Capítulo 24

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⚠️ Aviso de gatilhos: Ataque de pânico/tentativa de suicídio.

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Angel

Dois meses depois...

Fecho os olhos com força, colocando a mão na boca para evitar fazer algum barulho. Lágrimas grossas deslizam pelo meu rosto e sinto todo o meu corpo pesar. O ar ficou escasso, o aperto no peito aumentou e a tristeza retornou. Eu sabia que meus traumas, medos e inseguranças não tinham ido embora totalmente, mas achei que estava um pouco melhor.

Passei um dia incrível com Felicity. Rimos, conversamos e nos aproximamos ainda mais. Porém, como meus demônios sempre voltam para me atormentar, aqui estou eu. Encolhida na banheira e pensando no quanto eu queria que essa dor sumisse. Mas eu sei a verdade. Sei que, por mais que eu tente, esse vazio nunca irá embora.

Eu estava em um sonho bom. Felicity se encontrava ao meu lado em um campo de flores. O local era lindo, mas nenhuma beleza se comparava com a dela. No sonho, eu estava bem. Em paz. Entretanto, nada na minha vida parece ser fácil, e rapidamente o campo repleto de cores se transformou em vácuo. Podia ver de longe Felicity desaparecer...

“Você é um peso na minha vida, Angel”

“Eu tenho nojo de você!”

“Deveria morrer, assim daria paz para todos que são obrigados a te suportar”

Ela dizia. E eu tentava me convencer de que minha Felicity nunca falaria algo do tipo, mas foi tudo tão... real. A minha mente girava, sentia meu corpo dormente e a sensação de ter o coração sendo do arrancando.

Quando por fim, acordei.

É tudo tão doloroso...

E eu não quero mais viver assim.

Tento me levantar, e, depois de três tentativas, consigo chegar até o armário do banheiro. Minhas mãos tremem ao pegar um pacote de lâminas.

Felicity teve que sair agora à tarde para resolver algumas coisas do trabalho. Repito a frase várias vezes na minha cabeça: Vai ser melhor assim...

Encho a banheira, segurando o soluço alto que me escapa. Eu não queria... gostaria de poder seguir em frente. Falar para Felicity que a amo e que seria perfeito passar a vida ao seu lado. Mas tudo isso é demais. Estou sendo fraca, sei disso...

Entro na banheira com roupa e tudo, descansando minha cabeça na parede gelada. Respiro fundo, pegando uma lâmina de tamanho médio e encostando no meu pulso.

Vai ser melhor assim...

Observo a lâmina rasgar minha pele, mas não sinto dor. A água, antes cristalina, rapidamente se transforma em vermelho. E, por um momento, suspiro aliviada sabendo que tudo vai acabar em poucos minutos. Repito os cortes três vezes em cada pulso, deixando o metal cair em qualquer canto.

Encaro o teto, querendo fechar os olhos, mas, dessa vez, para sempre.

A morte não é apenas quando seu coração para de bater...

— Angel! — ouço o grito de Felicity. Ela força a maçaneta de forma agitada, tentando abrir a porta. — Angel, abre essa porta!

Ignoro seu pedido, sorrindo fraquinho quando a lembrança do seu sorriso passa pelos meus pensamentos.

— Angel, o que está acontecendo? Abre a porta! — sua voz está ficando distante, então, apenas me conformo ao constatar que a morte está me levando.

— Eu te amo, Felicity... desculpa por tudo. — sussurro.

Um estrondo soa, provavelmente Felicity arrombou a porta. Consigo sentir suas mãos enrolarem meus pulsos com algum coisa. Seu grito e desespero ao chamar meu nome...

Mas já é tarde.

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Felicity

Não, não, não!

Porra!

— O que você fez, Angel... — enrolo seus pulsos com algumas toalhas, sentindo cada célula do meu corpo tremer em puro medo. — Miles!

Grito por meu irmão, chorando desesperada enquanto retiro Angel da banheira. Ignoro o sangue que continua manchando o tecido branco e saio do quarto.

Vejo Miles e minha mãe aparecem na minha frente, mas passo por eles quase correndo, sem me importar de responder suas perguntas.

— Felicity! — Miles chama, mas já estou abrindo a porta de casa. — Deixa que eu vou dirigindo.

Avisa ao entender toda situação. Minha mãe está completamente assustada ao ver a Angel em meus braços toda ensanguentada.

— Vai logo! — grito angustiada. Ele liga o carro, tomando partida.

Tudo o que eu consigo fazer é me agarrar ao corpo de Angel como se a qualquer momento ela fosse desaparecer.

Eu estava resolvendo algumas coisas com Ian quando senti um aperto estranho no peito. Não consegui me concentrar em mais nada, a não ser voltar para casa e conferir se estava tudo bem.

Já passei por várias situações onde a adrenalina tomou conta de cada célula do meu corpo, mas com certeza nunca me preparei para ver a mulher que amo prestes a morrer.

— Calma filha... vai ficar tudo bem, okay? — minha mãe fala. Confiro a pulsão de Angel, chorando ainda mais ao chegar a conclusão de que está ficando cada vez mais fraca.

— Meu anjo não pode morrer, mãe... — encosto minha testa na do meu amor. — Não pode...

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SNOWFLOWERWhere stories live. Discover now