XIV

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Anna

O balançar do carro continua e eu olho ao redor ainda tonta, faz apenas alguns segundos desde que despertei seja lá do que foi que aconteceu com o meu corpo, seja sono ou outra coisa. Apenas me lembro de apagar e sentir meu corpo cair contra o asfalto da rua quando o carro preto se aproximou de mim.

Gemo de dor assim que toco meu braço e me assusto com a voz de August ecoando pelo ambiente do carro.

— Estamos quase chegando. — Ele fala e eu olho para a garrafinha de água na mão nele indicando que eu pegasse — Beba, acho que você é pequena demais para a dose que eu lhe dei.

— Onde nós estamos? — Me levanto sentindo minha cabeça pesar.

— Procurando pelo seu tio. — Ele faz uma curva e eu me deito novamente no banco — Lorenzo é um filha da puta que não me disse que estava metido com problemas envolvendo o Capo.

O olho confusa e ele estaciona o carro entre as árvores, bebo um pouco de água sentindo a garganta seca e August olha para mim desprendendo o cinto de segurança.

— Não entende nada do que eu estou falando, não é? — Nego e ele faz negação com a cabeça como se estivesse decepcionado com algo — Espere aqui, eu já volto.

— Espera! — Grito antes que ele saia do carro — Eu perdi a Lou durante a festa, eu sinto muito.

Ele arqueia a sobrancelha e olha para frente.

— Não se preocupe.

— Mas e os meus irmãos? Onde eles estão? — Falo precupada me levantando do banco — Prometi a eles que ia voltar cedo, eles estão bem?

— Cazzo, cala a boca, Anna! — ele esbraveja irritado e eu me sento no canto da porta — Lorenzo também mentiu sobre você ser obediente, talvez tenha que te concertar novamente ou eu mesmo faço.

Entreabro os lábios e ele me olha deslizando os olhos por mim, nego com a cabeça e os mesmo sai do carro me deixando sozinha. Agarro meu corpo sentindo meu corpo gelado e o vento das árvores sopram contra o vidro do carro. 

Fecho os olhos com força tentando parar tremer e esquecer minha barriga roncando, estou com tanta fome que poderia cometer tudo aquilo novamente...

— Que porra você fez? — Sou empurrada contra o vidro e abro os olhos vendo meu tio gritar comigo.

— O-o quê... — o olho assustada.

— O que você estava fazendo na casa de um homem, Anna? — Ele preciona meu pescoço e eu tento me soltar — Como pode ser tão fácil assim? Como uma puta.

— Eu não sei. — Admiti quase sem ar sentindo o gosto das minhas lágrimas derramando em meu rosto — Não sei como cheguei lá... eu sinto muit-... sinto muito tio...

— Você é igual ela. — ele bateu meu rosto contra o vidro e eu o olhei chorando aos prantos, olho para a mão dele vindo em minha direção e fecho meus olhos.

Isso parece sempre fazer o tempo passar mais rápido quando faço algo errado e meu tio descidi me punir, mesmo que eu consiga sentir cada dor sobre minha pele dos tapas, chutes e socos... fechar meus olhos faz com que eu vá para outro lugar, como uma  redoma, um redoma onde eu estou segura e à salvo.

Espero o tapa vir, mas ele não chega me surpreendendo. Abro os olhos e as lágrimas neblinam minha visão vendo meu tio olhar com decepção no olhar, engasgo com as minhas lágrimas e ele se afasta fechando a porta do carro se sentando ao meu lado no banco de trás.

— Sabe onde estava? — ele pergunta olhando para frente e eu nego rapidamente.

Ele se vira e foca os olhos em mim, a mão dele aperta o banco e eu engulo em seco.

— Você passou a noite na casa do Capo, ao que tudo indica. — Ele explica e eu o olho confusa.

— Eu não entendo...

— Vivemos em uma máfia, Anna. — Ele anuncia — Estou protegendo você de tudo isso todo esse tempo, mas parece que você oficialmente estragou tudo.

— Eu-...

— O capo é responsável por mandar em tudo, ele decide até mesmo quem respira ou não. — meu tio volta a encarar a frente como se pensasse — Ele Não é um homem bom, Neithan Lucchese é um mostro sobre o corpo de um homem. Ele vai matar você Anna, você e seus pequenos irmãos.

— Mas... ele... eu não fiz nada a ele, tio. Eu juro, eu não fiz nada...

— Não sou eu quem decidi isso, Anna. — Ele pausa respirando fundo — Neithan encontrará você, a matará sem a menor piedade e depois matará Antonella e Vicenzo.

— Não...

— Oh sim, ele vai. É isso que vai acontecer já que agora ele sabe que você existe, apenas eu posso a proteger, mas sua desobediência diária faz com que eu pense que você não quer viver, você não se importa com nós? Nossa família?

— Tio, por favor... eu imploro... — Peço aos prantos e ele me olha estalando o lábio.

— Ora mudou de idéia?

O olho negando enquanto as lágrimas descem e ele se aproxima segurando meu rosto com força.

— O único que sempre irá te proteger sou eu, apenas eu. — ele aperta mais e eu fecho os olhos sentindo doer — Eu sou a porra do seu salvador, então não teste minha paciência.

— Por favor-... está doendo... — Choramingo.

— Oh está doendo? — ele ri contra o meu rosto — Neithan fará mil vezes pior. Ele irá esmagar seu rosto com as próprias mãos, até que seu rosto se torne irreconhecível. Sua pele será toda cortada e açoitada enquanto você implora, e por fim, ele vai fuder você igual a puta que você é enquanto você sente seus últimos suspiros. É isso que você quer, Anna?

Nego e ele passa os dedos sobre o meu rosto lentamente.

— Não quero nem pensar o que ele faria com a pequena Antonela e o pequeno Vicenzo, os dois nem ao menos sabem falar direito. — ele faz negação com a cabeça e beija minha testa — Duas vidas perdidas por causa sua, isso é terrível, Anna.

— Por favor... — Suplico — Eles não fizeram nada...

— Mas você fez!

— Eu não vou fazer mais, por favor, por favor tio. Desculpa...

— Venha para casa comigo, vou proteger você e nossos pequenos. — Meu tio pega meu rosto deixando próximo ao dele — Vamos ser felizes longe dele, mas você precisa ser obediente. Entendeu?

— Sim.

Ele me coloca contra ele e me abraça com força enquanto passa as mãos pelo meu cabelo, eu o toco com medo e tento me acalmar, mas as únicas coisas que vem a minha mente é o que aquele homem pode fazer comigo e com meus irmãos se me encontrar. Ele certamente é um homem horrível, e se é capaz de machucar pessoas pequenininhas como meus irmãos, ele não tem coração.

Fungo limpando os olhos e meu tio se afasta saindo do carro rapidamente, o mesmo faz a volta e entra na parte da frente junto com August ligando o carro.

Me apoio na porta sentindo um pouco de frio e vejo pelo meu reflexo no vidro o pouco de sangue que pousava sobre a minha tempora, tento limpar o machucado, mas doia demais para ser tocado. Então apenas conto as árvores durante o caminho de pedras que o carro segue na tentativa do tempo passar mais rápido.

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Estou oficialmente viciada em escrever essa fic. Serião.

Espero que gostem e até o próximo capítulo.❤😁

La famiglia Lucchese - Neithan.Onde histórias criam vida. Descubra agora