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T o m    R i d d l e

Draco se viu parado no fim de uma câmara muito comprida e mal iluminada. Altas colunas de pedra entrelaçadas com cobras em relevo sustentavam um teto que se perdia na escuridão, projetando longas sombras negras na luz estranha e esverdeada que iluminava o lugar.

Com o coração batendo muito depressa, Draco ficou escutando o silêncio hostil. Será que o basilisco estaria à espreita num canto sombrio, atrás de uma coluna? E onde estaria Pansy? Ele puxou a varinha e, com Harry o seguindo, avançou por entre as colunas serpentinas. Cada passo cauteloso ecoava alto nas paredes sombreadas. Manteve os olhos semicerrados, pronto para fechá-los depressa ao menor sinal de movimento.

As órbitas ocas das cobras de pedra pareciam segui-lo. Mais de uma vez, com um aperto no estômago, ele pensou ter surpreendido uma delas se mexendo. Então, quando emparelhou com o último par de colunas, uma estátua alta como a própria Câmara apareceu contra a parede do fundo. Draco teve que esticar o pescoço para ver o rosto gigantesco lá no alto.

Era antigo e simiesco, com uma barba longa e rala que caía quase até a barra das vestes esvoaçantes de um bruxo de pedra, onde havia dois pés cinzentos enormes apoiados no chão liso da Câmara. E entre os pés, de bruços, jazia um pequeno vulto de cabelos pretos vestido de negro.

"Pansy!" Murmurou Harry. Ele e Draco correram para ela e se ajoelharam ao seu lado. "Pansy... não esteja morta... por favor não esteja morta..."

"Não largue a varinha, Harry." Murmurou Draco quando o menino fez o movimento para fazer justamente isso.

Draco segurou Pansy pelos ombros - varinha presa entre seus dedos - e virou-a com a ajuda de Harry. Seu rosto estava branco e frio como o mármore, mas tinha os olhos fechados, portanto não estava petrificada. Então devia estar...

"Pans por favor acorde", murmurou Draco, sacudindo-a. A cabeça de Pansy balançou desamparada de um lado para outro.

"Ela não vai acordar." Disse uma voz indulgente. Draco se sobressaltou e se virou ainda de joelhos. Um garoto alto, de cabelos negros, o observava encostado à coluna mais próxima. Tinha os contornos estranhamente borrados, como se Draco o estivesse vendo através de uma janela embaçada.

"Tom... Tom Riddle?" Murmurou Harry, arregalando os olhos. Riddle confirmou com a cabeça, sem tirar os olhos do rosto de Draco. "Que é que você quer dizer com "ela não vai acordar"? Ela não está... não está...?"

"Ainda está viva." Disse Riddle. "Mas por um fio."

"Você é um fantasma?" Perguntou Harry incerto.

"Uma lembrança." Disse Riddle com suavidade. Draco estreitou os olhos para o homem. "Conservada em um diário durante cinquenta anos." E apontou para o chão perto dos enormes pés da estátua.

Caído ali encontrava-se o pequeno diário preto que Draco encontrara no banheiro das masmorras. Por um segundo, ele se perguntou como aquilo chegara ali – mas havia assuntos mais urgentes a tratar. Draco olhou de Pansy para Riddle, sua mente correndo. Vendo a miragem do homem na sua frente, não foi tão difícil juntar os pontos.

"Você é o herdeiro." Murmurou Draco, ganhando um olhar surpreso de Harry e um leve sorrisinho de Riddle. "Faz sentido. Seu diário é de cinquenta anos atrás, quando a Câmara foi aberta, você culpou Hagrid e o diário apareceu bem quando a Câmara é aberta novamente."

"Inteligente." Disse Riddle, assentindo. "Esperei muito tempo por isto, Draco Malfoy. Por uma chance de vê-lo. De lhe falar."

"O que você fez com Pansy?" Perguntou Harry com a voz lenta.

O Papel das Sombras - O menino que sobreviveu 2Onde histórias criam vida. Descubra agora