Capítulo 2

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— Princesa, espere! — Gaven clamou.

Mas ignorando ao pedido do homem, Daisy desceu de seu cavalo branco às pressas, permitindo que o capuz ensanguentado caísse no chão, finalmente mostrando seu rosto abatido, mas angelical demais para o simples armamento que ela era.

Sentindo os pés firmes na grama sublimemente aparada do castelo, cada passo largo que dava em direção a entrada real, soava como um dia a menos em sua vida crápula.

Não podia acreditar que estava realmente de volta.

— S-senhorita? — uma criada proferiu, curvando-se respeitosamente assim que a viu invadir o salão principal. Os olhos castanhos assustados, observando Daisy com certo receio. Eles se arregalaram ao perceberem a vermelhidão em seu braço. O sangue escorrendo.

— Pois não? — Daisy a encarou.

— Seu pai... — começou a mencionar, com receio. Não conseguia olhá-la nos olhos. — Quero dizer, sinto muito, o rei Markones, ele pediu que eu aguardasse a senhora aqui.

Ignorando o sorriso que quase surgiu, a princesa não parou de caminhar, quando expressou, passando por ela, cansada demais, só não para contestar:

— E por que diabos ele faria isso?

— Ele pediu que eu avisasse, quando a senhorita retornasse de sua viagem, que passasse na sala dele. É de extrema importância.

Ela era nova, não somente na idade, quanto dentro do palácio. A garota nunca tinha a tinha visto pelos corredores antes, mas aquela jovenzinha amedrontada soube reconhecer a filha bastarda do rei no mesmo segundo.

— Obrigada pelo aviso, apesar dele não ser necessário. Eu já estava indo lá de qualquer jeito.

Conseguia perceber os atributos de movimento diferentes entre os corredores. A decoração remexida de semanas atrás, quando saiu de viagem para mais uma missão.

Ravena, sua vigorosa madrasta, sempre fazia questão de alterar este local quantas vezes conseguisse. Do menor e insignificante detalhe, a maior e mais exagerada diferença. Menos o seu quarto. E talvez fosse uma forma idiota de fazer Daisy perceber que aquele nunca seria, realmente, seu lar. As pequenas particularidades, escondidas entre espaços, que deveriam soar conhecidos. Todos aqueles tons de frieza propositais, apenas para ela.

Ela subiu as escadas como um tornado, ignorando os cochichos dos empregados que encontrava pelo caminho e os novos quadros de família – sem ela, lógico –, na parede. Passos conhecidos atrás de si voltavam a acompanhá-la sem dizer uma palavra. Era Gaven.

Durante a volta para o castelo, depois do ataque, ambos ficaram em silêncio. A revolta dela por ter fugido covardemente e o senso de justiça dele em confronto.

Era óbvio que ele iria querer conversar com ela sobre isso agora que estavam longe do problema. Dizer que tinha feito a escolha certa era fácil, mas se ele realmente dizia querer ajudar o povo, por que então não o fez?

Tochas estão acesas ao redor de uma porta de madeira. Dois guardas conhecidos se encontram em pé, atentos, suas espadas em abraçadas por mãos fortes. A sala principal do rei nunca está sozinha.

Suspirando, escutou os passos atrás de si cessarem. Gaven sabe que não pode passar dali sem autorização. E mantendo o corpo ereto e postura impassível, suprimindo todo o nervosismo por estar prestes a ver seu pai após semanas, a princesa bastarda se aproxima, preparando todo seu discurso mental. As atualizações da missão, todas as notícias positivas, os resultados. Mas também, não pode deixar de falar dos acontecimentos de hoje, os quais a deixaram extremamente revoltada. E as formas de mudar e melhorar a proteção do vilarejo, para que próximos ataques não ocorressem.

The Stolen KissWhere stories live. Discover now