CAPÍTULO 03.1🦂

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Levanto-me, pego o pendrive sobre a cômoda e guardo dentro da clutch preta. Saio do cômodo fechando a porta devagar, encontrando dona Guadalupe rezando fervorosa diante da imagem de São Jorge. Apesar de ser um santo de origem turca, ele é muito cultuado na Espanha e em outros países, eu e a minha vizinha temos muita fé nele.

Ela se tornou uma mãe para mim após a tragédia, foi a pessoa do bairro que mais me ajudou com Carlo e continua ajudando, por isso a chamei para ficar com ele essa noite.

— Pronto, dona Guadalupe, Carlo já está dormindo e a mamadeira dele está pronta na cozinha, é só...

— Por favor, minha filha, não faça isso! — a mulher com um coque bem feito no alto da cabeça se aproxima ainda com as mãos unidas, os olhos assustados, a voz de quem está implorando. Seu rosto é marcado por rugas da vida, a pele desgastada prova o quanto sofreu, mas também o quanto é forte.

Finjo que não estou a entendendo, curvando os lábios em um sorriso discreto.

— É só um evento da faculdade, acontece todos os anos antes das aulas iniciarem. Eu sou caloura, quero apenas conhecer e partici...

— Sei que está mentindo, Verónica! Desde que descobriu a identidade daquele homem da foto, você mente! — Acusa-me, apontando o dedo na minha cara, ela tem intimidade para isso. Tudo o que diz é verdade. — Já faz mais de um ano que mantém essa obsessão!

A senhora me dá as costas, preocupada, voltando a sua atenção para o santo montado em seu cavalo branco, enfiando a lança na cabeça do dragão.

— Eu estava aqui pedindo para São Jorge protegê-la e tirar essas ideias malucas que sei que rondam a sua cabeça! — os seus dedos tocam a imagem com devoção. Há uma vela chamuscando ao lado.

Respiro fundo, decidindo confessar, não há mais como me esconder dela e nem é preciso.

— Eu só quero descobrir o que aconteceu com a Rúbia, descobrir o que ele fez com ela — a minha voz treme de raiva.

— Você não tem provas que foi ele que sumiu com a sua irmã! — vira-se para mim sobressaltada, louca para me convencer a parar. Já discutimos sobre isso milhares de vezes.

— Mas ele é o pai de Carlo! — grito, perdendo o controle. Marcho até a mesinha da cozinha que faz divisão com a sala e pego a câmera fotográfica que lá deixei de forma abrupta, mostrando para ela o que já viu. — A foto está aqui! Eu mesma tirei! Carlo tem o mesmo sinal de nascença e no mesmo lugar que Mateo Javier! Ombro esquerdo! São idênticos! Aquele infeliz é o pai! Por que devo continuar esperando se já tenho a prova concreta que liga a minha irmã a ele?!

Na imagem capturada há dois meses, Mateo está sem camisa na sacada do seu quarto. Sim, eu sei onde ele mora, já me escondi naquela floresta, lugar perfeito para viver um animal.

— Essa prova é frágil demais e mesmo que ele seja o pai não significa que tenha sumido com a Rúbia! Nós nem sabemos se ela está mesmo morta! — a mulher também se altera, sacudindo as mãos nervosa.

— Mas é por isso que preciso me aproximar dele, será que não entende?! Tenho que saber o paradeiro da minha irmã! Tenho que entender essa história ou jamais terei paz na minha vida! É a minha família! Mateo é a única pista que tenho a respeito dela, pois as iniciais e a foto dele estavam no diário!

— Talvez uma conversa franca fosse o bastante — tenta encontrar outro meio. Ela é da paz.

— Se ele for mesmo o monstro que estou achando que é, a primeira coisa que vai fazer ao saber que eu tenho provas que o ligam à Rúbia, é tentar sumir comigo também! Não posso me arriscar!

— E se esse homem souber que você e Rúbia são irmãs? Vocês se esbarraram ano passado. Isso é muito perigoso, Verónica! Oh Céus! — leva as mãos ao peito, como se sentisse o seu coração apertado e dolorido, está aflita.

— Ele não sabe, dona Guadalupe! — me aproximo dela, meneando o rosto em negativa. — Quando nos encontramos, vi em seus olhos que não me conhecia! Além disso, a nossa aproximação aparentemente será natural, já que serei a sua aluna.

— E você resolveu escolher entrar justamente na faculdade em que esse professor trabalha! Você é louca! — ergue as sobrancelhas, constatando o que já sei. Só um louco teria essa coragem, mas também sou uma pessoa que é capaz de tudo para encontrar alguém que ama.

Ficamos em silêncio, dona Guadalupe está decepcionada e sem esperanças, o seu semblante expressa isso.

Ela volta a fitar o santo.

— São Jorge jamais aprovaria, a sua espada é do amor. Há outras formas de resolver, você não me disse exatamente o que vai fazer, mas sei que não é algo bom. Os seus olhos têm sede de sangue — a sua voz abalada denuncia o início do seu desespero, o medo de me ver entrar no inferno.

Guadalupe leva a mão à boca, deixando lágrimas escaparem quando se senta no velho sofá.

— Já disse que o desgraçado não saberá da existência do menino enquanto eu não descobrir se ele é ou não de fato o culpado — caminho até ela e coloco a mão sobre o seu ombro, assistindo-a chorar. — Não posso colocar a vida do meu niño em risco. Além disso, preciso dar um jeito de fazer um exame de DNA e comprovar o seu vínculo de sangue com Carlo. Mas escreva o que estou dizendo, Guadalupe, o resultado será positivo, Mateo Javier é o pai e cada dia que passa acredito ainda mais nisso.

Pauso, respirando, acalmando-me. Então sigo até a imagem do guerreiro, tocando-a com devoção.

— Quanto a São Jorge... sei que ele está do meu lado — sussurro, nada me fará pensar o contrário, estou obcecada. — Ele era um combatente de guerra movido pela crença. Quando chegar a hora, se for preciso, seguirei o seu exemplo e enfiarei a lança na cabeça do dragão! — decreto, convicta, dominada por sentimentos hediondos.

Arquejo, buscando de volta a minha concentração.

— Agora tenho que ir — caminho até a porta de saída, ouvindo os meus saltos baterem no piso. Olho uma última vez para Guadalupe que enxuga os olhos vermelhos.

— Fernando não vai gostar nada quando descobrir — ela comenta, temerosa quanto a isso também. — Você sabe que eu não vou contar, mesmo assim ele sempre fica sabendo — lamenta pela desavença que já sabe que vai acontecer.

— Não tem problema, é bom para que ele entenda de uma vez por todas que o tínhamos encerrou. Tchau, dona Guadalupe — a despedida é dolorosa.

— Verónica! — ela me chama antes que eu feche a porta de vez, trocamos olhares. — Você está linda — sorri de modo fraternal, levantando-se.

Apenas assinto, emocionada, recebendo o seu elogio como um impulso para continuar mantendo a coragem. Não demora para que o carro que pedi por aplicativo pare à minha frente. Entro no banco traseiro e tomo viagem.

É agora ou nunca.


EITAAAAA
VAI SER TIRO PORRADA E BOMBA MEU POVOOO!

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