- Cinco; Espinhos -

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O rapaz se surpreendeu. O que ela estava fazendo ali, quando tinha deixado bem claro que não voltaria a dançar. O que ela queria?

- Oi. - a jovem respondeu tímida.

Adrien mordeu o lábio inferior nitidamente nervoso.

- O que você veio fazer aqui? - perguntou em um tom baixo. Precisava saber. - Pelo que eu me lembro você foi bem clara sobre nunca mais voltar pra cá. - desviou o olhar.

Ela tinha todo o direito de não querer voltar e não entendeu o que ela pretendia.

- Eu sei. - ela baixou a cabeça encarando os próprios pés.

- Então, por que? - intrigado, ele se aproximou ficando apenas centímetros de distância dela.

Precisava olhar diretamente nos olhos dela. Ele sabia, não importava o que ela lhe dissesse, seus olhos lhe entregariam uma verdade que ela não poderia por em palavras.

- Porque eu quero voltar. - a Dupain-Cheng sentiu a respiração ofegante dele sobre ela, assim como costumava sentir quando eram parceiros. Um arrepio percorreu o corpo. - Eu quero tentar de novo. - suspirou encarando os olhos verdes do rapaz. - Eu sei o que eu disse sobre não pisar mais aqui, mas acho que posso tentar.

Adrien reparou que ela não estava de muletas como a última vez que a viu. Talvez, algo tivesse mudado naquele decorrer de tempo.

- Então, você mudou de ideia? - com as mãos na cintura, ele desviou o olhar por meros segundos.

Ela balançou a cabeça em afirmação.

- Eu quero ajudar, porque esse lugar foi minha casa por tanto tempo. Mesmo depois de tudo, eu não posso e não consigo ver isso fechar se eu puder fazer algo. - os olhos azuis tremeram.

E algo naquele olhar fez Adrien vacilar a postura. Ele enxergou ali uma faísca de algo que ele já não lembrava mais a última vez que viu;

A Marinette que ele conhecia.

A Dupain-Cheng queria voltar e o que ele poderia fazer? Dizer não depois de tudo? Ou porque estava ressentido? Não, ele não poderia. Se ela queria voltar ele não a impediria. Sabia que precisavam dela.

A franco-chinesa reparou em como o Agreste parecia perdido em pensamentos, como se estivesse enfrentando uma batalha interna sobre o que fazer em relação aquilo.

- Adrien. - ela o chamou. Os olhos verdes viraram instantâneamente para ela. - Eu preciso da sua ajuda.

- Que? - lhe olhou em dúvida.

- Pra voltar, Adrien. Eu não consigo dançar de novo sem ajuda. Eu não tenho mais prática e depois do acidente, eu não sei o que posso esperar. - esfregou as mãos na frente do corpo.

- Você sabe que tem professores por aqui, não sabe?! Fisioterapeutas, recuperadores físicos? Eles podem te ajudar com isso. Eu não sou especialista.

- Mas você é o meu parceiro. - se sentiu tão pequena no meio daquela situação. Sabia que não tinha moral para dizer aquilo.

- Eu era o seu parceiro, no passado e em qualquer sentido que essa palavra tenha. Eu só pedi para você voltar, nunca disse que voltaria a dançar com você. Minha pareceira agora é a Chloé. - o tom de voz tranquilo não se alterou, mesmo que por dentro ele estivesse fervilhando.

- Eu sei, mas não é o físico que eu preciso recuperar. - sussurrou tão baixo para que Adrien não ouvisse, mas ele ouviu.

- O que você quer recuperar, Marinette? - ele a encarou sério.

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