EGNIUS

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– Que se foda! – Gritou o dragão em cima do castelo. Bem ao topo podia observar todo o reino, inclusive a floresta e o campo de treinamento. Sabia o que tinha acontecido e que o pai estava a sua procura indo em direção a ele. Suas escamas avermelhadas se camuflavam perante a luz radiante do Sol. Os Newles pareciam formigas quando visualizadas daquele ponto. O vento balançava seu cabelo dourado, fazendo seus chifres ficarem a mostra. Estava sentado em uma das torres do castelo de pernas cruzadas e em alguns momentos deitava nos tijolos e olhava o céu. – Eu queria voar sem rumo para algum lugar que não seja aqui, como uma nuvem. Bom...hora de encarar outro sermão! – disse com insatisfação.

Desceu o longo castelo usando suas asas para planar e caiu bem na varanda de seu quarto. Todos os quartos tinham basicamente a mesma estrutura. Seu quarto era idêntico ao de Neko em alguns quesitos, porém sua decoração era mais requintada. Egnius nunca se interessou tanto por ler como Neko. Preferia fazer atividades que não gastassem muito sua energia. Alguns papeis e restos de comida estavam espalhados pelo seu quarto, fazendo-o ter que desviar de alguns para chegar na sua cama desarrumada. Tinha uma estante com alguns minerais que colecionava como granadas, safiras e esmeraldas.

Em cima da porta existia um retrato de uma bela mulher de escamas verdes, cabelos castanhos e olhos dourados. Trajava um vestido azul com toques brancos e brincos luminosos que reluziam por conta da tinta ofuscante usada no quadro. Sua expressão parecia ser de felicidade e euforia. Era bela, com um corpo forte e garras finas pintadas de vermelho. Olhou para o quadro fixamente.

– Por que você teve que partir, mãe? – Ficou deitado na cama de bruços, observando a pintura. Os brincos foram feitos pelo seu pai, com seu poder congelante que nunca derretia. Já se faziam 17 anos que ela havia morrido no incidente que acarretou milhares de mortes de sua raça. Os humanos atacaram o castelo há 17 anos e conseguiram adentrar as estruturas mais profundas do complexo. Era um bebê na época e não soube muito sobre o que aconteceu no passado. Sua mente ficava bem confusa quando tentava lembrar. Se não fosse pelo quadro, não saberia como ela seria. Cresceu sem sua mãe ao seu lado, tendo somente pequenos fragmentos de seu rosto e voz, mas quem mais sentiu sua perda, foi seu pai.

Drako era seu pai e isso era bem claro. A aparência de ambos era quase que idêntica, porém puxou os olhos e personalidade da mãe, sendo as únicas coisas que o diferenciavam dele.

Quando seu pai tinha sua idade, era extremamente introvertido e calado, isso o fez se afastar muito dos outros e se concentrar muito nos treinos para ser um general. Sua magia se manifestou rapidamente conforme evoluía seus conhecimentos acerca de artes marciais e logo se tornou um dos Newles mais poderosos por conta de seu foco em batalha e sua expressão fria e calculista. Não tinha sequer um pingo de misericórdia com os inimigos e nunca sorria quando participava das festas do castelo. Logo o Rei o chamou para fazer parte da realeza, mas não como general e sim como seu braço direito.

Licaon sempre foi um exemplo para Drako. Desde criança viu o jovem lobo sendo um líder independente, defendendo seu ideal e protegendo a todos. Drako tinha inveja do quanto Licaon era brilhante e generoso, mas logo a inveja se tornou admiração e consequentemente, rivalidade. Treinou muito na infância para ser reconhecido como amigo do Rei, e assim foi feito.

A magia de Drako era a única capaz de competir com o fogo ardente do Rei lobo. O dragão deu o nome de "Gelo", a manifestação física de seu comportamento impiedoso e reservado. Sua magia crescia a cada dia que ele ficava mais frio com os outros, já estava se tornando uma máquina de matar humanos, porém alguém fez com que seu poder enfraquecesse, tornando-se um dragão mais confortável conforme foram se conhecendo. Drako conheceu sua mãe depois de algum tempo no castelo, eles se apaixonaram e o jovem dragão começou a aprender sobre o que era compaixão e amor. Sua reputação começou a mudar, as pessoas não sentiam mais medo dele e sim admiração.

O Reino de NewlesOnde histórias criam vida. Descubra agora