SEGUNDO

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"You told me you loved me
Why did you leave me all alone"

CRY MY A RIVER - JUSTINS TIMBERLAKE



Sempre escutei que a gente sempre sabe quando esta sendo traído, só que não queremos acreditar e então colocamos todas as desconfianças em baixo dos panos e continuamos vivendo o nosso sonho de relacionamento perfeito. E eu desconfiava que tinha alguma coisa errada com os sumiços de Peter, e as desculpas esfarrapadas que me deva sobre os seus atrasos, seu telefone sempre no silencioso e em como ele desligava quando estava comigo, com a desculpa de aproveitar melhor os momentos que dividíamos.

Eu me sinto patética.

Por acreditar nas falsas promessas e nas mentiras que ele me contava. 

Limpo as lágrimas secas que escorreram por meu rosto e olho em volta. Estou sentada no balcão de um bar que eu nunca fui e que se estivesse em outras condições, eu nem entraria. Não tem muita gente, apenas umas quatro ou cinco mesas cheias e  sem se importar com a garota chorando no bar e que não parece combinar muito bem com a decoração do bar. 

Um novo copo de bebida e servido na minha frente e eu vejo o líquido amarelado no copo com gelo. Sem perguntas, interferência, onde eu pude apenas chorar e beber vários e vários copos de bebida alcoólica, usando pela primeira vez a minha identidade verdadeira para provar que tenho vinte e um anos e posso beber legalmente. 

Sinto vontade de ir ao banheiro, a minha bexiga está apertada, mas tudo fica rodando quando desço do banco para o chão. Rio. 

— Você está bem? — Escuto alguém me perguntar. Fecho os olhos por alguns instantes para fazer tudo parar de girar e confirmo apenas com um simples "sim". — Seu telefone está tocando. 

Abro os olhos e vejo o meu celular em cima do balcão anunciando uma ligação. Ele está no silencioso e eu não o ouvi tocar, não consigo ler direito quem está me ligando então apenas atendo ser saber quem é. Mas sabendo que não é ele. 

— Alo? — Atendo o telefone e percebo que minha voz sai engraçada. 

— Barb? — Escuto, conheço a voz de algum lugar, mas agora eu não consigo me lembrar. — Onde você está? Por que não está atendendo o seu telefone?

— Quem é? — Minha voz sai embolada. Viro para a moça do bar, que estava me atendendo até então e mesmo com minha vista embaçada, percebo o quanto ela é bonita. — Moça, você sabe me dizer onde eu estou? — Ela me diz e eu tento lembrar como eu vim parar tão longe. — Você sabe como eu vim parar aqui? 

— Barbara, não saia dai! — Escuto ordens do telefone e reconheço a voz do Alex e me irrito. 

— Quem você acha que é para me dá ordens?! — Grito para a tela do telefone e desligo a ligação, bebo um longo gole da bebida que a moça do bar havia me entregado minutos antes e saio a procura do banheiro. 

Encontro depois de quase entrar no banheiro masculino. Vou direto para uma cabine e começo uma luta contra o zíper lateral da minha saia, que parece estar preso em algo e não desce de jeito nenhum. Me irrito, chuto o ar e meu cabelo solto me incomoda. Esqueço a saia por segundos apenas para prender meu cabelo em um rabo de cavalo que eu tenho certeza que está mal feito. Depois de prender o cabelo, volto a minha luta contra o zíper da saia no cubículo do banheiro, eu só não caio no chão sujo por que me encosto nas paredes. Irritada, coloco toda a força que eu tenho para abrir a saia, mas a cabeça do zíper sai na minha mão e ele continua fechado. 

— Puta que o pariu! — Grito sozinha. Jogo longe o micro pedaço de plástico e então percebo. Estou de saia. Passo a mão no meu rosto, não acreditando no tamanho da minha burrice e puxo minha saia até minha cintura, abaixo a calcinha e me equilibro para não encostar no assento do vaso sanitário. Quando termino, tento parecer o mais sobrea possível antes de sair do reservado e vou direto para a pia do banheiro sabendo que minha tentativa foi falha. Eu estou completamente bêbada. 

Me olho bem no espelho, meu cabelo está bagunçado, meu batom está borrado e o meu rímel escorreu e ficou preto em baixo dos meus olhos. Tento passar os dedos molhados ali para limpar, mas já está seco e não sai com facilidade, então ignoro por hora, me olho no espelho mais uma vez antes de sair e digo para mim mesma.

— Patética. 

Saio do banheiro e esbarro em algo. Peço desculpas e tento ir de volta ao bar, mas alguém segura meu braço me impedindo. 

— Me solta. — Peço. 

— Barb? — Como ele sabe meu nome? Olho para trás e encontro Alex me olhando confuso, logo sua expressão muda para assustado. — O que aconteceu? Você está há mais de trinta minutos lá dentro, segundo a moça do bar, já estava quase entrando lá dentro para te tirar. 

Por que Alex está aqui? Isso quer dizer que Peter estava ali também? Sinto meu coração acelerar e meu estomago revirar ao me lembrar da cena de mais cedo. Peter, meu noivo, dormindo abraçado ao lado dela. Sinto vontade de chorar. Meu estomago parece perceber que tem álcool de mais ali e começa a me dá sinais de que vou vomitar. A voz de Alex parece cada vez mais distante na minha mente, mas eu não quero chorar na frente dele. Eu posso chorar na frente de qualquer pessoa menos na frente do Alex. Sinto meu estomago embrulhar ainda mais e volto correndo para o banheiro, abro a porta do primeiro reservado que eu vejo na frente e levantando a tampa do sanitário, colocando para fora toda a bebida que eu tinha ingerido. 

Sinto alguém alisar minhas costas e puxar os fios de cabelo que escapam do meu rabo de cavalo e volta para frente do meu rosto. Eu me sinto cada vez mais patética e tenho cada vez mais vergonha do meu estado deplorável. Limpo minha boca com a mão e sento no chão sujo, encostando-se na parede. De olhos fechados, escuto Alex me perguntar: — Pelo amor de Deus Barbara, o que aconteceu? 

Começo a chorar. 

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Nada Quebra Como Um CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora