NÃO TEM NINGUÉM PRA NOS TESTEMUNHAR

483 55 27
                                    

(Henry)

Foi como se as palavras dele viessem em câmera lenta até meus ouvidos. Elas ecoavam por meu cérebro e pareciam algo incapaz de decifrar.

Posso beijar você?

Eu nem piscava enquanto ele olhava para mim e acho que se arrependeu quase imediatamente de ter se deixado levar pela bebida e aquela cama única naquele quarto bonito de hotel.

Posso beijar você?

Cheguei a pensar que estivesse passando mal, estava calor no quarto e podia sentir minhas mãos suando. Tive a impressão de que se passaram vários minutos e apenas continuava olhando para Alex com uma expressão surpresa e não respondia, nem tirava minhas mãos de sua cintura. Não queria afastá-lo, mas também não conseguia me aproximar.

Posso beijar você?

Eu estava numa espécie de loop, parecia que meu cérebro tinha entrado em curto circuito. Quando finalmente consegui voltar meus pensamentos para Alex, percebi que ele estava se aproximando, acho que cansou de me esperar tomar uma atitude. Da última vez que isso aconteceu, criei expectativas demais e ganhei apenas um abraço apertado, mas agora era diferente, ele ia mesmo me beijar e eu permanecia parado, parecendo uma estátua.

Os lábios de Alex se chocaram contra os meus com um pouco mais de força do que acho que era sua intenção, mas ele não recuou, nem eu.

Ainda estávamos de olhos abertos e só então percebi que não lhe dei uma resposta e que ele poderia estar esperando por isso, mas não ousaria quebrar o contato apenas para pedir que continuasse me beijando.

Fechei meus olhos e subi as mãos da cintura para as costas dele, o puxando sobre mim e colando nossos corpos. Seus lábios se abriram, dando passagem para que eu aprofundasse e consertasse esse beijo que quase deu errado. A língua dele adentrou minha boca e encontrou a minha numa explosão de texturas e calor, enquanto nossas salivas se misturavam.

Finalmente consegui me concentrar no que estava acontecendo.

Alex estava me beijando, beijando de verdade. Primeiro calmamente, explorando minha boca com sua língua macia e arrancando suspiros, depois, de forma mais urgente, apressada, mordendo meu lábio inferior e voltando a me beijar com desejo, quase uma ânsia.

E eu apenas pude retribuir.

Passei tanto tempo esperando por isso, desejando estar exatamente onde estou, que abri minhas pernas para que ele se encaixasse entre elas, senti minha ereção tocar a dele, arrancando gemidos de nós dois, e desejei ardentemente que toda a roupa que separava nossas peles desaparecesse.

Ele segurava com força minha cintura, me empurrando contra o colchão. Minhas mãos foram quase que automaticamente para sua bunda e, quando apertei, ele gemeu abafado entre meus lábios. De repente, o ar nos faltou e ele afastou nossas bocas, apoiando sua testa na minha e roçando nossos narizes, ofegante.

Estávamos sorrindo como dois bobos.

⸺ Alex?

⸺ Oi, Henry.

⸺ Sim, você pode me beijar.

***

Nós parecíamos dois adolescentes descobrindo todas aquelas sensações novas. Estar com Alex era fácil, divertido e excitante. Meu corpo reagia a tudo nele, sua pele quente, seus lábios macios, o perfume de seu cabelo, o brilho de seus olhos me olhando com desejo, tudo! O corpo dele se encaixava perfeitamente sobre o meu, minhas pernas abraçaram sua cintura e o puxaram ainda mais contra mim, fazendo nossas ereções friccionarem, nos arrancando gemidos cada vez mais altos. Ele beijava, mordia e chupava meu pescoço com avidez, tinha certeza que deixaria marcas em minha pele, mas, principalmente, em minha alma. Não sei quanto tempo ficamos nesse frenesi de mãos, bocas, suor e pele. Nossos corpos se movimentavam juntos e nos dividimos entre os lábios, o pescoço, os ombros e o peito um do outro, até que o único tecido que nos separava fosse o de nossas cuecas.

Corações desatentosOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz