- CAPÍTULO 46 -

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Dulce Maria

Fiquei sem reação nenhuma quando ouvi a enfermeira dizer aquele nome, por um momento achei que pudesse estar ouvindo errado ou estar alucinando novamente. Não era possível. Então pedi que ela repetisse mais uma vez o nome

— Repita por favor

— Blanca Saviñon. Ela disse que te viu aqui e quer conversar com você

Seria ela a pessoa com os cabelos castanhos que eu vi passar pela gente na emergência?
—- Onde ela está?

— Está na UTI, levou dois tiros de bala perdida no aeroporto

— Eu..Eu...Eu não vou lá agora, vou resolver umas coisas e se decidir ir eu aviso

— Como quiser - Assentiu e foi embora

As coisas que eu tinha para resolver eram somente minhas confusões com os meus pensamentos. Andei um pouco pelo hospital pensativa e tentando entender tudo o que acontecia naquele momento. Eu ao mesmo tempo que queria ir vê - la pois tinha muitas perguntas a fazer eu também não sei se queria pois tinha medo das respostas.

Encontrei Anahí, Christian e Poncho novamente mas decidi não contar a eles o fato daquela mulher estar ali

— Como você vai dormir com ele aqui hoje nós vamos embora mas eu venho amanhã, está bem? - Perguntou Poncho, abraçado com Anahi.

— Uhum - Somente assenti

— Amiga você está bem?

— Sim, estou

— Ok então, até amanhã

Me despedi dos 3 e foi para o quarto de Christopher, que ainda estava acordado

— Vai dormir aqui comigo?

— Sim

— Não deveria, eu estou bem! Você pode ir para casa se quiser

— Não vou, quero ficar aqui

— Porque está com a voz desanimada? Eu estou bem e já concordei em ir no seu psicólogo

— Não é isso, é que....

- O que foi então? Dulce você não me engana, eu posso não ver mas reconheço a sua voz

— Está bem, vou te contar...- Fechei os olhos e contei até 3 mentalmente - Minha mãe está aqui e quer me ver

— Ela não tinha fugido?

— Sim

— E como sabe que ela está aqui?

— Depois que eu sai daqui do quarto uma enfermeira me parou no corredor e disse que ela estava aqui e queria me ver

— Que mundo pequeno - Disse ele

— Pois é - Dei de ombros

— E você já foi ver ela?

— Não e não sei se vou

— Porque não? Aposto que você tem muitas perguntas para fazer para ela

— Tenho muitas mesmo, mas não sei se quero pois tenho medo das respostas

— Talvez ela queira te dar uma explicação do porque ter ido embora

— Talvez...Não sei...Como você me pediu eu vou te contar sobre a minha vida

— Sou todo a ouvidos

— Meu pai faleceu quando eu ainda era pequena, inclusive esse pingente ele deixou para que minha mãe me entregasse quando eu fizesse 15 anos - Peguei a mão dele e coloquei em cima do meu pingente para que ele pudesse sentir - minha mãe criou eu e Cláudia sozinha, nunca nos faltou nada porém era nítido que minha mãe tinha uma certa preferência pela minha irmã. Ela sempre ganhou as melhores roupas e os melhores brinquedos e ela sabia que eu percebia e não ligava. Ela não era também uma pessoa muito carinhosa. Quando eu era nova ainda eu vi um primo meu morrer na minha frente e minha mãe não pareceu se importar muito comigo, apenas disse para eu tentar esquecer a cena e me deu um computador. Com o passar dos anos ela se afastou, principalmente de mim. Ela começou a sair bastante e eu e Cláudia desconfiávamos de que ela saia com homens mas ela nunca nos contou nada. Mamãe quando falava algo era somente " Oi", " tchau " e pedia dinheiro. Quando Cláudia descobriu a doença ela só disse que não iria viver mais com a gente e que iria embora. Eu tentei convencê - la a ficar com a justificativa de que Cláudia precisaria dela também mas ela disse que não poderia, praticamente vomitou as palavras na minha cara dizendo que não me amava e que só me teve e cuidou de mim porque meu pai quis, pois por ela, ela teria me abortado. Quando acordamos no dia seguinte ela já não estava mais em casa. Então ficamos só eu e minha irmã, nós tínhamos uma ligação muito forte e eu procurei ficar com ela até seu ultimo minuto de vida.

𝑨𝒎𝒊𝒈𝒐𝒔 𝒄𝒐𝒏 𝑫𝒆𝒓𝒆𝒄𝒉𝒐𝒔  | Vondy |Onde histórias criam vida. Descubra agora