CAPÍTULO 12: SINAL DE FUMAÇA

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Adam olhou novamente a foto de Daniel impressa naquela folha de papel e fez um sinal de negação com a cabeça, colocando o papel novamente no bolso. Ele se sentou do lado de Melissa que estava em um banco na praça que havia em frente ao colégio. Ela estava desconectada. Seus pensamentos estavam em algum lugar escuro, como um quarto e um barulho. Adam fez o mesmo barulho de seu pensamento ao arrastar o pé no chão, despertando-a do pensamento. Ela o observou.

— O que está rolando entre você e o Bill? — Adam perguntou, colocando as mãos no bolso e encostando as costas no banco. Ele só queria puxar assunto, mas também, se era para estar com o grupo dos bobões do colégio Doctor John Dalton, que pelo menos ele o conhecesse bem, assim pensou.

— Que raio de pergunta... — Melissa se acomodou no banco, tornando a olhar para o colégio —, ele é meu melhor amigo.

— Amigos também transam, está bem? — sorriu, retirando um isqueiro de dentro do bolso das calças e acendendo mais um cigarro. Ele fizera só para impressioná-la.

— Está falando da sua relação com o John? — Melissa arqueou uma das sobrancelhas, rebatendo o discurso desagradável.

— Não! Nossa. Claro que não!

Os lábios de Melissa desenharam um sorrisinho. Ela voltou a olhar o colégio. Não havia mais ninguém ao redor da instituição. A garota estava começando a se preocupar com o Bill, mas sabia que ele era esperto demais e que logo ela viria ele pulando um dos muros, com seu cabelo esvoaçante, o foco de sua atenção então se voltaria para suas perninhas finas e como elas fazem um movimento estranho enquanto ele anda.

— O que você recebeu na carta? — Perguntou Melissa, quebrando o silêncio depois do assunto constrangedor. Aquela pergunta era tão incômoda quanto a insinuação de que ele transava com o John.

— Estou em dúvida... — disse —, eu não me lembro muito bem.

— Você falou sobre o que aconteceu com o John, e que isso poderia ter relação com a carta — Melissa falou, claramente transtornada. Ela estava com medo, mas Adam não conseguia entender o porquê da mudança repentina de temperamento. Era difícil manter o equilíbrio emocional quando havia ameaças reais e desconhecidas envolvidas.

— É que na carta havia uma espécie de charada. Talvez isso tenha ligação, mas como? — indagou, tão confuso quanto ela.

Melissa ficou em silêncio. Ela retirou outro envelope de dentro de sua jaqueta. Ela olhava para aquilo como uma sensação de medo e aflição, como alguém que recebe cartas de cobrança do banco. Mas era tão pior quando cartas de cobrança abusivas, ou notificações de despejo. Era uma sentença de morte.

Adam observou os olhos de Melissa ficarem miúdos antes de afundarem dentro de sua cabeça, arrastados pelo pensamento padrão de que aquele envelope amarelo cor de açafrão, se fosse aberto, traria em suas palavras, mais desgraças.

— Esse é um novo... — Adam começou a perguntar devagar, mas Melissa concordou antes mesmo dele terminar. Era um novo envelope. Ela recebera mais cedo naquele dia.

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Colégio Doctor John Dalton, outubro de 1977

A maioria dos garotos do Doctor John Dalton acreditavam que o sino que havia no topo de uma das torres centrais, era dourado, mas a verdade era que o objeto tinha uma cor esverdeada, e essa contradição levaria os moleques a fazerem uma aposta peculiar.

— Se você subir lá e provar que ele é realmente esverdeado, eu ando pelado pelo corredor do colégio — disse Frederick. Era um dos jovens pertencentes ao grupo de atletas da instituição e apesar de ser de grande porte, não conseguia erguer nem seu próprio traseiro — Mas já aviso que, se você estiver errado, você terá que nadar pelado no rio Wax.

Com amor, SamaraOnde histórias criam vida. Descubra agora