Segunda Chance

Tava namorando né?

Não importa o quanto eu cresça, pizza vai ser minha comida preferida e aquelas pizzas do mercado estavam maravilhosas. Tá, agora preciso focar, partiu farmácia.
“Drogaria Legal” leio olhando para a placa em frente à porta e dou uma risada do nome. Acho incrível a criatividade das pessoas quando vão dar nome a algo ou alguém.

Entrando na Drogaria, avisto umas 4 pessoas. Uma delas está em busca de algum produto enquanto as outras três só são crianças que estão se pesando.
Olhando bem até que a loja não é tão pequena, o que é bom pois essa é uma das três únicas daqui. Não demorou muito para encontrar o caixa e pedir informações.

–Deixa eu ver se eu entendi, um tampinha como você tá querendo um emprego aqui? – Ele é surdo ou o quê?
–Sim, mas se for possível claro.
–Eu não acho que tenha um cargo legal aqui para uma criança como tu. –Adultos, tinha esquecido de como eles amam julgar algo só de olhar.
–Mas eu vou falar com o Celso aqui.
–Brigado.

Enquanto o  senhor de meia idade então fica mexendo no celular (provavelmente está falando com o gerente) eu observo as pessoas que estão passando pela calçada. Não demora muito e ele chama uma funcionária do local, meu deus acho que só adultos trabalham em farmácia.

–Ana minha flor, leva esse moleque até o Celso que ele quer bater um papo com ele.- Ele fala isso alterando o tom da palavra“bater um papo” para um tom mais grave. Medo.
–Deixa de pôr medo no menino Greg, vem comigo tranquilinho que  o Seu Celso é de boa.
A moça gentil me leva até um porta que fica no canto da loja e entrando lá, damos de cara com um corredor reto que liga a sala do diretor e nas paredes, outras salas onde provavelmente são guardados remédios ou algo do tipo.

–Então, você assume daqui, boa sorte baixinho. A porta do gerente é logo ali.
–Ah, o-obrigado.

Passando pelo corredor percebo que as salas da direita do corredor são para os remédios e as da esquerda são banheiros ou armários. Organizado o bichinho ein.
Chego na porta da sala do gerente e dou três batidas até que ouço um “Poooode entrar”.
Celso só tem nome de um senhor de idade, mas ele até que não é tão velho como o cara do caixa. Eu chuto que ele tem uns 20 e poucos anos.

– OPAAA, você que é o baixinho que procura emprego?
–Sim, meu nome é Thiago Ferreira, se não for muito incômodo.– INCÔMODO, THIAGO!? Ah mas eu tô nervoso então normal se ele me perguntar qual a minha especialidade e eu responder com um “Sim”.

–Hahaha! Ok então, esse é seu primeiro emprego, Thiago?
–Sim sim, mas se caso eu não for bom–
–Desistindo antes de tentar? Esse não é o espírito amigão.
–Pra falar a verdade eu estou um pouco cansado, essa já é minha 3°–
–Sabe carregar caixas e andar de bicicleta?– Esse moço não deixa ninguém terminar uma frase não?
–Carregar caixas? Sei sim, mas andar de–
–Ótimo! Vem comigo. –MOÇO DEIXE EU TERMINAR AS FRASES POR FAVOR!

Saímos da sala dele e então fomos a um depósito, com várias caixas que estavam lacradas. Celso me propôs levar as caixas até as outras farmácias e também organizar os remédios em ordem alfabética nas prateleiras. Por que? Eu também não sei. Mas eu aceitei, claro.
Primeiramente fui organizar duas prateleiras nas quais estavam vazias. Fui inventar de cronometrar e demorei 56min, uau.

Chegando na parte mais complicada, eu disse que não sabia andar de bicicleta mas mesmo assim poderia entregar os remédios numa boa, conheço alguns atalhos que me levam mais rápido às farmácias. Elas são divididas pela cidade, mas não tanto. Essa cidade vista por um drone deve ter um formato estranho.

Fiz três entregas para as duas farmácias, as caixas não estavam lá pesadas, deu para andar numa boa. Só isso rendeu quase o dia inteiro, quando voltei da última entrega, já eram 16:42.

–Ce é rápido ein, não se cansou ainda não?
–Mais ou menos, as caixas não eram pesadonas.
–Visto que ce conseguiu fazer 3 entregas mesmo não sabendo andar de bicicleta, foi bom para um “teste”. Thiago, você agora está oficialmente contratado pelo Big Celso. Lo gerente de la loja! Vem, tu precisa assinar um papel. – Na minha cabeça eu já estava contratado, eu havia esquecido que eu precisava fazer um teste, mas AMÉM, FUI CONTRATADO! A vovó vai gostar de saber disso (espero. Eu nem contei nada sobre emprego).

17:20 saí do meu novo PRIMEIRO emprego (acho que vou passar a semana repetindo isso). Está um pouco tarde, mas dá tempo de fazer um café e esperar a senhorinha descansar e soltar a notícia, eu posso esperar.

Vi que estava meio perto do horário e então, como  um bom homem responsável e que cumpre os horários, fui correndo até minha casa e quando cheguei, D. Rosa já estava lá preparando seu café,  droga.

–Tava namorando né?
–An? Não. - Dou uma risada nervosa pois eu não faço ideia de como vou falar pra ela. Sobre tudo.
– E essa risada aí?
– É QUE… É que… eu quis dar uma volta pela cidade… hoje, sabe?  Passe o coador pra cá que eu vou fazer o café.
– Negativo. Vá logo tomar um banho e me conte logo o que andou fazendo.
–...Ok.

Merda.

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Perdão o sumiço, bloqueio criativo eh horrível :p