10. Quimera

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Foi a explosão que os separou. Harry não sabia o que havia acontecido com Draco e, naquele momento, não se importou. Tudo o que importava era que o mundo havia acabado, mas de alguma forma a batalha ainda se desenrolava ao redor deles.

— NÃO! — Ron gritou, debatendo-se nos braços de Hermione enquanto ela o arrastava para trás de uma tapeçaria e para fora do fogo cruzado. — NÃO! SOLTE! Eu quero matar Comensais da Morte!

— Ron, não - não - ESCUTE! — Ele lutou mais. — Rony! NÃO! — Ele se afastou e ela agarrou sua camisa e o empurrou contra a parede com toda a força que pôde. — RON! Escute-me! Ouça! Somos os únicos que podemos acabar com isso! Temos que matar a cobra! Temos que ir! — Ela também estava chorando agora, e segurou Ron com todo o seu peso enquanto as lágrimas traçavam linhas nítidas por seu rosto sujo e coberto de fuligem. — Temos que terminar isso - temos que - ninguém mais sabe o que - fazer Finalmente, Ron parou de resistir e se apoiou nela, e Hermione puxou-o para seus braços, e embora Harry não pudesse ouvir por causa do barulho do lado de fora do pequeno esconderijo, ele viu os ombros de Rony começarem a tremer com os soluços.

Harry sabia como ele se sentia - a raiva, a tristeza, a necessidade de se vingar - ele também sentia isso, e pressionou com força seu ponto de gatilho para se controlar. Hermione estava certa. As Horcruxes importavam muito mais do que vingança. As Horcruxes. Mesmo que – mesmo que – Fred...

Eles não podiam perder de vista o que deveriam estar fazendo. Eles tiveram que continuar avançando. Não havia outra escolha. Não havia outra maneira de fazer isso parar.

— Nós vamos lutar — disse Harry, apoiando uma mão nas costas de Ron enquanto mantinha a outra estendida em direção à tapeçaria que os escondia. — Rony. Lutaremos. Mataremos Comensais da Morte. Apenas... temos que matar aqueles que guardam Nagini primeiro. E então poderemos terminar tudo isso, e ninguém mais... — sua voz falhou. — Vai se machucar.

Ron respirou fundo e estremeceu e levantou a cabeça, e quando olhou para Harry, sua expressão era proposital, embora um pouco atordoada. — Certo — disse ele, passando uma mão trêmula no rosto. — Certo, Harry. Claro. A cobra. Para onde... para onde?

Harry olhou para Hermione, e ela encontrou seus olhos.

— Vá em frente — disse ela, trêmula. — Vá em frente, Harry. Você tem que... Olhar para dentro Dele. Se você puder.

Harry poderia. Ele não sabia por que era tão fácil - se era seu próprio medo e adrenalina tornando sua mente flexível, ou se era Voldemort estando tão perto, ou alguma outra coisa - mas fosse lá o que fosse, foi quase instantâneo. Ele apenas fechou os olhos, apoiou-se com uma das mãos na parede e abriu a mente. Imediatamente, sua pequena alcova escura foi substituída por papel de parede descascado e janelas fechadas com tábuas, e iluminada por explosões inconsistentes de luz distante, mas mortal. E lá estava o pai de Draco, encolhido em um canto, assegurando ao Lorde das Trevas que seu filho não havia mudado de lado – não tinha feito amizade com Harry Potter – não, nunca – nunca, meu Senhor. Não Draco. Nunca.

Ele abriu os olhos. Isso foi o suficiente.

— Ele está na Casa dos Gritos — disse ele.

— O que? — Hermione perguntou, horrorizada. — Ele nem está...

— POTTER! — Dois Comensais da Morte mascarados surgiram através da tapeçaria e Harry se virou para eles, erguendo as mãos.

— FODAM-SE! — ele gritou, e os dois congelaram no meio do caminho, viraram-se e caíram de cara na parede de pedra oposta a eles. Com um barulho nauseante, eles caíram no chão, inconscientes.

Pacify | SnarryWhere stories live. Discover now