Epílogo - Meu lar

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Os pés diminutos caminhavam oscilantes, chutando os pedregulhos soltos pelo chão irregular. A criança ia distraidamente pelo caminho, completamente alheia a todo o clima lúgubre e inóspito que a rodeava.

Não se lembrava de ter ido a um lugar como aquele e tudo lhe parecia um convite para a aventura e exploração, o tipo de coisa que só podia haver em uma mente infantil.

O menino estancou de repente e, girando a cabeça para trás, procurou algo com o olhar...Sabia que logo sua mãe viria atrás dele, então, tinha que arrumar um esconderijo o mais rápido possível! Coisa que não seria difícil dado o lugar onde ele se encontrava no momento.

Afinal, havia uma série de casinhas engraçadas, umas ao lado das outras, algumas tinham algumas fotos penduradas nelas, outras tinham um objeto de formato estranho, tipo dois pauzinhos cruzados...pensou com sua mente infantil, sem saber que o nome daquilo era cruz.

Ele não sabia que estava num cemitério, e apertou os passinhos quando viu a imensa estátua de um ser alado sobre um mausoléu.

Piscou algumas vezes e sentiu uma mistura de medo e curiosidade ao fitar o anjo que, parecendo ignorá-lo, olhava para adiante, bem acima de sua cabeça.

Foi nesse exato instante que algo pulou detrás do mausoléu, fazendo o garotinho cair para trás tamanho o susto.

"AAAAAHHHH!!!"

"Renda-se bucaneiro!"

Pasmo, o menino ficou ali sentado no chão de pedregulhos enquanto uma garota, um pouco mais alta que ele lhe apontava um galho comprido e seco.

"Você é bem maluca, ou o quê??" - ralhou ele, visivelmente aborrecido.

"Eu mandei se render bucaneiro." - repetiu ela.

"Buca...o quê?" - ele quis saber.

Ela bufou, rodando os olhos...ajeitou a longa trança lateral por sobre o ombro direito antes de explicar qualquer coisa.

"Bucaneiro, quer dizer pirata." - disse fazendo uma cara de tédio.

"Eu não sou...pirata!" - retrucou ele já se erguendo do chão, estapeando a bermudinha jeans pra tirar o pó dela - "Quem é você afinal?!" - não que ele quisesse mesmo saber.

Então, ela cruzou os braços numa pose imponente.

"Eu sou o Peter Pan!"

Os olhos azuis do menino se expandiram absurdamente pra ela.

"Pfff..." - ele explodiu em risos - "Não pode ser o Peter Pan...você é uma menina." - concluiu negando com a cabeça, fazendo os cabelos claros se balançarem no processo.

Torcendo o nariz a menina estreitou o olhar cor de mel, e sua boquinha se abriu em choque.

"E o que é que têm isso?"

Dessa vez foi ele quem fez cara de tédio.

"O Peter é um menino, e você é uma menina." - explicou como se fosse óbvio.

"Pois eu posso ser quem eu quiser, tá bom?" - Ela sorriu de lado com desdém - "Vai querer brincar ou não?"

Os cílios claros pestanejaram diversas vezes, e o garoto pareceu considerar a oferta.

"Se eu for o Peter, tudo bem."

"Pffff..." - Ela caiu na risada - "Tá mais pra Wendy com esse cabelinho!" - Ela tripudiou, deixando-o realmente aborrecido.

As sobrancelhas loiras se juntaram absurdamente.

"O que é que tem com o meu cabelo??"

"Nada, é que..." - ela disse entre risos - "Parece de princesinha."

MIKA  (MikaYuu)Onde histórias criam vida. Descubra agora