06. conduct

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        conduct(noun): the act of conducting; guidance; escort:

                                                C A P Í T U L O  06
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        As luzes do bar perturbavam os meus pensamentos ao injetarem uma dor intensa na minha cabeça. As lágrimas que cessaram há pouco mais de cinco minutos parecem ter ajudado à formação da mesma. Encostei a testa latejante ao tampo do balcão gélido esperando que ajudasse a arrefecer a temperatura exagerada que se começava a formar.

        Ter fugido da geladaria pareceu ser uma excelente ideia na altura, uma tentativa de sair de queixo levantado e com a promessa de que encontraria Harry sem a ajuda de ninguém. Contudo, e depois de ter fantasiado com o rapaz de cabelo encaracolado, já não tinha tanta a certeza que a opção fosse a mais correta. Talvez tivesse sido melhor ter engolido o meu orgulho e ter-me mantido quieta enquanto Niall e Olivia traziam um novo gelado.

        Porém, o mal já estava feito e por mais que quisesse não podia voltar atrás.

        - Aqui tens, boneca. - Um copo de água foi pousado à frente dos meus olhos. - Tens a certeza que não queres algo mais forte? Um Whisky, talvez?

        - Sim, Marcos. Ela tem a certeza. - Anita respondeu. - Se ela quisesse um Whisky, ela teria pedido.

        Elevei a cabeça para mirar o rapaz. Era alto e encorpado, tinha cara de estudante adolescente que consiliava os estudos de dia e os copos de noite. Os olhos eram azulados, com umas pestanas longas de fazer inveja a qualquer rapariga. O seu cabelo acastanhado caía sobre a testa grande. Era bem parecido, não o podia negar. Envergava uma camisola branca de manga curta e umas calças largas pretas. No ombro trazia um pano acizentado.

        - E se ela realmente quiser e apenas estiver com vergonha de o pedir. - Ele encolheu os ombros. - Ela parece o tipo de rapariga que não se enfrasca com facilidade.

        Seria normal estarem a falar de mim como uma pessoa estranha e que não estivesse realmente ao lado deles? Pergunto-me se eles têm noção que eu os conseguia ouvir. Contudo, eles não eram propriamente conhecidos; a verdade é que tinha conhecido a rapariga há cerca de vinte minutos e o rapaz há menos de dez.

        - Cala-te, Marcos. E põe-te a trabalhar.

        - Só estava a comentar. - Ele defendeu-se.

        - Então vai comentar para outro lado.

        O rapaz abanou a cabeça em irritação e caminhou para o outro lado do balcão, esquecendo-se de nós em meros segundos.

        Peguei no copo de água e levei o vidro à boca, engolindo metade do líquido em apenas uma tragada. Respirei fundo.

        - Melhor? - Anita perguntou. Assenti em resposta.

        A morena acenou com a cabeça para uma mesa redonda do outro lado do bar, indicando que nos aproximássemos da mesa; longe dos ouvidos curiosos de Marcos. Anuí e deixei o banco e o copo de água para trás, deslizando, momentos seguintes, na cadeira larga de couro vermelho. Pelo caminho esbarrei com os corpos embriagados dos adolescentes. Recebi alguns resmungões.

        A música ribombava pelo espaço aberto, criando um quadro abstrato colorido na primeira fila do meu espaço visual. A minha cabeça latejava e sentia-a avolumar até ao ponto de ebulição. Era como se uma multidão de pintores em ascensão atirassem baldes de tinta de diversas cores contra mim; contudo, largavam também o balde.

WORN JEANSWhere stories live. Discover now