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Ret

Respiro fundo sentindo meu coração acelerar depois do que acabou de acontecer.

Olhar diretamente em seus olhos com a proximidade que a gente estava era o que eu mais queria.

Aqueles olhos pretinhos como uma jabuticaba me fascina de um jeito fodido.

Anna: eu acho que.. - ela quebra o silêncio. - está ficando tarde.

Tiro minha atenção dela e pego meu celular olhando o horário.

Ret: cinco horas ainda.

Anna: estou aqui desde de manhã.

Ret: tá cedo pô. - passo a mão no meu pescoço. - mas se tu quiser ir eu te levo.

Anna: eu trabalho amanhã. - ela suspira. - aí fica foda de ficar mais um pouco. - concordo.

Ret: então bora. - arrasto a cadeira me levantando e ela faz o mesmo.

Ajeito minha camisa tirando meu cordão por de baixo dela ajeitando o mesmo.

Olho pra ela que me olhava calado e sorrio pra mesma que rir desviando o olhar.

Ando alguns passos até minha moto e subo nela, estendendo a mão pra Anna, ajudando a mesma a subir.

Olho pro retrovisor vendo ela jogar seus cabelos pra trás e sinto seus braços na minha cintura.

Passo a língua nos lábios e ligo a moto saindo dali.

O que aconteceu na sorveteria me deixou meio receoso em relação a nós dois.

Estou com medo de avançar demais e ela não querer o mesmo que eu.

E outra insegurança fodida que eu tenho é dela achar que eu só tô tentando algo por ter vivido uma ilusão com a mesma.

É foda! Mas eu tenho total certeza que eu quero ela ta ligado? Meu corpo fala isso, meu coração acelerado sempre que eu estou com ela diz isso, os arrepios que eu tenho sempre que eu a toco, a puta vontade que eu tenho de estar com ela, ou ouvir a sua voz, ou trocar uma mensagem, me faz ter a certeza que eu quero ela.

Mas o negócio é.. Ela quer me ter também? Isso tudo que eu sinto é recíproco.

Ela me conheceu de verdade tem pouco tempo e eu apareci na vida dela de uma maneira doida pra caralho.

Eta como se um furacão tivesse invadido uma vilazinha pequena, e que todos os moradores estivesse totalmente confusos e tentando entender de onde ele veio.

Paro em frente a minha casa e vejo ela me olhar confusa.

Ret: tenho que pegar minha carteira. - ajudo ela descer da moto e desço logo dps. - não ando com ela aqui dentro, só lá na pista.

Anna: entendi.. eu espero aqui então. - nego com a cabeça pegando a chave no bolso da bermuda.

Ret: nada pô. - abro o portão. - vc ainda não conhece tudo aqui e não é bom ficar aqui sozinha.

Anna: é perigoso?

Ret: perigo tem em todo lugar, só que na maioria das vezes as pessoas que fazem o lugar ser perigoso e não é todo mundo aqui que quer seu bem.

Ela me olha calada mas concorda passando por mim. Fecho o portãozinho e aponto com a cabeça pra ela subir as escadas.

Anna: quem mora no andar de baixo? - ela pergunta subindo as escadas na minha frente.

Ret: minha mãe. - começo a subir atrás dela e desço meu olhar pra sua bunda empinadinha pelo shorts jeans.

Passo a língua nos lábios tentando desviar o olhar mas é foda.

Anna: tenho a leve sensação que vc está olhando pra minha bunda. - ela termina de subir as escadas e se vira pra mim quando eu dou risada.

Ret: pq eu faria uma coisa dessas? - pergunto parando na sua frente no último degrau da escada.

Anna: pq vc tem uma carinha que não vale nada e alguma coisa me diz que não é só a carinha. - sorrio olhando pra ela. - acertei?

Ele inclina sua cabeça um pouco para o lado e eu olho seus olhos descendo meu olhar pra sua boca.

Respiro fundo sentindo uma necessidade fodida dela.

Subo o último degrau fazendo nossos corpos literalmente se colar e qualquer passo falso eu caio daqui de cima por estar literalmente na beirada da escada.

Mas eu nem ligo por estar focado na pessoa a minha frente e nas nossas respirações se misturando.

O tempo parece que para quando eu faço essa pergunta sem perceber e ela desce o olhar pra minha boca.

Ret: quer descobrir?

...

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