1

26.3K 1.3K 505
                                    

Termino de escrever a última palavra das minhas anotações e então fecho o caderno. A maioria das pessoas já saíram da classe, eles nunca anotam nada, e me pergunto como irão passar para o próximo ano dessa maneira.

Levanto-me sem lembrar que minha bolsa está aberta sobre meu colo e então tudo vai ao chão. Nada fora do normal. Eu não costumava ser tão desastrada, mas dizem que a pratica leva a perfeição. Kurt já está pegando minhas coisas e eu sorrio agradecida.

- Não precisa se incomodar com isso. - Digo me abaixando para ajudá-lo.

- Não é incomodo. - Ele fala.

Kurt é um bom amigo. Foi a segunda pessoa que conversei quando cheguei aqui em Duke alguns meses atrás. Ele e Meg, minha companheira de apartamento, são a única coisa perto de amigos que tenho.

- Senhorita Hale eu posso falar com você um instante?

O professor Cross, de Processos Metabólicos, ainda está encostado em sua mesa.

- Claro. - Digo. - Eu vejo você depois. - Falo para Kurt.

Desço as fileiras de carteiras até chegar a frente da sala e então parar na frente do professor Cross. Ajeito o óculos.

- Aconteceu algo? - Pergunto.

- Não exatamente. - Ele fala. - Você é a melhor aluna que tive nos últimos tempos e por isso gostaria de te pedir um favor. Meu filho está com problemas em biologia celular e molecular, e eu pensei que você pudesse ajudá-lo.

- Brayden?

Brayden Cross não é só o filho do professor Cross. Ele é o quarterback do time de futebol de Duke, excessivamente bonito e terrivelmente popular. Qualquer garota aproveitaria a oportunidade de passar um tempo ao lado do cara mais cobiçado do campus. Não eu. Para mim Brayden Cross é a personificação do que há de mais patético no mundo.

- Esse é o único que tenho. - Professor Cross diz tentando soar divertido o que é bem estranho, já que ele não sorri quando o faz.

Aliás, ele não sorri absolutamente nunca. Todos os outros professores sempre se esforçam para serem engraçados para interagir e chamar a atenção da turma. Não Simon Cross. Eu ouvi algumas vezes outros alunos fazendo piadinhas sobre isso, mas eu me identifico com ele. Quando você sofre algo que te arruína aprende a identificar pessoas que estão arruinadas também.

- Tem monitores inscritos para isso. Não tem? - Tento me esquivar.

Sabe não é como se não houvesse garotas inteligentes na monitoria e que ao contrario de mim estejam muito dispostas a dar aula para alguém como Brayden.

- Sim, tem, mas preciso de alguém discreto e em quem eu confie. Não conheço ninguém mais indicada que você. - Ele fala.

Eu não sei se devo tomar isso como um elogio ou como uma bajulação barata para se conseguir o que quer. O fato é que descrição é realmente minha praia, eu tenho a incrível capacidade de ser invisível em qualquer lugar que eu vá, sem precisar de nenhum super poder para isso.

- Sabe aquele programa de estágio na clínica? Depois que der aulas para ele você está dentro. - Diz.

Não é justo ele me oferecer tão fácil a coisa que eu estive lutando o semestre todo para conseguir sem sucesso. Eles nunca tinham vagas. E agora magicamente só porque ele precisa que eu dê aulas para seu filhinho surgiu uma.

Bom eu vou agarrar minha oportunidade.

- Quando devo começar? - Pergunto.

- Amanhã. - Ele diz e então começa a anotar algumas coisas numa folha. - Você deverá encontrá-lo todas as segundas, quartas e sextas, no apartamento dele, as sete e meia da manhã. Seja dura com ele, Brayden pode se distrair muito fácil com a pressão da popularidade.

Fugindo de mim (Astros de Duke #1)Where stories live. Discover now