ON AIR: Cara, você tá tão na dele

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Beomgyu estava constantemente sendo traído pelos seus próprios sentimentos.

Havia dias em que acordava dominado por uma tristeza e estresse tão exaustivos que se conformava com o fato de que não conseguiria disfarçar os sentimentos ruins atrás de sorrisos fáceis e brincadeiras zombeteiras. Assim, preparava-se para o desconforto que geraria entre os amigos por conta do seu humor incomum, contudo, na maioria das vezes, sua carranca mal-humorada e os lábios cerrados eram quebrados por uma expressão suave e um sorriso no momento em que ouvia Huening implicando com seus hyungs por algo que tinha acontecido, Taehyun falando sobre a nova compra impulsiva que sua mãe tinha feito — agora, possuíam um abridor de ovos, que não servia para absolutamente nada, visto que... eles tinham mãos — ou qualquer coisa parecida.

Quando menos esperava, todo seu preparo mental para um dia regado a perguntas se estava tudo bem, olhares preocupados e acúmulo de mais sensações ruins era completamente em vão, pois estava rindo com os amigos logo no café da manhã. Nesses dias, sentia-se um tiquinho irritado por não respeitarem seu humor triste e o fazerem rir — onde já se viu? —, mas agradecido pela distração que proporcionavam dos seus problemas.

Naquela segunda-feira, Beomgyu decidiu, pela primeira vez na sua cota de dias que ditava o próprio humor, que estava feliz.

Por que não estaria? Teve uma completa e boa noite de sono de sábado para domingo, como não acontecia há mais dias do que conseguia se lembrar, conseguiu finalizar suas atividades pendentes para que pudesse se ocupar unicamente com o festival e, não menos importante, tinha continuado conversando no privado com Taehyun durante o dia e combinaram um horário para se encontrarem à sós no dia seguinte, para que o mais velho o ajudasse com a inscrição do concerto musical.

Beomgyu não se lembrava de alguma vez, naquele último ano, em que tenha ficado sozinho com Taehyun por livre e espontânea vontade, sem ter sido uma peça do acaso — como quando chegavam primeiro ao refeitório ou nos dias que os amigos se atrasavam para os encontros que marcavam. O motivo para isso deixá-lo de bom humor era algo que ele preferia não explorar no momento, apenas aceitar o sentimento.

Entretanto, contudo, todavia, era óbvio que Beomgyu seria traído por seus próprios divertidamentes ansiosos, que não perdiam uma oportunidade de se agarrar a um mísero detalhe que saía do seu controle e arruinar todo seu dia com pensamentos auto depreciativos sobre o acontecimento.

Em resumo, o que tinha acontecido naquela segunda-feira bonita, em que os passarinhos cantavam, os professores liberavam os alunos mais cedo e o cardápio do restaurante universitário era inovador e saboroso, era que Kang maldito Taehyun tinha recebido outro spotted.

E, pior ainda, dessa vez, a admiradora secreta — ou admirador, Huening insistiu durante o café da manhã — tinha mencionado o nome de Taehyun na mensagem, então não havia como Beomgyu tentar se iludir pensando que o flerte não era para o amigo, mesmo que não quisesse assumir o porquê precisava fazer isso para se sentir melhor.

Aquele negócio de não querer virar a vela do grupo, blá blá.

E tudo só rolava cada vez mais e mais ladeira abaixo.

"Para Kang Taehyun do segundo semestre de Letras: seus olhos ficam tão bonitos quando você está rindo."

Essa tinha sido a mensagem que Beomgyu foi obrigado a ler para todo o campus, em uma manhã que deveria ser feliz.

E não que estivesse pensado muito sobre o assunto por todas as horas que sucederam o programa da rádio, claro que não, mas sua aula de História da Música conseguiu ser tão entediante quanto sempre era, então não sobrou escolhas a Beomgyu que não analisar o acontecimento.

SpottedWhere stories live. Discover now