Prólogo

16 2 0
                                    

Na parte de trás da casa de Abby, minha colega de classe que estava comemorando seu aniversário hoje, um aglomerado de pessoas se remexiam de acordo com a batida da música ao fundo na pista de dança, alguns agarrados, outros sozinhos e tinha eu, que não dançava de jeito nenhum. Mas estavam todos juntos, grudados... suados.

— Qual é, boneca? Vem dançar — Josh me chamou pela terceira vez, pegou no meu pulso de novo e dessa vez a pressão estava mais forte.

Meu namorado tinha o péssimo hábito de ficar um pouco agressivo quando bebia um pouco mais da conta. Ele havia bebido muito mais do que um pouco.

— Josh, já disse que não quero! Não estou no clima. Prefiro ficar aqui.

Eu realmente não estava no clima, um amontoado de problemas esperava por mim em casa, e eu sabia disso. Por mim não teria nem vindo, mas minha mãe e minha irmã insistiram tanto que acabei cedendo.

Alerta de spoiler: foi um grande erro!

Josh fechou a cara e me puxou com brutalidade colando seu corpo ao meu e me prendendo com os dois braços, a mão espalmada e firme na base de minhas costas me mobilizava completamente, porque ele era sem dúvidas dez vezes mais forte que eu.

— Tá me machucando, seu idiota! — gritei mas em vão, ele não pareceu me escutar ou fingiu que não. Tentei me desvencilhar de seus braços e falhei. — Por favor, me deixa em paz! — gritei novamente arrancando todo o fôlego do meu corpo e ao mesmo tempo me debatendo.

De repente, alguém segurou meus ombros, me puxando para trás e Josh me soltou um pouco por tempo suficiente para eu me desprender. Era Will, meu amigo, e ele parecia furioso.

Só quando senti que estava livre foi que tive coragem de partir pra cima de Josh, acertei-lhe dois socos antes de Paul me segurar.

— Escuta aqui, sua putinha. Nunca mais ouse me bater, ouviu bem? Ou a coisa vai ficar feia pro teu lado, piranha!

— Seu filho da puta, desgraçado! Você sabia! Você sabia que eu não estava bem, sabe que não gosto dessas brincadeiras — gritei em meio às lágrimas que rolavam em meu rosto. Já estava cansada disso, há muito tempo — Nunca mais toca em mim! — disse apontando o dedo em riste na cara de Josh, que me encarava espantado. — Acabou! Isso... nós dois, acabou! Só me deixa em paz, por favor.

Corri para fora da casa de Abby. Ouvi sons abafados de algumas pessoas chamando meu nome mas não parei, corri até me sentir segura, e por algum motivo eu só me sentia cada vez mais aflita, e não era porque eu havia acabado de terminar meu namoro.

Só quando não tinha mais fôlego foi que parei. Senti meu celular vibrar no bolso traseiro da minha calça jeans. Puxei com agilidade o aparelho e atendi assim que vi o nome de minha mãe na tela acesa do dispositivo.

— Mãe? O que foi? — perguntei assim que atendi, meu peito subia e descia por causa da fuga, e de repente meu coração acelerou, não mais por causa da falta de ar, por causa da ansiedade. Um incômodo estranho consumiu meu peito, parecia que o simples processo de respirar e expirar se tornara impossível, meu coração martelava e parecia que o mundo inteiro emitia aquele som pavoroso. O silêncio do outro lado da linha confirmou minhas suspeitas, mas ainda não queria acreditar — Mãe... não...

— Ainda não, venha pra casa, por favor.

— Chego em cinco minutos — forcei minha voz a sair.

Peguei um táxi para casa, eu não estava longe e em exatamente cinco minutos eu já estava passando pelo hall da entrada.

— Ela está no quarto, não para de chamar por você — disse mamãe assim que me viu, os olhos cheios de lágrimas.

Corri para o quarto de cima e entrei num rompante com o coração apertado.

Eu ainda queimo por você Where stories live. Discover now