YUNGI - Hidden Love

Primeira Noite

YUNHO

Procurava no meu porta jóias um brinco discreto antes de descer e pedir a chave do carro. Meu pai nunca me deixou furar a orelha e odiava quando eu usava brinco de pressão, mas fazer o quê se aquele era o mínimo de rebeldia que podia me dar o luxo de ostentar.

Saí com o carro seguindo a localização que Seonghwa havia me passado e não esperava muita coisa, mas me surpreendi. O local era amplo, com algumas luzes na porta e reconheci os meninos no mesmo instante.

Não esperava ver San ali, mas ele parecia bem confortável. Wooyoung me abraçou como sempre fazia quando estava levemente bêbado, mesmo que não tivéssemos muita intimidade e os outros dois me cumprimentaram com os olhos.

— Como está o nosso futuro advogado? — O Jung me provocou. Naquela noite eu queria gastar toda minha imaturidade, já que aquela pergunta me acompanharia por longos anos.
— Vamos conseguir uma boa transa pra você. — Seonghwa falou com o sorriso de canto.
— Tá bom.
— O quê?
— Você disse que ia me arrumar uma transa e eu disse que tá tudo bem. Quero aproveitar essa noite sem pressão, então não se preocupem tanto, mas não vou ser o Yunho bonzinho que vocês conhecem. — Comecei a caminhar rumo a entrada. — Vamos?
— Let's do this. — Ouvi San dizer caminhando logo atrás de mim com a mão no bolso.

Por mais que o ambiente fosse lindo, o que estava acontecendo era totalmente sem graça. Não gostava desse tipo de festa porque era tudo muito silencioso, desde os flertes até as outras coisas. Wooyoung me arrastava para algumas festas populares e sempre passava a noite com um menino aleatório que nunca mais veria e eu estava procurando por isso.

Entretanto, sair dali não era uma opção. Fazia parte dos nossos modos, acompanhar o fluxo até o final, por mais que não gostássêmos ou estivéssemos desconfortáveis. Seonghwa foi o primeiro a se afastar de nós, provavelmente já tinha encontrado alguém. Wooyoung ainda tentou me arrastar para duas pessoas, mas acho que não estava bêbado o suficiente. Quando olhei em volta, o Park já estava fora do meu campo de visão. Deixei que San e Wooyoung se afastassem também até encontrar um rapaz servindo uma mesa a uma distância considerável. Seus olhos eram pequenos mas sua altura me chamava atenção.

Ele não passaria despercebido nem se quisesse.

Nossos olhares se encontraram, mas não sabia se estava sorrindo ou com uma expressão neutra. Comecei a segui-lo com os olhos pelo salão enquanto servia os outros convidados, já que minha noite estava bem tediosa. Um rapaz se sentou próximo a mim, mas eu estava tão distraído que devo tê-lo feito perder o interesse.

O garçom se aproximou de mim após alguns minutos com um olhar culpado, provavelmente pensando que eu o encarava por fazer algo errado.

— Precisa de alguma coisa, senhor?
— Sim, eu quero vinho. — Indiquei qual taça deveria servir, mas ele já tinha passado da quantidade ideal, então chamei sua atenção. — Chega.

Ou ele estava nervoso ou era muito burro. O vinho transbordou da taça e derramou na mesa, manchando aquele sedoso tecido branco com o líquido. Não somente a mesa, mas também minha roupa recebeu respingos de vinho.

— M-me desculpe, senhor, eu posso limpar, só preciso de...
— Não tem problema, eu tô bem. — Já não tinha planos de sair dali mesmo, pelo menos agora tinha um motivo.
— Vem comigo. — Disse ao deixar a bandeja na mesa e me puxar às pressas pelo braço até o banheiro.

Ele tirou uma toalhinha do bolso e molhou na pia, passando na minha camisa, o que honestamente, mais manchava do que limpava.

— Tá tudo bem... Song Mingi. — Li seu nome no crachá. — Ele tirou a máscara e me olhou pra alguns segundos. Geralmente minhas expectativas eram quebradas quando via alguém sem máscara, mas esse homem era 300% mais bonito do que imaginei.
— Me desculpe mais uma vez, senhor. — se reverenciou.

Eu estava com a camisa suja, numa festa chata, sem nenhum acompanhante e ele, provavelmente cansado de todo aquele trabalho, procurou apenas uma desculpa pra respirar um pouquinho.

Esperto.

Nenhum de nós tinha nada a perder, então o que aconteceu se assemelha a uma cena de filme mal editada, onde num momento estávamos nos encarando e no outro, nos beijando.