Cassandra Monteiro nunca se encaixou no mundo real e todos os adultos a sua volta acreditavam que as coisas estranhas que lhe aconteciam era por causa da sua imaginação fértil e o fato de ter sido enviada a um orfanato quando ainda era um bebê, como...
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━ BAILES MALDITOS ━
Encoberta pelo céu estrelado da noite, Cassandra olhou para a escuridão acolhedora afrente dela, um tanto absorvida pela música fascinante que vinha da orquestra abaixo. O toque ocasional dos passos e murmúrios das pessoas mascaradas e elegantes que entravam ao casarão se misturavam à sinfonia agradável – Cassandra por vezes tentou reconhecer alguém, tentando imaginar seus rostos além da máscara na anciã de encontrar um conhecido, mas só se deparava com mais e mais compradores e amantes de arte.
O evento já havia começado, mas Cassandra continuava com as mãos presas no mármore da sacada. Sua pulseira brilhou sob a luz das estrelas, uma bijuteria simples que não combinava com a graça de seu vestido costurado por uma incrível criatura mágica. Cassandra, no entanto, não pretendia tirar o presente que seu pai lhe dera. Em parte, seu pai era a razão por Cassandra ficar congelada ali, a outra razão era sua mãe. Ficar petrificada no sereno lhe parecia melhor do que descer as escadas, sabia que aquela festa significava muito mais do que apenas seu aniversário. Era uma première de um mundo onde bailes acontecem, onde príncipes e princesas existem e onde ela era uma delas.
Cassandra tinha que fazer uma escolha, sabia que Dallas e Arabelle esperavam por uma e que a biblioteca lhe havia entregue as memorias da mãe para ajudá-la a se decidir: ir para Tênax e se tornar a rainha que havia nascido para ser ou permanecer em casa com sua família, vivendo sua vida normal e em luto por esse mundo oculto que ela não poderia fazer parte. Cassandra tentou não pensar nisso, afastar os pensamentos intrusos para além daquelas nuvens que ocultavam a lua. Aquela seria a sua última noite não pensando sobre o assunto, amanhã de manhã ela se preocuparia com destinos e decisões, amanhã ela faria a sua escolha.
Hoje não, hoje ela experimentaria um pedaço do mundo em que ela devia ter nascido.
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A chegada de Cassandra ao pátio principal pareceu arrancar o ar de todos os seres vivos que ali existiam, até os dançarinos contratados para entreter os convidados pararam para olhar a bela figura que passava pelo arco dourado de entrada.
Cassandra parecia ter saído de umas das pinturas do seu pai. Uma criatura coberta por um véu de beleza magica que deslumbrava a todos. O vestido tão preto quanto a escuridão brilhava como se estrelas tivessem sido costuradas em seu tecido. Longo e esvoaçante como as ondas do oceano que bailavam a cada passo da garota, enquanto suas costas nuas se mostravam como um pedaço de terra a ser descoberto. A máscara preta parecia encaixar-se a sua face com perfeição, feita de renda bordada e brilhosa.
