Confetti - Kth + Jjk

3

Merda.

Era a única palavra que passava em sua mente enquanto se enchia de cafeína, pois estava acordado há 36 horas sem um único descanso ou um mísero cochilo. Jungkook simplesmente não conseguia dormir sabendo que talvez fosse pai e que quase matou o outro pai do seu possível filho de tanto estressá-lo. E é claro que recebeu uma bronca do seu chefe que quando abriu a porta do quarto de Taehyung o mesmo estava desmaiado e com um corte na testa, enquanto Jungkook estava parado em choque com o bebê no colo. Francamente, parecia que estava tentando matar o Kim.

— Maldita sorte. — Resmungou, dando mais um gole naquele líquido escuro.

— Jeon! — Seokjin o chamou, Jungkook apenas acenou com a cabeça e o doutor sentou ao seu lado no chão perto da saída de emergência do hospital. — Aquele é o seu filho?

— Talvez, hyung. — Deu mais um gole no café e soltou um suspiro pesado. — Eu e o pai dele ficámos juntos por uma noite nove meses atrás, e eu acho que aquele menino é meu filho, Jin. Eu senti algo quando o segurei no colo, foi como se eu precisasse protegê-lo de todo o mal do mundo e foi estranho, pois nunca senti isso. — Explicou, encostando a cabeça no ombro de seu amigo e sentindo o cheiro daqueles cabelos macios.

— Escuta, eu deixo você ir ao quarto dele agora, só não o estresse. Vai na calma, Jeon. — Seokjin disse dando um tapinha nas suas costas.

— Ok, Ok. — Levantou-se dando um sorriso para o amigo. — Prometo tentar não estressá-lo.

— Não é para irritá-lo de jeito nenhum. — Jin falou sério.

Jungkook bufou concordando, jogou o copo de café na lixeira e voltou correndo para o hospital fazendo uma promessa que se Taehyung finalmente falasse a verdade, iria ser o melhor pai do mundo.

Melhor.

— Dr. Jeon, precisamos conversar. — Uma das enfermeiras falou enquanto Jungkook continuava correndo determinado até ao andar que o Kim se encontrava.

— Eu não posso falar agora! Tenho uma emergência. — Mentiu, já subindo os degraus da escadaria e se amaldiçoando por não ter pegado o elevador que seria bem mais prático e o pouparia muito fôlego.

— Jesus, eu sou um sedentário. — Reclamou, parou por uns instantes e escorou o corpo na parede, colocou a mão no peito e contou até dez mentalmente para conseguir recuperar o fôlego. — Ok, estou bem. — Falou consigo mesmo e voltou a correr até a porta branca e padrão do quarto de Taehyung.

Deu uma batida de leve e a abriu em seguida invadindo o quarto que tinha um cacheado sentando na cama mal humorado e com os braços cruzados, parecia até que já o esperava.

— O que é agora? — Perguntou como um velho ranzinza.

— Eu sei que sou o pai, fiz um exame de DNA sem seu consentimento. — Mentiu sem nem ao menos saber o motivo de ter dito isso.

— Você fez o quê? — Os olhos castanhos se arregalaram e Taehyung ficou com uma cara adorável de sapo, mas Jungkook não diria aquilo em voz alta, pois com certeza seria um homem morto.

— Você escutou, Senhor Kim. — Conseguiu dizer novamente. — Eu sei que sou o pai do bebê que não tem nome. — Colocou a mão no bolso e esperou alguma reação do encaracolado, mas não veio um ataque de histeria ou um sapato voador em sua direção.

Taehyung literalmente não teve nenhuma das mil reações esperadas, ele apenas começou a chorar freneticamente, Jungkook se desesperou ao vê-lo daquela forma tão quebrado, os olhos vermelhos, cachos caindo sobre o rosto, corpo tremendo devido aos altos soluços. E por Deus, iria começar a chorar junto, mas era de desespero. Ele só fazia merda.

— Por favor, não chore. — Foi até ao mais novo que estava encolhido na cama em prantos. Jeon não pensou, apenas o abraçou forte e começou a arrumar os cachos atrás da orelha. — Olha, me desculpa, eu estava...

Antes que pudesse dizer a verdade, Taehyung se aconchegou mais em seus braços e começou a falar.

— Eu esperei você no lugar que marcámos por horas, fiquei decepcionado, mas pensei que você iria me ligar e dizer que ficou preso no trabalho ou qualquer outra desculpa, mas isso não aconteceu. Então durante duas semanas fiquei igual um idiota lhe esperando dar alguma notícia, fui para a balada que nos conhecemos e nunca mais o vi lá. Acabei desisti de esperar alguma notícia sobre você, mas então começou os enjôos matinais, cansaço, dores e todos os outros sintomas de gravidez. Yoongi comprou o teste de gravidez e surpresa, eu ia ser um pai solteiro aos 21 anos. — Suspirou e Jungkook se sentiu culpado, muito culpado. — Namjoon descobriu seu número, então eu contra minha vontade liguei para você quando descobri que estava grávido, só que uma mulher atendeu e falou que era sua namorada, pediu para deixar algum recado, mas eu apenas falei que não era nada demais e desliguei determinado a ser pai solteiro, não queria causar problemas na sua relação. — Concluiu entre uma confusão de soluços.

Argh, Jeon queria que o mesmo parasse de chorar, mas a única coisa que sabia fazer era apertá-lo em seus braços e fazer carinho em seus cachos cor de chocolate com cheiro de frutas vermelhas.

— Me perdoa, Taehyung! Irei ser um pai presente, só me dê uma chance e eu prometo nunca deixar nem você e nem o bebê desamparado. — Falou sentindo um aperto em seu peito fora do normal. — Você me dá uma chance?

O Kim sacudiu a cabeça e fungou mais um pouco.

— Ok, só não nos decepcione. — Respondeu, com a voz embargada, porque apesar de tudo Taehyung era frágil, não era forte como fingia para todos, ele chorou noites a fio quando descobriu que estava grávido e sem ninguém para ajudá-lo, pois sua mãe lhe deu as costas.

— Eu prometo nunca decepcioná-los. — Jungkook disse sentindo um peso enorme saindo de seu peito e aproveitando aquele momento de choro e promessas, deixou um pequeno beijo na testa do Kim e secou as lágrimas que ainda escorria pela a sua face.

— Nunca mesmo? — questionou e Jungkook percebeu que o encaracolado estava com dúvidas ainda, não queria que o mesmo sentisse dúvidas, então iria mostrar que poderia ser de confiança, pois palavras podem ser vazias, promessas são quebradas facilmente, então precisaria demonstrar com atos, precisaria mostrar para Taehyung que sempre estaria ao seu lado e de seu filho.

Mas só por causa do bebê, afinal, conhecia Taehyung pouco e não sentia nada além de um pouco de afeto.

Um pouco.

Por ora.

Boa noite!

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