Capítulo 12

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DARLAN MANSFIELD

Eu tinha apenas 17 anos quando pensei estar apaixonado. Estava conversando com Tyler, meu único e melhor amigo, quando a garota chegou. E é claro que ela não poderia estar lá. Sua moto estava com algum problema que não tinha como ser resolvido imediatamente.

— Olha eu posso cuidar disso, mas só amanhã. — Tyler Lancelot havia ficado, para caso alguém perguntasse por mim, e ela parecia apreensiva. — Eu posso te dar uma carona na minha moto. Então eu vou saber onde devo entregar a sua.

— Tem mesmo dezoito anos também? E quem garante que você não vai me roubar?!

— Confia em mim. — dei o sorriso mais convencido que podia. — Vamos?

Pedi para Tyler guardar a moto dela na garagem em segredo, a única pessoa que eu confiava para isso.

E logo após pegar a moto que na verdade era do meu pai, nós fomos.

Foi uma viagem longa até o sul da cidade, a casa dela era semelhante as outras de Newhurt. Porém a garota em particular era linda, e irada.

— Espera, eu nem disse o meu nome. — disse ela, retirando o capacete. — Sou a Lexi.

— Darlan.

Apertamos as mãos em um cumprimento breve.

— Espero ter minha moto de volta, esqueceu que eu sei onde te encontrar?

— Amanhã ela estará aqui. E eu também, a propósito.

Nós sorrimos.

— Então até amanhã, Darlan.

Eu gostei de como meu nome soou bem em sua voz. Não conseguia pensar em outra coisa quando voltei para casa. E quando passei a noite na garagem, para que assim que o sol nascesse eu visse ela novamente, provavelmente com uma roupa mais despojada e o cabelo curto bagunçado.

E assim foi, ela continuava linda. Mas dessa vez eu disse isso.

— Posso pelo menos te agradecer com um sorvete?

— Eu tenho que voltar.

— É aqui perto, por favor, Darlan.

Vamos lá, eu já fiz tudo isso mesmo.

A sorveteria realmente ficava nas proximidades, só que quando me dei conta, horas haviam se passado com conversas.

— Eu preciso mesmo voltar pra casa. — disse, saindo às pressas assim que vi as dezenas de ligações perdidas. As de meu pai me preocupavam, porém, a de Tyler ainda mais.

— Se a minha moto está aqui, então como você vai voltar? — perguntou, um tempo depois de sair também.

Não havia pensado nisso.

— Meu amigo está chegando.

— Ah, é claro. — ela se aproximou, outra coisa que eu gostei quando a fez. — Então...isso é um adeus?

— Acho que sim. — dei um passo á frente. Até que não tivesse distância alguma sobre nossos rostos. Porque eu a beijei.

Era um ato de coragem, visto que era mais público do que eu imaginava.

Mas eu simplesmente não queria parar, não queria aceitar tão bem que daqui a pouco, vai ser como se eu nunca tivesse existido.

E foi. Tyler teve que me buscar logo após.

— Foi muito maneiro, ela nem deve ter percebido que foi minha primeira vez!

— Olhe só para isso, Darlan Mansfield está se tornando homem! — ele disse, dando continuidade ao tom de piada.

Ele me deu parabéns e eu cheguei em casa, tentando controlar meu entusiasmo.

Assim que abri a porta do meu quarto, a primeira coisa que vi foi Aaron parado, como se estivesse esperando à muito tempo.

— Onde você estava?

— Eu precisei ajudar o pai de Tyler Lancelot hoje cedo. — já havia tomado coragem para ultrapassar a porta, sem parecer que estava sorrindo minutos atrás.

— E ontem a noite? — ele começou a dar passos lentos até mim. — Ainda não entendeu que eu sempre sei de tudo por uma razão?

— Tio Aaron, eu... — ergui o queixo, encarando-o. — Eu estava com uma garota. Acho que a coisa certa a se fazer é voltar lá e confessar o quanto a quero como minha namorada, com sua permissão. É claro.

— Além de mentir para mim ainda quebrou uma regra!

— Regra?

— Não sabe o quanto ter tantos sentimentos leva você a ruína?

— Mas eu apenas... — fui interrompido.

— É contra as regras se apaixonar, isso faz você fazer coisas que vão contra a tudo que irá fazer aqui. — ele parou em minha frente novamente. Parecendo inabalável. — Seu pai precisava de você, eu precisava de você, todos os outros vão precisar de você um dia. Há não ser que pretenda se rebelar, só pense bem, eu não aconselharia ser odiado pelos que te criaram como se fosse da família.

— Esfregar na minha cara sobre eu ser um bastardo faz você se sentir melhor?

Eu nem conseguia pensar no que mais falar para me defender, e nem se conseguisse, falaria após Aaron me dar um tapa forte o bastante para que eu caísse de joelhos. Como uma criança fraca, que eu era.

— Você é um Mansfield agora, um homem que não vai ser domado por ninguém e muito menos uma mulher! Me entendeu?

— Sim senhor.

Assim que meu tio saiu daquele quarto, eu decorei o livro de regras. Inclusive essa, um Mansfield não poderia se envolver com uma mulher por mais que uma noite, eles acreditavam que no pior dos casos, uma delas poderiam se envolver nos negócios e isso era um desastre, aparentemente, óbvio.

Quando completei 18 anos e ganhei minha marca, eu fiz uma promessa de não violar nenhuma regra. E cumpri isso até o dia em que fugi com Anastácia Carson.

Choveu o restante do dia, Ana não saiu do carro e eu me tranquei em meu quarto. Olhava as pegadas ensopadas e me odiando por não sentir alívio em ser honesto com ela, sobre o tipo de homem que eu sou. Ou pelo menos o homem que me ensinaram a ser.

Mansfield - Destino MortalOnde histórias criam vida. Descubra agora