|CAPÍTULO 13|

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Alessandro












[...]

Depois de passar dias com fome e sede, meu corpo estava fraco demais, fora os cortes profundos nas costas que estavam em estado decadente e a dor insistente. Eu consegui passar pela aprovação para me tornar um Capo, mais o ódio me corrói por inteiro em estar em tal posição. Meu corpo gritava por libertação, meus pulsos estavam feridos a carne viva, cada centímetro do meu corpo doía descontroladamente. Mais oque mais doía era saber que o homem que era o meu herói quando criança fez isso comigo, me feriu, me fez odiá-lo com todo meu ser e em até o querer morto.

Escuto a porta metálica da sala de tortura ser aberta e o vejo entrar. Os cabelos negros, os olhos azuis que herdei dele, o terno bem passado no corpo e o andar de Capo cruél. Vejo que atrás dele vinha os meus irmãos, Richard segurava a mão da Kiara e ao me verem seus olhos passavam a ser medo e desespero. Vejo que a Kiara agarrou o corpo do meu irmão, e o olhar de pena percorre os olhos de Richard. Eu queria sair dali e dizer a eles que tudo ficaria bem, que aquilo iria acabar, que eles não precisariam ter medo. Mais eu estava impossibilitado de sair e se tentasse me machucaria mais do que já estava.

Vejam crianças, o irmão de vocês se tornou um de nós. — apontava para onde eu estava e sorria em grande felicidade — Logo ele vai ocupar o meu lugar e vai prosperar o sobrenome da nossa família. — se abaixou ficando quase a altura dos meus irmãos — Vocês também passaram por isso como o irmão de vocês, e sei que são fortes e se saíram bem.

Kiara se agarrou mais ao Richard que a apertou mais conta si em forma de proteção. Eu deveria fazer alguma coisa para impedir que nosso pai fizesse algo tão brutal com eles. Eu jamais deixaria aquele monstro tocar em um fio de cabelo deles, eles são apenas crianças e não merecem isso, não merecem sentir a dor que senti, não merecem ver o monstro que eles se tornariam com toda essa ação de crueldade. Eu faria o impossível por eles, hoje e por todo sempre.

Meu pai se levanta e passa a mão pelos cabelos caramelados da minha irmã que se encolhe contra o meu irmão e vem em minha direção para me libertar dessas correntes. Pega em seu bolso uma chave e começa a me soltar, as correntes que seguravam os meus pés e depois as minhas mãos cairam ao meu lado. Ao me ver livre das correntes meu corpo caiu contra a chão manchado com o meu sangue seco nele de dias atrás. A dor era insuportável, queria poder chorar, mais apenas homens fracos choram e eu me tornei um monstro como ele e agiria como um. Aos poucos levantei o meu olhar para eles, meu pai me olhava com orgulho e apreciação da cena que via a sua frente, porque na mente suja dele, aquilo era normal. Meus irmãos me olhavam com os olhos cheios de lágrimas e rosto amargurados de me ver assim. E foi ali que meu coração se partiu em pedaços, os vendo chorar por me ver nesse estado de  fragilidade. Eu não posso deixar que eles passem por isso, nunca, jamais. Eu preciso parar ele e vai ser agora, mesmo que esteja fraco demais para conseguir ficar em pé.

Olho para Richard que entende oque iria fazer naquele momento, o mesmo diz algo ao ouvido do nosso pai e sai puxando Kiara consigo. Mais antes de saírem, eles param e me olham uma última vez. Eu sabia oque eles queriam me dizer, que tudo ficaria bem e que eles me apoiariam em qualquer escolha que fizesse. E se foram como raios em um tempestade raivosa pela porta metálica de duas divisórias. Volto meu olhar ao meu pai, que nesse momento estava sentado em uma cadeira perto das armas de tortura e me olhava com aquele maldito olhar frio.

Você será melhor que eu, Alessandro. Não quero que me decepcione, eu quero que se torne melhor que eu um dia fui. — o olho por baixo dos olhos e minha raiva só aumentava. Eu o queria morto, o queria longe de nós.

As duas vidas de Louise- Livro 1 da Série "Perdidos e Regenerados"Onde histórias criam vida. Descubra agora