Mansfield - Destino Mortal

Capítulo 17

DARLAN MANSFIELD

Assim que fui para varanda, o dia ensolarado que acabara de surgir conseguiu me arrancar um sorriso. Tomada pela chuva ou pela neblina, fazia um tempo que as manhãs não eram agradáveis assim.

Até que eu ouvi algo além do sons dos pássaros ou das folhas levadas pelo vento. Anastácia Carson saiu para fora, fazendo com que eu esquecesse o sol, cada árvore ou flor de segundos atrás. Como se eu só tivesse olhos para ela.

A primeira coisa que notei foi que seu cabelo de fios castanhos, com ondas rebeldes até a cintura e que ela vivia jogando para trás como se não voltasse para seu rosto um segundo depois. Agora era loiro, curto, ainda ondulado. Mas não era a mesma coisa, definitivamente, parecia outra pessoa.

- O que houve com seu cabelo? Eu só te chamei pra dar uma volta.

- Esse é o meu disfarce! - ergueu os braços para cima, entusiasmada.

- Disfarce?

- Se quiser te empresto alguma outra peruca. - os cantos de sua boca curvaram-se em um sorriso. - E aí? Pareço uma cidadã comum de Newhurt?

- Ana, você é de Newhurt.

Olhei para ela dos pés a cabeça, vestida com um short jeans curto que eu nunca pensei que fosse vê-la, a blusa com uma figura dos "Guns N' Roses", e é claro, as botas.

Quando meu olhar chegou na altura dos seus, percebi que ela também usava maquiagem. É interessante a forma dela de se propor fazer algo e dar tudo de si, ou nada. Não existe meio termo para Anastácia Carson.

- Deve saber que ainda acho isso arriscado demais.

- Bobagem. - retruquei, tirando as chaves da moto do bolso e caminhando até lá. - São só alguns sanduíches melhores que os meus.

Ironizei a forma que aquilo poderia ser além do que qualquer outra coisa.

Subi no automóvel que pertencia ao meu pai, finalmente consegui consertá-la.

Ana sentou atrás de mim de uma forma um tanto atrapalhada. Pensando bem, Charlie Carson não era mais um Mansfield quando foi morar com a esposa. E devido ao meio sofisticado dos Roux em que foi criada, era bem possível que essa fosse sua primeira experiência com motos na vida.

- Se segura. - E como todas as outras vezes, ela não me obedeceu.

Quando já estávamos há alguns minutos na estrada em velocidade baixa, olhei para seu rosto através do retrovisor uma última vez. Acelerando com tudo, fazendo Anastácia Carson abraçar minha cintura por puro pavor.

Rimos disso até chegar á lanchonete.

Os anos 50 parecia habitar eternamente aqui. Com as paredes azuis, poltronas vermelhas, piso quadriculado, pessoas vivendo suas próprias vidas. Nunca pensei que sentiria tanta falta desse lugar.

Aqui costumava ser meu único lugar agradável, apesar de gostar do meu lar, as vezes eu só tinha que estar o máximo de distância que conseguia.

Como de costume, escolhi a segunda mesa ao lado das grandes janelas de vidro. Ginny veio até nós logo em seguida.

- Você veio mesmo. - ela deu um sorriso gentil. - Não vai me apresentar a loirinha?