Capítulo 3 - Uma golpista que caiu no golpe

54 8 90
                                    

Depois de um longo período sem atualizar, um capítulo novo pra vocês! Espero que a demora tenha valido a pena e que vocês curtam!!!

-x-


Depois do banho e das brincadeiras que tivemos essa tarde as coisas ficaram diferentes entre eu e Mina. Enquanto esperávamos o trambiqueiro, digo, o conde entrar por aquela porta a qualquer momento, nos encarávamos intensamente pelo espelho.

Ainda não consigo compreender bem o que é, no entanto não consigo desviar dela. E não é porque estou me apaixonando, mas não sei definir esse poder que ela exala sobre mim. Ela parece estar tão eufórica quanto eu, me fazendo pensar que está se sentindo da mesma forma... É impossível, eu sei. Sou somente sua criada. Apesar disso, algo em mim ainda quer acreditar nisso, como se precisasse disso. Mas no fundo eu sei que é nele que ela pensa agora. Por que seria diferente?

- É muito gentil de sua parte me receber assim, senhora. Estou todo desarrumado... – O embuste entra na sala de supetão, tal qual fosse o dono do lugar. Apenas fecho a porta que ele deixou escancarada, afinal não é função de um falso nobre ter educação, não é mesmo? - Mas agora o seu tédio acabou. Vou garantir que suas aulas de pintura sejam emocionantes.

Ele se aproxima da madame e eu quase reviro os olhos. Ela, porém, apesar de estar perto dele, parece estar atenta à minha reação, pois segura a risada enquanto continua a me observar, fazendo com que ele se vire em minha direção e também se concentre em mim nesse instante.

- Ah, essa deve ser a criada – O cretino continua a falar.

Alterno o olhar entre eles e a ansiedade passa a me dominar. Se a senhorita Myoui desconfiar que eu o conheço, posso colocar o plano a perder. Ao mesmo tempo, se o conde do bode perceber que eu estou apaixonada pela japonesa, também estarei colocando o plano por água abaixo. Seja qual for o caminho o fracasso é certo, e apesar da preocupação anterior só agora, na presença dos dois tão perto a mim, consegui perceber o tamanho da gravidade do problema em que me encontrava.

- S-sim, sou a criada – digo enquanto faço uma reverência. – Ao seu dispor, senhor. – Tento parecer o mais calma possível mas minha fala e expressão falhas denunciam meu nervosismo e o quanto estava despreparada para esse momento. Nunca imaginei que pudesse ser tão difícil assim roubar alguém...

- Sabe bem que se falhar me colocará numa posição ruim... - Ele me olha com desprezo e seu tom é de ameaça, entretanto isso passa totalmente despercebido por Mina, que continua a me lançar seu olhar enigmático. E por um momento, meus olhos vacilam sobre os dela, e quase denuncio tudo o que estava acontecendo ali mesmo, somente através do meu olhar desesperado. - Você tem uma boa estrutura óssea para uma coreana – continua a falar e toca meu rosto e meu corpo, não tão discreto assim. Eu o odeio tanto. – Então, está cumprindo fielmente com suas obrigações? - Gostaria de respondê-lo à altura, mas infelizmente não tenho poder para isso. E nem poderia fazer nada na frente da madame, por isso apenas faço um sinal positivo com a cabeça e ele se afasta de mim novamente, pedindo licença antes de sair da sala, para meu total alívio.

A senhorita Myoui se aproxima de mim e também me toca nos mesmos lugares que o cafajeste, todavia, diferente de agora a pouco, não sinto repulsa, muito pelo contrário. Seu toque é macio, leve e parece tão certo... Não percebi em que momento meus olhos fecharam, mas não conseguia me concentrar em mais nada que não fosse seus dedos caminhando delicadamente sobre meu corpo.

Ela dá uma risada gostosa, a única que me provoca os sentimentos mais profundos, fazendo-me abrir os olhos e encarar sua expressão intensa. Gostaria de beijá-la agora mesmo, se eu pudesse. Nos encontrávamos tão próximas que seu hálito fresco e quente batiam em meu rosto no mesmo ritmo que meu coração descompensado. Mais uma vez a japonesa me deixava em êxtase, por apenas tão pouco.

A vigarista que eu amo (Mihyun)Where stories live. Discover now