Capítulo 8

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O clima na delegacia já não era mais como antes. Não haviam mais pessoas correndo nem telefonemas a todo momento, todo aquele barulho frenético tinha desaparecido.

As expressões cansadas dos policias denunciavam que tinham chegado a seu limite e nem mesmo a quantidade absurda de cafeína estava ajudando-os a manter-se conscientes. O local estava cercado de homens fardados jogados nas cadeiras e acumulando olheiras profundas de tantas noites em claro tentando caçar um assassino invisível. Toda a cidade tinha entrado em um estado de pânico constante, raramente se via vizinhos conversando ou até mesmo as pessoas saindo de suas casas.

O grande problema de uma cidade pequena é que as notícias voam e, para um lugar que nunca conheceu brutalidade, tudo era extremamente assustador a ponto de acharem que o assassino dizimaria a todos os habitantes.

Por mais que todos suspeitassem até mesmo de suas sombras, haviam duas pessoas que a população estava sempre cochichando sobre: Byun Baekhyun e Kim Minseok. Um por ter recebido um bolo com um coração humano – achavam que o assassino apenas queria ele e que era sua culpa por isso – e o outro por trabalhar com serial killers. Na mente de algumas pessoas, o detetive Minseok era o assassino de todos os seus casos e fazia isso para ficar famoso. Mas eram apenas pessoas ingênuas que estavam desesperadas. Minseok nem ao menos se importava com a opinião ali, apenas estava concentrado em encontrar aquele maníaco antes que mais alguém morresse.

O cheiro de poeira e papéis velhos inundava a sala de arquivos que tinha sido refúgio do detetive e seu mais novo parceiro. Não havia nenhuma janela ali, somente um ar-condicionado mais velho do que a própria delegacia – pelo que parecia – e fazia um barulho alto que dificultava um pouco a concentração. Minseok se pegava alguns momentos apenas ouvindo aquele som e teve vontade de dar um tiro no mesmo.

Jongdae continuava a remexer numa caixa de forma infindável. Seus olhos escuros estavam atentos a cada pedaço de papel amarelado que passava pela sua mão. Uma garrafa de café descansava ao seu lado junto com a mochila aberta e com cadernos para fora. O detetive e ele estavam sentados no chão com várias caixas entre eles, mas não estavam distantes, já que a sala era bem pequena e mal dava para colocar uma mesa com algumas cadeiras. A iluminação era precária, mas não reclamavam disso.

Minseok havia cansado de revirar aqueles documentos e não encontrar nada. A cidade nunca teve casos sérios de assassinato ou algo grave, eram somente infinitas multas de trânsito, furtos, posse de drogas e jovens bebendo. Parecia mesmo um local perfeito, mas se realmente fosse, então não teria como eles terem motivado um maníaco dessa forma. Não, ele não achava que estavam lidando com alguém que estava querendo apenas se divertir, como a maioria dos assassinos que só matam por prazer, ele via um padrão ali. Precisava descobrir os segredos dessa cidade, mas não faria isso dentro daquela sala empoeirada. Tinha um lugar melhor para pensar, sabia disso, e precisava ir até lá.

— Jongdae, saia na frente e peça ao seu pai para levá-lo até o hotel da cidade. – disse se levantando e começando a guardar os arquivos que tinha deixado no chão.

— Para o que? – questionou se surpreendendo com a atitude dele – Espera... – levantou-se também franzindo a testa – Vamos no seu...

— Pode chamar de covil se preferir. – respondeu o detetive contendo uma vontade de rir quando viu a expressão um pouco chocada do moreno a sua frente.

— Covil... Certo. – respirou fundo e colocou as mãos nos bolsos do moletom sem saber o que dizer, mas logo se lembrou do que o detetive havia pedido e tratou de apanhar sua mochila do chão e enfiar desajeitadamente as coisas dentro.

— Vai. – disse Minseok erguendo as sobrancelhas.

— Certo. Eu vou. – ele pareceu que ia dizer mais alguma coisa, mas logo foi em direção a porta e saiu. Minseok cedeu ao desejo de sorrir por apenas alguns segundos e depois o seguiu.

Scream [xiuchen]Where stories live. Discover now