18h10 Hora da Costa Leste - 23h10 Hora de Greenwich
Da mesma maneira que a claustrofobia de Maya de vez em quando faz com que os lugares mais vastos fiquem minúsculos, alguma coisa naquela festa — a música ou a dança, ou talvez o champanhe — faz com que as horas não sejam apenas um punhado de minutos. É como uma daquelas montagens no cinema em que tudo está acelerado; as cenas são meros flashes, as conversas são apenas instantes.
Durante o jantar, Scott e Virginia fazem seus discursos — o dele cheio de risos, o dela cheio de lágrimas —, e Maya observa Candice e o pai enquanto escutam as homenagens com olhos brilhando. Mais tarde, depois de cortar o bolo e depois de Candice conseguir fugir das tentativas do marido de sujá-la de bolo, como ela conseguiu fazer com ele, a música volta a tocar. Quando o café é servido, estão todos exaustos à mesa, com as bochechas vermelhas e os pés doendo. O noivo se senta entre ela e Candice, que — entre goles de champanhe e pedaços de bolo — olha para ele.
— Tem alguma coisa no meu rosto? — pergunta ele.
— Não, só estou querendo saber se está tudo bem com vocês dois — admite ela — depois da discussão no meio do salão.
— Parecia uma discussão? — diz o noivo com um sorriso. — Era para ser uma valsa. Errei os passos?
Maya vira os olhos para cima.
— Ele pisou no meu pé pelo menos umas 12 vezes — diz ela para Candice —, mas fora isso está tudo bem.
O pai abre a boca de brincadeira.
— Não foram mais que duas vezes.
— Desculpa, amor — diz Candice —, mas vou ter que concordar com Maya. Meus dedinhos esmigalhados são testemunhas.
— Estamos casados há apenas algumas horas e você já está discordando de mim?
Candice ri.
— Prometo que vou discordar de você até que a morte nos separe, querido.
Do outro lado da mesa, Virginia bate na taça com uma colher, e, em meio ao som de vários copos e talheres, os noivos se beijam novamente e só param quando percebem que tem um garçom atrás deles esperando para pegar os pratos.
Quando seu prato é retirado, Maya afasta a cadeira e se inclina para pegar a bolsa.
— Acho que vou dar uma volta para tomar um ar — anuncia.
— Está se sentindo bem? — pergunta Candice, e Scott pisca de novo olhando para a taça de champanhe como se quisesse dizer que tinha avisado sobre a bebida.
— Estou bem — responde rapidamente. — Volto daqui a pouco.
O pai encosta na cadeira e sorri.
— Diga para sua mãe que mandei um oi.
— O quê?
Ele aponta para a bolsa dela.
— Diga que mandei oi.
Maya sorri com vergonha, surpresa por ele ter adivinhado com tanta facilidade.
— Sim, eu ainda tenho o sexto sentido de um pai — diz ele.
— Você não é tão esperto quanto pensa — responde e se vira para Candice. — Você vai se sair melhor. Acredite em mim.
O pai abraça Candice e sorri para a filha.
— Sim — concorda e beija o rosto da nova esposa —, com certeza, vai.
Maya se afasta e ouve o pai começando a entreter o restante da mesa com histórias de sua infância, de todas as vezes que foi salvá-la, de todas as vezes em que já sabia o que estava acontecendo. Ela se vira mais uma vez e ele para de falar quando seus olhares se encontram. Suas mãos estão no ar como se demonstrasse o tamanho de um peixe ou de um campo, ou algum detalhe de uma fábula do passado. Ele pisca para a filha.
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Amor à primeira vista [Thomas Sangster]
FanfictionQuem imaginaria que quatro minutos poderiam mudar a vida de alguém? Mas é exatamente o que acontece com Maya. Presa no aeroporto em Nova York, esperando outro voo depois de perder o seu, ela conhece Thomas. Um britânico fofo, que se senta a seu lad...