar a porta do banheiro.

Doces Pesadelos - Laughing Jack Where stories live. Discover now