5. Uma fera

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S/N
Tribunal de Los Angeles
5 de fevereiro de 1987, 09:39

 Abro um sorriso sem graça para ele, que faz uma careta engraçada. Respiro profundamente. Me sento após ele se sentar, como deve ser

 Começo a revirar a papelada que está em cima da mesa para me distrair. Não acredito que ele está aqui, não mesmo!

 O que a porra de um juiz da suprema corte faz aqui? Claro que ele descobriu, claro! Calma S/N, ficar apavorada assim não vai te ajudar, nunca ajudou

— Ele pode fazer isso? Entrar no lugar de outro juiz assim quando quer? — pergunto um pouco incrédula para River, ela olha para mim e faz uma carinha amedrontada

— Ele é um juiz importante e, bem, eu posso estar errada, mas — respira fundo — Você pode estar muito ferrada! — putaquemepariu.

10:19

— Havia outro DNA em suas roupas Claire! — falo enquanto ando de um lado a outro — Nos conte exatamente o que aconteceu naquela noite senhorita Claire! — digo a ela que suspira e se prepara para falar

— Era uma terça-feira, o senhor Joel me pediu para ficar e terminar alguns relatórios — a moça de fala baixa e calma diz tentando conter o choro — Ele entrou na sala de maneira abrupta, veio na minha direção e... — ela coloca as duas mãos sobre a boca e não respondeu a minha pergunta

 Eu tenho certeza que ela está mentindo, nas roupas mandadas para análise, havia o DNA de outro homem e este homem trabalha com ela

 Segundo as minhas fontes eles têm um caso e Joel os mandou embora e graças a essa demissão foi que ela decidiu processar Joel.

13:11

— Eu pedi para ela ficar e terminar alguns relatórios, precisava chegar cedo em casa e ir ver minha esposa! — Joel endireita seus óculos no rosto e olha diretamente para Patrice que esta fazendo as perguntas para ele

— Joel, segundo os exames! Os materiais encontrados nas roupas íntimas da vítima eram de seu assistente — ela para — Seu assistente morreu na mesma noite em que ocorreu o crime, certo?

— Sim! — responde em um tom seco e diferente do tom que ele usa normalmente — Exatamente isso!

— O senhor sabia que ela o namorava? — pergunta com os olhos estreitados — Sabia que eles mantinham um relacionamento?

— Sim, senhora! — ele fala em um tom um pouco mais tremulo e raivoso. Patrice olha para Thomas e a assistente que está sentada com ela

— Agora cabe objeção, não é? — sussurro para River que esta com os braços cruzados apenas encarando Joel... essa não, esse olhar. Joel é culpado e, eu estava errada!

16:51

— Bem, já ouvi tudo o que eu precisava, mas, tem algumas perguntas que eu gostaria de fazer — Daniel se endireita em sua cadeira — Como essa é uma audiência sem jure, eu é que tomo a decisão final como bem sabem — fala firmemente

 Nunca ouvi esse tom antes, a voz dele está me dando arrepios. De vez em quando ele olha na minha direção e eu falto pouco tremer

— O que eu gostaria de entender é, advogada S/N, por favor se aproxime! — me levanto e ando até a frente de sua mesa — A senhorita analisou a data dos exames que a senhorita ordenou que fosse feito e a data de quando aconteceu o abuso?

— Sim, meritíssimo! — posiciono minhas duas mãos em frente ao corpo — O abuso ocorreu na noite de dezembro, os exames são de janeiro deste ano, poucas semanas após o suposto crime!

— Não encontraram nada do réu nas roupas, como a senhorita apontou na hora da apresentação do caso, não foi? — ele franze o cenho

— Sim, meritíssimo, as roupas que a suposta vítima estava usando no dia foram para análise e nada foi encontrado. Bem, nada que ligasse meu cliente! — ele faz uma careta

— Gostaria de trazer à bailha esse outro DNA, senhorita? — putamerda — A senhorita falou muito rapidamente, mas, os detalhes nos foram poupados!

— O DNA encontrado é de um outro homem, parceiro de trabalho do meu cliente! — ele arqueia a sobrancelha direita

— Eu estava apenas verificando se a senhorita estava atenta, bom saber que esta! — ele abre um sorriso irônico — Pode voltar para o seu lugar, estou pronto para dar a sentença!

— Sim, meritíssimo! — dou um passo atrás. Volto para o meu lugar ao lado de River. Daniel se levanta

— Vou dar um pequeno intervalo a todos! — ele fala enquanto se retira. Com seu andar confiante ele sai

— Eu pensei que fosse infartar! — sussurro para River que está morrendo de rir da minha cara. Eu também estaria rindo se estivesse na pele dela e fora desse enrosco.

17:47

— Após ouvir tudo atentamente, tudo se encaixou para mim e eu creio, que para uma pessoa em especial também. Antes de dar meu veredito, gostaria de chamar a advogada River Richards até aqui! Ela vai lhes contar o que realmente aconteceu naquela noite! — River se coloca de pé e anda até a frente da mesa alta. Isso não é comum, mas, é uma baita aula.

— Bem, Joel pediu para Claire ficar até após o horário porque segundo a mente doentia dele, Claire estava o seduzindo. Porém, o namorado de Claire, Tayl, estava entre eles! Então, Joel mandou matar Tayl e na mesma noite tentou violentar Claire, mas, graças a sua disfunção erétil, isso não foi possível! — ela diz firmemente olhando para cada um de nós

— Muito obrigado! — Daniel diz para River que vem até seu lugar — Peço que todos fiquem de pé! — nos levantamos. Daniel fala o que todo juiz fala antes de dar a sentença. Ele está dando um resumo de tudo e agora vem o malhete — Joel, te condeno por 12 anos em regime fechado! — ele bate o malhete fortemente

— O quê? — Joel se manifesta raivosamente. O que aconteceu com aquele homem lerdo e calmo? — VOCÊ DISSE QUE SERIA MOLEZA SUA PIRANHA! — ele berra revoltado. Dou um passo atrás um pouco assustada

— PRENDAM ELE AGORA! — Daniel berra se colocando de pé e bate às duas mãos sobre a mesa fazendo um enorme estrondo — O SENHOR NÃO SE ATREVA A FALAR DESTA MANEIRA COM A MINHA MULHER! — ele grita mais alto com sua voz potente

 Os guardas tiram Joel de perto de mim e o levam à força. Me sento e coloco uma das mãos sobre meu colo pelo susto. Meu coração está quase saindo pela boca. Eu não esperava isso de Joel

 Ele se mostrou tão calmo por todo esse tempo e eu realmente acreditei que ele era inocente exatamente por sua calma, eu tenho estado muito errada ultimamente!

— Você está bem? — Daniel diz assim que se posiciona em minha frente. Aceno positivamente para ele, olho para o outro lado e tento segurar o choro. Eu odeio que gritem comigo — Oh meu amor eu sinto muito — ele pula a mesa e se posiciona ao meu lado. Me puxa para um abraço carinhoso e protetor.

Eximio | Michael JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora