Capítulo 3 - Ei, ele não merece

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29 de Março, corrida no Circuito Internacional de Sepang, Malásia

Lá estava Kelly Piquet mais uma vez a fazer furor dentro daquele Paddock, por onde quer que passasse todos os presentes paravam o que estavam a fazer e olhavam para a jovem a passar por eles, com os seus saltos altos sem nunca perder a sua postura durante um segundo que fosse. Todos aqueles que algum dia tentaram pisar Kelly, que sempre lhe tinham dito que tudo o que ela tinha era devido ao sobrenome que carregava. A jovem sempre fez questão de provar que tudo o que conquistava era por ela mesma.

Max por outro lado estava na esplanada montada pela equipa no recinto da corrida, a pensar na pessima qualificação que tinha feito e que como já era normal tinha resultado num ataque de raiva por parte de Jos, que mais uma vez tinha gritado com Max em frente a todos os que estavam, deixando o jovem sozinho novamente, que de maneira alguma pensava em voltar para o hotel tão cedo e ter que voltar a encarar o pai. Verstappen sabia que podia fazer melhor e que tinha que fazer melhor, o pai tinha razão, ele não estava a dar o melhor dele. Mas ele não sabia o que podia fazer para melhorar o que quer que fosse. Nesse dia Max foi o último a sair do paddock ou pelo menos pensava que era, mas surpreendeu-se quando a saida se deparou com Kelly de telemóvel na mão.

- Que merda de país é que não tem um uber, deus me ajude.

Verstappen riu-se do que Kelly para ali estava a dizer, era meio obvio que quase a 1 da manhã não ia haver um uber que estivesse disposto a ir até ao recinto onde a corrida se ia realizar. Aproximou-se de Kelly que pulou de susto quando deu pela presença de Max.

- EMILIAN PELO AMOR DE DEUS DE ONDE É QUE TU APARECESTE?
- Da barriga da minha mãe?
- Tu percebeste, achava que era a única maluca aqui a esta hora.
- Parece que somos dois. Mas notei que estavas a rogar pragas ao aplicativo da uber, precisas de boleia?
- Oh isso... Eu agradecia sim. Se não te importares.
- Sem problema, anda.

Kelly seguiu Max até ao seu carro, que era o único naquele parque, com exceção dos seguranças do recinto. A jovem tinha visto a qualificação e o pós-qualificação que incluía mais um dos shows de raiva de Jos Verstappen, ela sabia que Max não queria tocar no assunto e ela não o ia fazer, o piloto precisava do seu espaço e de eventualmente libertar-se das amarras daquela besta que ele chamava de pai, desde sempre que a pressão que o pai do piloto lhe impunha que fazia impressão a Kelly. Sempre pensou se Max na realidade não quisesse ser piloto, se na cabeça dele não fosse aquele o seu sonho.

- No que tanto estas a pensar?
- Ahm?
- Parecia que estavas enterrada nos teus pensamentos, o que se passa, se quiseres falar claro.
- Agora somos amigos é isso Emilian?
- Não enquanto me chamares pelo meu segundo nome.
- Não vai acontecer Emilian.
. Vou ter que viver com isso.

Desde sempre que Kelly tinha por habito chamar a Max por Emilian que era o seu segundo nome, ela não tem uma justificação válida apenas sabia que aquilo irritava Max e como o seu passatempo favorito era tirar o piloto do sério, sempre que o encontrava fazia questão de o chamar por Emilian Verstappen.

- Estava a pensar se alguma vez sonhaste em ser outra coisa que não piloto.
- Na realidade nunca pensei muito sobre isso, acho que já nasci com o meu futuro traçado...
- Mas não há mais nada que te agrade? Tipo outro desporto?
- Queres que te diga a verdade? Nunca experimentei outro que não o karting e os monolugares.
- MAX EMILIAN VERSTAPPEN TÁS A BRINCAR COMIGO!
- Na verdade não, eu sei que é meio estúpido mas também nunca tive a change para tal.
- Tenho que te levar a experimentar outros desportos, isso se o teu pai te deixar de sair de casa.
- Eu posso fazer o que eu quiser.

Mal Max acabou de dizer isso o seu pai começa-lhe a ligar, assim que o Verstappen mais novo atendeu a chamada imediatamente começaram os gritos que fizeram Kelly esbugalhar os olhos de espanto.  Era inacreditável a capacidade que aquele homem tinha de deixar Kelly a beira de uma ataque de raiva e pronta para o atropelar. Emilian apenas disse ao pai que já estava a caminho do hotel e que assim que chegasse ia direto para a cama e que ia estar pronto para a corrida de amanhã e por fim pediu desculpa pela sua prestação na qualificação. A jovem que seguia no carro estava estupefacta com o que tinha acabado de ouvir, não era possível Max ainda pedir desculpas ao pai depois de tudo o que aquele homem lhe tinha dito. 

Era a manhã da corrida, Max tinha se levantado cedo, demasiado cedo, mas queria tentar encontrar Kelly no paddock, tomar o pequeno-almoço e poder falar com ela sobre qualquer coisa banal como o tempo, ou qualquer coisa que o fizesse esquecer da corrida que ia acontecer dali a umas horas. Mas não foi bem sucedido, Kelly tinha-lhe trocado as voltas e nessa manhã tinha aproveitado para descansar e só ir mesmo na hora da corrida.

Ao acordar Kelly estranhou ter 3 chamadas não atendidas de Emilian, não era normal Max ligar-lhe e ainda mais naquela quantidade de vezes. A jovem olhou para as horas e viu que provavelmente aquela hora Max já estava na grelha de partida, para fazer o reconhecimento de pista antes do inicio da corrida. Kelly apressou-se a despachar-se e a encontrar um taxi para a levar para a pista, nesse dia optou por calçar uns tenis achou mais pratico, e assim que entrou naquele paddock soube que fez uma boa escolha, pois começou a correr em direção a box da Toro Rosso na esperança de ainda encontrar Max e saber o que o piloto queria, mas não foi bem sucedida. A corrida estava prestes a começar, a jovem ficou por ali mesmo a assistir a corrida.

Sétimo Lugar, Max Emilian Verstappen tinha alcançado o 7º lugar e tornado-se assim o piloto mais jovem a marcar pontos naquela categoria, todas as comunicações de rádio para Max eram de parabéns e que estavam orgulhosos dele e que tinha sido uma corrida espetacular, e pelo que Kelly conseguia perceber Max estava radiante, mas quando a jovem olhou para a cara de Jos soube que aquela felicidade não ia durar muito. Nem o título do piloto mais jovem a marcar pontos deixavam o homem contente.

Assim que Max entrou na box pronto para abraçar o pai, rapidamente foi humilhado pelo mesmo, que lhe disse que o piloto era mesmo otário se para ele lhe chegava um 7º lugar, que aquilo não era nada e não sabia o que ele ali estava a fazer. Deixando todos os presentes mais uma vez chocados pela falta de empatia e coração que aquele homem tinha dentro dele. Max assim que o pai acabou o discurso e virou costas dirigiu-se para o seu quarto de piloto na box da equipa e trancou-se lá dentro, deixando todos os que o rodeavam preocupados. Várias foram as pessoas que tentaram que Max abrisse a porta mas nada resultou. Kelly não sabe porque mas quis tentar.

- Importam-se que eu tente?
- Mas voces não se odiavam?
- E odiamos, mas acho que comigo pode resultar, não me custa tentar.

O preparador fisico de Max  deu-se por rendido e deixou a jovem tentar a sua sorte. Kelly bateu a porta mas como todos os outros não recebeu uma resposta.

- Max, eu sei que estás triste e revoltado com isto. E que talvez eu seja a última pessoa que queiras ver, mas podemos ficar os dois em silencio ai dentro se me deixares.

Mais uma vez o silencio do piloto foi a resposta, mas para surpresa de Kelly quando já ia para sair, ouviu a porta a ser destrancada e rapidamente entrou.
Max rapidamente abraçou-a deixando Kelly assustada com a reação do piloto, mas em resposta também o abraçou.

- Ei Maxy, esta tudo bem. Ei, ele não merece que estejas assim por ele.

 Ei, ele não merece que estejas assim por ele

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Inimigos - Max VerstappenOnde histórias criam vida. Descubra agora