15- Ataque de pânico

3.6K 363 50
                                    

Jade Moskowitz P.O.V

-Eu estou bem- ouço Robby dizer para o árbitro- Jade- ele me chama

-Com essa desclassificação, Keene vai direto para final- é a última coisa que eu escuto antes de sair do ginásio

Me sento no vestiário feminino que estava vazio, e sinto as lágrimas que eu sei percebi que estava segurando, escorrerem pela minha bochecha. Respiro fundo, tentando me concentrar apenas na minha respiração.

Eu o machuquei

Eu não tinha a menor intenção de machuca-lo, mas ele desviou do golpe e isso deixou a situação pior. Seguro o grito na minha garganta enquanto abraço as minhas pernas. Eu decepcionei minha equipe, meu sensei.

Eu o machuquei

Vou até a pia para lavar meu rosto, mas ao ver o tom avermelhado forte na minha bochecha, sinto cada célula do meu corpo se agitar por causa do meu nervosismo, minha respiração se torna frenética, eu caio de joelhos, meus dedos arranham o piso tentando encontrar algum conforto.

Eu o machuquei

-Jade?- ouço me chamarem mas não tenho forças para erguer o pescoço para ver quem é


Robby Keene P.O.V

Assim que sento no vestiário masculino, tiro a parte de cima do meu quimono, meu braço dói ao tentar me mexê-lo, mas nenhuma dor se compara com o que eu senti quando vi a culpa em seus olhos, eu fiz o movimento errado no momento de desviar do seu golpe. Ver ela em choque, preocupada, assustada, isso doeu no meu coração.

Respiro fundo, e tento vestir o quimono mais uma vez, mas a dor latejante em meu ombro me impede. Antes de decidir ir no ginásio e declarar desistência, dando a vitória para o meu pai, eu ouço passos, me viro rapidamente pensando ser ela, mas me decepciono ao ver o Sr. LaRusso.

-Vejo que se lembrou de se concentrar- ele diz

-Você me deixou naquela árvore por horas- digo ajeitando o quimono, mesmo com a dor

-Olha Robby, eu e seu pai temos nossos problemas, mas você e ele?- ele pergunta- Isso é outra história

-Desculpa por ter mentido, sr. LaRusso- peço- Eu só queria me vingar dele

-Eu sei, mas assim, nunca vai encontrar o seu equilíbrio- ele se senta na minha frente- Não pode deixar esse sangue ruim mudar quem você é. Não estou dizendo que você tem que gostar dele, eu nunca vou gostar, mas ele é seu pai. E você tem sorte de ter um, você só precisa lembrar que ele não é um monstro, ele é só um cara com muitos problemas.

-Eu já estraguei tudo- digo

-O Sr. Miyagi sempre me disse que não existe aluno ruim, só professor ruim, e o seu pai teve o pior professor que já existiu- ele diz- Colocou ele no caminho errado, mas você não tem que seguir esse caminho, não precisa ser igual a ele, confia em mim, esquece toda essa raiva, e eu garanto que aconteça o que acontecer hoje, você vai para casa feliz

-É, eu acho que não- respiro fundo- Meu ombro está me matando, eu acho que não consigo lutar, e isso nem é o que mais dói

-Bom, vamos ver- ele se levanta- Posso ajudar você com a dor física, mas a emocional, você vai precisar resolver sozinho.- Ele bate as duas mãos e começa a esfregar me deixando confuso- Médico- ele grita

Assim que a médica me atende, e resolve o pequeno deslocamento do meu ombro. Eu saio do vestiário, e começo a procurar por ela. Ouço um choro vindo do vestiário feminino e não me importo em entrar. Então eu a vejo, de joelho no chão, enquanto chora, suas bochechas estão em um tom vermelho tão forte seu cabelo que antes estava com tranças, está todo bagunçado. Dói tanto vê-la assim, dói mais que o ombro.

-Jade?- a chamo e ela continua encarando o chão- Olhe para mim, por favor- me ajoelho na sua frente e coloco a minha mão, do braço bom, em sua bochecha

-Eu machuquei você- ela diz chorando ainda mais

-Não, ei, eu estou bem, não foi culpa sua, você não queria- digo começando a mexer meu dedão, tentando limpar suas lágrimas- Eu fiz o movimento errado, eu fiz isso comigo

-Eu machuquei você- ela continua dizendo

-Jade, bebê, por favor- tento implorar para ela parar de chorar- Se concentre na minha voz, está bem?- digo ao perceber sua respiração frenética

-Eu machuquei você- ela repete

Faço a única coisa que vem na minha cabeça, eu a beijo, passo o dedão levemente por sua bochecha, é tão bom sentir seus lábios nos meus de novo, nada nunca pareceu tão certo. A falta de ar me obriga a afastar minha boca da sua, contra minha vontade, que seria passar horas a beijando

-Por que fez isso?- ela murmura já mais calma

-Precisava fazer você controlar sua respiração- digo tirando uma mecha do seu cabelo do seu rosto- Estava tendo um ataque de pânico

-Eu sei- ela diz em um tom de voz baixo- Me desculpa

-Já disse que você não teve culpa- digo beijando sua testa- Garanto que eu estou bem, bem o bastante para lutar

-Você ainda vai lutar?- ela pergunta e eu assinto

-Tenho muitas coisas envolvidas com essa luta- digo- Podemos conversar, seriamente, quando tudo isso acabar, por favor?- peço

-Tem certeza que está bem?- ela pergunta e eu dou um sorriso de lado

-Vai me dar um beijo de boa sorte se eu falar que não?- pergunto e ela sorri

-Boa sorte- ela diz beijando minha bochecha

-Vou me contentar com isso- digo me levantando e estendendo a mão para ela- Lave seu rosto, odeio ver esse assim

-Vermelho?- ela pergunta

-Triste- digo- Quero ver você me assistindo nessa final

-Você vai lutar contra o meu dojô- ela diz

-Nunca contra você- garanto a ela

Maratona 9/10

No MercyWhere stories live. Discover now