Capítulo 14 - Jisung Park (não) é o Marshall Lee

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Chenle soprou fumaça no céu escuro. Tombou sua cabeça um pouco para o lado. Desse jeito, a árvore que pairava acima do coreto saía de seu campo de visão. A luz da lua penetrava entre os galhos secos e algumas folhas grandes. Podia ditar a maneira na qual o brilho da mesma tocava cada centímetro de seu rosto.

Deu risada. Normalmente, ele não era assim tão sensível.

Culpava a brisa fria da madrugada.

Culpava aquela porcaria de maconha.

Mas acima de tudo, culpava a presença dele.

Jisung estava em sua frente. Havia acabado de passar as mãos pelo cabelo, levando para trás os fios de sua franja, daquele jeito que hipnotizava. Por algum motivo, sua camisa xadrez estava no chão. Seus braços estavam expostos na camiseta preta que usava por baixo.

Sob a luz da noite, ele ficava ainda mais bonito.

Seus dedos caminharam infantilmente em cima da mureta de concreto, onde estavam sentados de pernas abertas, um de frente para o outro. Chenle observou a destra de Jisung subir suas coxas, traçando caminho até sua mão direita, que repousava tranquilamente em seu colo. Ao alcançá-la, roubou o baseado que segurava entre os dedos. O levou para os próprios lábios e tragou fundo.

Chenle assistia Jisung como se ele fosse seu filme favorito.

Ao soltar fumaça, ele sorriu mole.

— Você tá doidinho. — Chenle se deixou contagiar por aquela imagem, sorrindo também. Estava tão fora de si quanto ele.

Jisung não respondeu nada. Devolveu o baseado para o mais velho.

Seu sorriso forte foi se desfazendo lentamente, mas a tranquilidade continuava ali, presente em cada detalhe dele.

Aos poucos, ele foi assumindo algum tipo de pose. Dobrou uma de suas pernas. A mão direita foi parar no final de seu abdômen e a esquerda pendia para o lado.

Park Jisung estava tocando uma guitarra imaginária.

"Bad little boy... Always picking a fight with me. I know you're not bad..." O timbre rouco de Jisung cantava para o silêncio da noite. Nada além do som das folhas das árvores eram sua melodia-guia. Seus dedos cumpridos roçavam o tecido da própria camiseta, dedilhando acordes invisíveis. " 'Cause you're spending the night with me. What... do you want... from my world? You're a good little boy..."

Chenle encostou sua cabeça na pilastra atrás de si. Estava arrepiado em tantos lugares diferentes que mal conseguia contar.

Deu outro trago. Não possuía mais controle sobre o próprio riso.

Se inclinou para frente, sem medo, conversando diretamente com aqueles olhos castanhos.

— Sua voz... é gostosa. — Passou a língua sob os lábios, rindo. Sua fala estava tão lenta quanto os pensamentos em sua cabeça.

Jisung se aproxima de volta. Ergue uma sobrancelha naquele jogo de provocação. Estão à centímetros do rosto um do outro, sem previsão de recuar.

— Você acha? — Ele pergunta. Seus olhos sobem e descem pelo rosto do mais velho.

Chenle nunca se viu tão fraco por alguém.

Ergueu sua mão direita. Posicionou o baseado entre os lábios de Jisung, vidrado no jeito em que ele abriga a seda em sua boca, ao mesmo tempo em que fita Chenle com seus olhos vermelhos. Os arrepios estavam de volta. Tudo dentro de Chenle chacoalhava, pedindo por algo que não sabia o que era — apenas sabia que só Jisung podia dar.

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