Capítulo 1

511 27 61
                                    


Ruídos metálicos eram ouvidos no pequeno casebre de madeira ao longe da cidade. Organizar os materiais sempre foi uma parte difícil, teria que manter tudo longe de digitais ou qualquer parte do DNA. Tudo tinha que estar perfeitamente planejado, cada passo, cada facada, cada gota de sangue que cairia.

Tudo estava pronto para começar.

[...]

Toques incessantes do telefone vinham de uma casa formidável na parte mais nobre da cidade. Os passos dos pés descalços de Sofia faziam sons pesados enquanto ela se apressava até o telefone que havia esquecido na cozinha. Apanhou o aparelho com certa impaciência.

— Porra, Sunny, como você é insistente! – ralhou assim que atendeu – Eu estava planejando morrer depois do fora que o Kim me deu, respeite isso.

Morrer? – uma voz parecendo alterada digitalmente soou do outro lado, fazendo Sofia se apoiar sobre a bancada da cozinha.

— Sunny, não é engraçado. – tentou parecer normal, mas, no fundo, aquilo a deixou um pouco assustada – Isso foi ideia do Kim? – deu uma risada nervosa.

Um silêncio desconfortável se apossou na ligação. Sofia só conseguia ouvir a respiração pesada da outra pessoa. Começou a correr pela casa trancando todas as portas sentindo que algo estava muito errado ali, e mesmo que fosse brincadeira, não correria o risco. Correu até a porta da frente e ficou parada, seu plano era sair porta afora caso visse alguém ou segurar a porta para caso tentassem entrar. Todo aquele tempo ouvia apenas a respiração da outra pessoa e nada mais.

Planejava morrer? – a voz voltou a falar e as palavras pareceram penetrar na cabeça de Sofia como uma faca.

A garota engoliu em seco e ficou calada, não tinha ideia e nem forças para dizer alguma coisa a quem estava lhe perturbando daquela forma.

Parece que tivemos a mesma ideia. – uma risada sinistra e extremamente alta soou no telefone, fazendo Sofia o atirar no chão e correr desesperada porta afora.

Os pés descalços dela incomodavam a corrida pela grama áspera, mas isso não a impedia de correr. Começou a sentir as pernas doerem e não conseguia ver nada além de vários borrões na escuridão. Seus batimentos pulsavam em seu ouvido e confundiam qualquer som que viesse até eles, deixando-a desnorteada. Não tinha mais um plano, Sofia apenas corria incessantemente em direção nenhuma apenas guiada pelo traidor desespero.

Cego é aquele guiado pelo desespero.

Após uma corrida em direção ao nada, ela chegou numa rua completamente deserta por conta da hora. Seu corpo trêmulo e cansado não aguentava mais tanta corrida. Sua única solução seria pedir ajuda a alguém. Moveu-se até a única casa que tinha uma luz acesa naquela rua, talvez estivessem acordados e poderiam ajudá-la.

Era uma casa igual as outras, não havia nada de diferente nela, se a luz estivesse apagada seria completamente invisível aos olhos alheios.

Invisível é parte do plano.

Sofia começou a bater incessantemente na porta da casa, gritava por ajuda com toda voz que conseguia reunir e lágrimas começaram a rolar por seu rosto meigo.

— Um momento! – ouviu o dono da casa falando e seu coração se aliviou quando os trincos da porta se abriam.

— Obri...

As últimas palavras de Sofia foram cortadas por uma lâmina que rasgava sua garganta de lado a lado. Os olhos dela saltavam e a última coisa que viu antes de morrer foi uma enorme figura vestida de preto e uma máscara branca como um fantasma.

Scream [xiuchen]Where stories live. Discover now