SE É MINHA VONTADE INVENTANDO A SUA

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(Henry)

Passei o fim de semana trocando mensagens com Alex. Descobri que ele queria ser político, como os pais, porém acabou mudando de ideia e seguiu a carreira de advogado, mas não qualquer tipo de advogado, um que defende pessoas injustiçadas e abandonadas pela sociedade, seu foco eram as minorias e ele realmente gostava de trabalhar com isso. Aquela moça bonita, que descobri se chamar June, era realmente sua irmã e ficou brava comigo por tê-lo chateado. Esperava que ela pudesse gostar de mim um dia, já que eu, com certeza, estava gostando do irmão dela.

Era estranho me perceber tendo esses sentimentos por ele assim tão rápido, mas não queria pensar, queria apenas aproveitar essa sensação de coração quentinho. Eu merecia algo assim depois de tudo que aconteceu.

Tanto eu, quanto ele, passamos as semanas seguintes ocupados demais. Eu com a biblioteca e a faculdade, e ele com o trabalho na advocacia. Não fazia ideia que numa cidade tão pequena pudesse haver tanta gente precisando de ajuda jurídica.

Sendo bem sincero, fazia quatro anos que morava lá, mas não conhecia as pessoas. Na biblioteca, quando não estava arrumando o estoque, estava organizando e guardando os livros nas estantes, eu não gostava de atender ao público. Na faculdade, era quase a mesma coisa, e chegando ao fim do curso, percebi que não tinha nem mesmo colegas. Tive um namorado, mas não era como se nós fossemos amigos, foi uma relação puramente física, e só percebi isso depois que ele me largou, durante a minha crise.

Eu e Pez mantivemos nossa amizade, então, quando queria sair, ia para a casa dele ou ele vinha para a minha. Trocávamos mensagens todos os dias e ele estava pirando de curiosidade querendo conhecer o menino que fez meu coração bater mais forte.

Gastei algumas sessões com Rafael falando sobre Alex e como me aproximar dele estava me afetando. Não queria ser precipitado e precisava entender o que estava sentindo, afinal, ele poderia nem corresponder meus sentimentos.

Na verdade, comecei realmente a achar que ele não correspondia quando, depois de dois meses trocando mensagens e saindo juntos, nada aconteceu, e tive certeza quando, ao sair da biblioteca numa sexta-feira, o vi com um rapaz no mesmo quiosque onde costumávamos nos encontrar, sentados na mesma mesa onde costumávamos sentar, conversando tão animados quanto costumávamos conversar, mas com a diferença de que a mão do tal rapaz estava sobre a mão de Alex, e ele parecia não estar nem um pouco incomodado.

Chateado, corri para casa e arrumei minha mala, deixei um bilhete avisando que passaria o final de semana na casa de Pez e, em menos de trinta minutos, estava na estrada dirigindo e chorando ao som de the one that got away da Kate Perry.

Sim, era muito dramático! Mas Rafael sempre disse que eu precisava exteriorizar meus sentimentos, e era assim que gostava de fazer isso, passando o final de semana com meu melhor amigo, me entupindo de sorvete, cantando músicas tristes, assistindo comédias românticas clichês e chorando. Pez era o melhor em secar minhas lágrimas e depois me fazer rir, ele era a parte sensata quando se tratava do amor.

Voltei no domingo a noite me sentindo bem melhor, quase totalmente conformado com o fato de Alex ter, oficialmente, me deixado na friendzone. Estava pronto para voltar à realidade e retribuir apenas com aquilo que ele poderia me oferecer, uma boa amizade.

Lógico que, como o bom dramático que sou, deixei o celular desligado por todo o final de semana, se mamãe ou Bea precisassem falar comigo, ligariam para Pez. Quando cheguei e liguei o aparelho, foi uma surpresa receber exatas 13 mensagens de Alex.

 Quando cheguei e liguei o aparelho, foi uma surpresa receber exatas 13 mensagens de Alex

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Corações desatentosWhere stories live. Discover now