Capítulo 4 - Primeiro Assassinato?

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   Uma ocorrência...

   Em menos de vinte e quatro horas em que sai daquele hospital psiquiátrico, a polícia recebeu uma ligação de um crime cometido em um beco com testemunhas. Era uma situação curiosa.

   Caminhava para a área restrita um pouco mais afastado do Jeon, encarando cada parte da calçada, cada tijolo encardido daquele beco. Os peritos terminavam de prender as fitas amarelas em volta do local e passamos por baixo, um deles se aproximou e entregou uma pasta para Jungkook que rapidamente folheou as páginas e se colocou em frente ao corpo, acabei por me aproximar e ficar ao seu lado.

   O corpo se tratava de uma mulher de no máximo 30 anos, altura mediana, cabelos castanhos e cacheados até a altura dos ombros, usava as peças de roupa combinando, então acreditava ser uma socialite, empresária ou até mesmo esposa de algum contador. Mulheres desse meio costumam usar roupas parecidas e nem perceberam que criaram seu próprio padrão para diferenciá-las da maioria. Desci meu olhar e foquei no sapato, era um Louboutin. Com toda certeza ganhava bem.

- Ela tinha alguma bolsa ou mochila? – questionei ainda encarando a mulher caída, não importava o tamanho ou marca, dificilmente saíam de casa sem uma.

- Sim, mas não sei se devo entregar a você.... – um dos peritos respondeu e olhou na direção de Jungkook.

- Ele.... está me ajudando no caso, pode entregar.

- Quanta cerimônia, até parece que faria uma bolsa de arma..... – revirei os olhos e peguei o acessório, alças curtas e couro preto, não era de marca e bastante discreta, apenas para por documentos, um maço de cigarros com um isqueiro, mais um pacote unitário de camisinha – retiro alguns pensamentos....

   Bolsa de couro, roupas combinando e que trazem um ar de riqueza, sapato chamativo e de marca cara..... cabelo bem cuidado, maquiagem um pouco forte, o corpo não parece ter marcas de agressão e nem mesmo muito tempo exposto.

- O celular dela não tem muitas informações, os números estão listados como Sr. John, Sr. Philip.... muitos senhores – o detetive resmungou – essa advogada só atende gente do alto escalão.

- Advogada? – devolvi a bolsa para o primeiro perito que passou ao meu lado e cruzei os braços – ela era acompanhante de luxo!

- Como pode dizer isso? Não tem nada na bolsa dela, eu tenho os dados na minha mão e não confere nada disso!

- Mas eu sou observador! – sorri de lado e apontei para o corpo – advogados zelam pela primeira impressão que passam tanto para os clientes, quanto para o juiz, é uma maquiagem forte de mais para esse trabalho, e esse conjunto é ousado e colorido em excesso para um horário diurno, não existe nenhuma pasta além dessa bolsa, fora que nela só tem documentos, cigarros e camisinha. E ela usa um sapato de uma marca bastante cara. Mulheres não vão usar um sapato que custou milhares de dólares para gastar a sola dele indo para o trabalho. A não ser que fosse um trabalho noturno e um desses senhores da lista telefônica desse dinheiro o suficiente para ela comprar mais de um desses pares.

- Eu não sei se o elogio por ter uma mente perturbada ou me preocupo pelo mesmo motivo.

- Deveria dizer pelo menos um obrigado.

   Jeon sacudiu a cabeça negativamente e apontou para a região da barriga da mulher.

- Percebeu isso? É o mesmo padrão que encontramos no caso que o Jimin deixou.... barriga perfurada, útero retirado e as flores dessa vez ela está segurando.

- Sim... tem algo no buquê! – disse de forma séria e me inclinei, tirando as flores da mulher e pegando um pequeno envelope preso ao caule, o abri e tirei um pequeno papel de dentro que continha apenas uma letra "A".

   Virei a pequena nota e em seu verso tinha uma frase "uma dadiva do criador pode muito bem ser tirada por um humano". Olhei para os lados e dobrei o papel, guardando no bolso – eles não tinham inteligência o suficiente para isso.

- Só um papel com a letra A – resmunguei e olhei para os lados – aquela mulher do outro lado da rua, é a testemunha?

- Sim.

- Seus colegas de trabalho não sabem interrogar... consigo ver daqui a mulher bastante assustada e com vontade de sair correndo.

- E você consegue? – me desafiou e ri não acreditando em sua ousadia.

- Me de seu distintivo! – ergui uma das mãos.

- Acha mesmo que eu daria?

- Quer encontrar o meu irmão ou não? – revidei.

   Jeon bufou, mas estendeu seu distintivo e o segurei dando um sorriso. Passei por baixo das fitas e atravessei a rua, caminhando pela calçada e me aproximando da mulher, pelos poucos minutos mantendo contato, notei a semelhança de roupas e acessórios, olhei em direção ao sapato, mas se tratava de uma marca inferior.

- Com licença senhorita, sou o detetive Kim e estou aqui para lhe ajudar! – mostrei por um curto segundo o distintivo, apenas para ela enxerga-lo e guardei em meu outro bolso – meus pêsames por sua amiga.

- Como sabe? – ela estava desconfiada, mas parecia ter interesse.

- Pelas roupas... acredito que são colegas de trabalho – fiz a observação – queremos encontrar quem fez aquilo, só preciso que me informe o que aconteceu.

- Por favor.... foi horrível! – a mulher se engasgou no próprio soluço – nós duas.... estávamos caminhando e do nada uma mulher saiu do beco e a puxou pro escuro. Fiquei horrorizada com os gritos e sai correndo gritando por ajuda, eu ainda não entendo..... por que não fui morta também?

- Você sabe me dizer se a sua amiga mexia com algo errado, fez algo nesses últimos dias considerado suspeito? Isso pode explicar o motivo de não pegarem você! – acariciei suas costas tentando passar conforto – conseguiria descrever a mulher?

- Não que eu saiba... ela sempre fazia as coisas de forma secreta, não nos deixava ajudar, sempre resolvia seus problemas sozinha – sobre descrever a assassina, ela sacudiu a cabeça negativamente – ela não mostrou seu rosto, mas parecia ter em torno de 1,80cm, roupas escuras e o pedaço de cabelo que consegui ver, parecia um castanho escuro, ondulado que ia até os peitos, era o pouco que essa luz do poste dava para enxergar....

- Compreendo.... senhorita, muito obrigado por cooperar conosco. Encontraremos quem fez isso com sua amiga, se possível, deixe um número de contato para informarmos caso encontremos a mulher para você fazer um reconhecimento.

- Ah... claro, irei deixar! – ela sacudiu a cabeça rapidamente – o senhor poderia deixar seu numero? Caso eu descubra alguma coisa, entro em contato na hora.

- Uma moça com sede de justiça.... – dei um sorriso e assenti, a observando mexer em sua bolsa e tirando o celular para anotar meu número, que logo a informei – qualquer coisa me ligue, estou disponível durante às 24 horas.

- Obrigada senhor detetive.

   Acenei para a mesma e voltei a atravessar a rua, sendo parado por Jungkook que sacudia a cabeça desacreditado.

- Pelo visto o seu poder de manipulação é eterno e não acabou mesmo preso.

- Fique sabendo que aquele é o melhor lugar para se trabalhar isso e aperfeiçoar. E eu não diria manipular, é grosseiro. Diria persuadir.... uma coisa tranquila, só disse o que ela precisava ouvir e consegui uma informante para você, deveria me agradecer.

- Eu não vou, tente o quanto quiser.

The Killer: Revenge;; Jjk + PjmWhere stories live. Discover now