Tudo Tem Uma Segunda Vez

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MINGI

Meu dia poderia ter sido muito melhor se não fosse aquela ligação, mas não podia evitar.

Aparentemente a senhora Jeong, mãe de Yunho, faria uma grande festa de aniversário e estava precisando de garçons. Eu não sou de recusar bicos, mas esse me custou muito aceitar, porque eu faria de tudo pra evitar aquele engomadinho metido a besta.

Yeosang quase pulou de alegria quando contei a oferta. Ele já quis cursar direito e via o Jeong como uma grande inspiração. Acho bobo demais se inspirar em gente rica que só é rica por herança e não por um esforço árduo ou grande talento, mas se ele o motivava a levantar da cama cedo, quem era eu para julgar?
Ele e Hongjoong pareciam animados em conhecer aquela mansão e tratavam aquilo como se fosse uma ida ao museu, quando na verdade, só ficaríamos em pé andando de um lado para o outro no jardim.

Revirei os olhos quando contei tudo a minha mãe, que também estava animada. Ela parecia estar se apegando àquela família e de certa forma isso me irritava, pois eles nunca a veriam como nada mais que uma empregada, enquanto ela já se preocupava com Yunho como se fosse seu filho.

Sim, eu reconheço que o nome disso é ciúmes.

O tempo não demora a passar quando se trata de trabalho, então acordei com uma ligação desesperada de Hongjoong me dizendo que estava atrasado, mas estava bem longe disso.

O Kim costumava levar essas coisas a sério demais, talvez por ser mais velho e já ter experienciado mais vezes, ele sempre tomava a liderança e nos instruía nessas situações.

— Sei que está animado, Yeosang, mas tente não encarar tanto. — Pronunciou enquanto amarrava o avental na cintura. O Kang concordou em silêncio e saímos em direção ao pátio, onde a luz do sol já se fazia forte.

Os regadores do chão criavam o conhecido reflexo de arco-íris graças às gotículas de água e me peguei observando isso por um segundo antes de me concentrar ao trabalho. Uma voz conhecida surgiu atrás de mim e me virei instantaneamente para respondê-lo

— O que faz aqui?
— Não vê? Trabalhando. — Me atrevi a uma resposta ousada por estarmos longe da maioria. Yunho usava um moletom cinza com uma boina em tom parecido na cabeça, sua franja estava levemente cacheada caindo sobre os olhos.
— Por quê? Você já trabalha...
— É muito burro ou muito ingênuo se acha que aquilo consegue manter a mim e minha família. Nos conhecemos assim, não está lembrado? — Completei sua taça antes de me dirigir às mesas e servi-las uma a uma.

Achei que não estávamos sendo observados, mas foi só eu entrar na cozinha para receber uma repreensão de Hongjoong, me olhando de cima a baixo.

— O que estava fazendo conversando com aquele homem? Não interagimos com essa gente. — Sua voz era firme, como se fosse um crime fazê-lo.
— Ele só tava me fazendo perguntas bobas.
— Tem câmeras por todo lado, se ele inventar alguma mentira sobre você, ele está certo.

Sua fala me deu arrepio. Nunca tinha parado pra pensar isso de Yunho, o que fez meu coração arder em raiva. Ele tinha todo controle nas próprias mãos, primeiramente, aquela era a sua casa. Não podia me dar o luxo de fazer nada, nem ao menos ser ignorante com ele. Onde já se viu um empregado tratar mal o patrão?

***

Sentia o sol queimar minha pele por cima da manga da camisa, mas não podia fazer nada a respeito, literalmente ninguém além de mim se importava. Depois de três horas andando sem parar, meus pés começaram a pedir socorro, então decido ser teimoso vou até a cozinha. Tiro os sapatos e finjo que estou mexendo em algo na pia, caso alguém apareça, mas permaneço alguns segundos sozinhos gastando água à toa.

É possível notar alguns passos de alguém se aproximando, me fazendo desligar a torneira e me virar em direção a pessoa que está na minha frente. Yunho não usa mais boina, e sim óculos. Provavelmente estava estudando ou lendo, já que o cabelo está um pouco bagunçado, dessa vez, de forma não proposital.

— Hã... Eu vim pegar água. — Ele fala como se não esperasse me ver ali e quer que eu pegue água para ele. Ainda estou sem os sapatos, por isso permaneço parado. Ele me encara procurando alguma explicação para o meu silêncio, até se deparar com meus pés e sorrir de lado, caminhando até a geladeira para saciar a sede. Envergonhado, comecei a calçar os sapatos e arrumar a bandeja para voltar até o pátio, mas seu
braço me impede. — Está doendo? — Se referiu aos meus pés. —  Vem comigo.

Sua mão me puxou até a escada. Subimos desajeitados pelo fato de não ter calçado direito e caminhamos até onde parece ser seu quarto. Há um enorme guarda roupa de um lado, umas poltronas elegantes, uma escrivaninha e uma sapateira aberta, onde consigo ver seus calçados e apenas um par compraria minha casa.

— Senta aí. — Apontou para uma das poltronas.
— Me trouxe até aqui pra sentar? Eu tô trabalhando, sabia?
— É, você parecia trabalhar muito quando te encontrei lá embaixo. Pelo menos aqui tem um lugar confortável e ninguém pode te pegar no flagra. — Sua ideia era boa, mas não muito eficiente. Com certeza já estavam sentindo minha falta, então me virei para sair, mas novamente, seu toque me impediu. — Então pelo menos fica comigo. — Sua mão desceu um pouco até meu peito e me senti machucado por suas palavras. Por um breve momento, achei que suas perguntas bobas eram uma maneira ineficaz de me conhecer melhor, mas ele só queria uma maneira de se encontrar a sós comigo, como naquela vez. Não me abalei, transar com ele, era ficar com ele e já era melhor que nada.

Esse era o meu lema: não perder nenhuma oportunidade.

Encarei seus olhos antes de me ajoelhar e descer sua calça com cuidado, como se qualquer barulho ali fosse alto demais. Toquei seu membro que já estava rígido, sobre a cueca, o que me fez pensar que aquele desgraçado estava planejando isso há um bom tempo, pois só havia me tocado uma vez até então. Ou sua mente era muito fértil ou seus hormônios eram aflorados, pensei comigo mesmo, enquanto descia a cueca e o masturbava antes de abocanlhá-lo de uma vez. Rocei minha língua pela glande, o que rendeu um suspiro abafado, até começar com movimentos leves, ouvindo sua respiração compassada às minhas ações. Me sentia tão pequeno ali aos seus pés, ele só me via como alguém para saciar suas vontades, e se era assim, deveria fazer meu trabalho direito.

Yunho segurava o próprio pescoço em busca de mais estímulos e aquilo me incentivou a ir mais rápido. Seus gemidos, que antes eram apenas suspiros pesados, se tornavam aos poucos frases sujas que não me incomodavam nem um pouco. Senti seu corpo tremer e o líquido jorrar pela minha boca, o que indicava que estava acabado.

Enguli aquela porra e me levantei, passando as costas da mão nos lábios para terminar de limpá-los. Encarei seus olhos pela última vez antes de sair e pedia aos céus que aquele garoto estivesse satisfeito o suficiente para me esquecer.

YUNGI - Hidden LoveWhere stories live. Discover now