No Mercy

25- Festival

Jade Moskowitz P.O.V

-O que você está fazendo agora?- Miguel pergunta assim que eu atendo a sua ligação

-Estou vendo filme- digo ainda sem entender o motivo da sua pergunta

-Eu estou aqui na frente, sai aí- ele pede e eu faço

Vejo o carro do sensei e os dois dentro que balançam as mãos me chamando

-Sensei- cumprimento- O que fazem aqui?

-Preciso falar com vocês dois, entra aí princesa- sensei diz 

Depois de entrar no carro, o sensei começa a dirigir e só estaciona na frente de um lanchonete no centro da cidade. 

-O que estamos fazendo aqui?- pergunto sussurrando ao Miguel

-Ele apenas disse que queria conversar conosco- ele diz e eu assinto apenas esperando o motivo da conversa

-Estão vendo aquele prédio ali?- o sensei aponta para um hospital do outro lado da rua depois que fazemos os pedidos

-O hospital?- Miguel pergunta

-Foi ali que o Robby nasceu, no dia 4 de fevereiro de 2002, era uma segunda feira- sensei diz e eu faço uma anotação mental sobre a data de aniversário do Robby, com isso lembro que falta duas semanas para o meu aniversário e que Moon está organizando alguma coisa- A mãe dele ficou em trabalho de parto por 17 horas

-Deve ter sido uma loucura- Miguel diz estático 

-É, deve ter sido- nosso sensei diz- Eu não estava lá, minha mãe tinha acabado de morrer e eu estava mal, eu não conheci meu pai, eu só tinha ela- ele assume com os olhos marejados- Aí eu descobrir que ia ser pai e eu fiquei apavorado, então ao invés de estar lá dando as boas vindas para o meu filho, eu estava aqui curando uma ressaca de três dias, tentando criar coragem para atravessar a rua, e eu nunca cheguei lá

-Sensei, eu conheci meu pai e tive ele por alguns anos, até que ele decidiu abandonar a família- digo fazendo ele e Miguel me olharem surpresos- Você tenta se aproximar de Robby mas sempre o medo o impedir disso, seu filho pode não admitir, mas ele sente sua falta.

-Eu falhei com meu filho no primeiro dia dele nesse mundo, e continuo falhando com ele até hoje- ele diz

-Sensei, isso é pessoal, o senhor não precisa nos contar- Miguel diz e eu balanço a cabeça concordando 

-Não, eu já devia ter contado a vocês- sensei diz- É uma das piores coisas da minha vida, mas uma das melhores, foi ensinar vocês, e quero que saibam que não importa o que acontecer, eu prometo que vou estar sempre ao lado de vocês

-Obrigado por isso, sensei- digo e ele dá um sorriso de lado 

-Vocês são meus melhores alunos, seu irmão também- ele diz para mim que assinto rindo- Mas vocês dois, não estou dizendo isso apenas por terem ganhado o torneio ou ser primeira garota a chegar na final em quinze anos, mas porque vocês são os mais motivados, são aqueles que sempre estão atrás de melhorar

-Desculpa- Miguel pede assim que o celular dele toca- É a Aisha- ele vira a mensagem para mim

-Ela ficou sabendo que o Miyagi-Do vai fazer uma apresentação no festival- digo lendo a mensagem 

-Ah vai mesmo?- sensei diz com aquela cara que meu irmão faz quando vai aprontar algo. 

Quando chegamos no festival, vemos todos da cidades aproveitando as atrações, de longe eu posso ver Robby e Samantha ensaiando algo antes de entrar no palco, respiro fundo e uso toda a minha sanidade para continuar seguindo o meu sensei e Miguel que carregavam algumas coisas enquanto eu segurava as bolsas com nossos quimonos. Depois de tudo pronto, vejo a mensagem de Moon no meu celular avisando que ela já estava aqui com Demitri

-Vamos logo- Sensei diz encarando o filho que se apresentava com o Miyagi-Do- Estão pronto?- ele pergunta observando os outros devidamente vestidos com seus respectivos quimonos pretos com amarelo 

-Sim, sensei- falamos juntos

-Ótimo, vamos lá- ele diz 

-Cobra Kai- Falcão começa e o seguimos com o grito de guerra durante a pequena marcha até o palco principal  dizendo o nome do dojô como um mantra igual quando entramos no torneio.    

Ao terminar a apresentação organizada encima da hora, toda a plateia comemorava gritando o nome do Cobra Kai, vejo de longe o olhar de decepcionado de Robby. 

-Robby- corro o chamando assim que desço do palco

-O que você quer, Jade?- ele pergunta de forma rude fazendo eu me assustar com seu tom

-Achei que não iriamos deixar essa rivalidade dos dojôs ficar entre nós- digo tentando me aproximar mas ele tira sua mão da minha quando eu o toco 

-Eu me sinto humilhado, Jade- ele diz e eu engulo seco- Eu e Samantha treinamos por dias e o seu dojô conseguiu estragar tudo em menos de cinco minutos

-Podemos conversar, por favor- peço, queria muito contar para ele sobre minha conversa com seu pai e tentar me desculpar por hoje

-Conversamos depois- ele diz e vai até Sam que o esperava- Sua equipe de Cobras está te esperando

Maratona 5/8