O Peso da Coroa - A ascensão de Roham [Completa]

Capítulo 20 - Recomeço

            A expectativa estava me matando, podia perceber que a respiração desregular de Yurick começava a ficar constante, até finalmente soltar o machado, encarando meu rosto como se me visse pela primeira vez depois daqueles dias tempestuosos, se aproximou de mim, se ajoelhando na minha frente, abraçando meu corpo com firmeza, encostando a cabeça na minha barriga, podia perceber seu corpo tremer. Estava chorando? Nunca achei que o veria tão fragilizado daquela maneira. Fui me ajoelhando aos poucos, até ficarmos com certa equivalência. Abracei seu corpo, a cabeça em seu peitoral, podia ouvir o coração descompassado do mais velho, enquanto seus enormes braços me cobriam com carinho, firmeza e mesmo assim com temor de apertar demais. Ainda estava inseguro, o silêncio não era reconfortante. Mas, o outro merecia aquele momento, digerindo tudo o que havia acontecido sem acreditar que Jamal estava certo sobre quebrar aquela joia que representava nossos sentimentos.

- Seyrim, perdão. – O alfa finalmente se afastou, segurando na minha bochecha. – É como se a nevoa que estivesse a frente do meu rosto sumisse de repente e pudesse te ver novamente. Senti tanto a sua falta, te magoei tanto que não mereço estar aqui. – A mão desliza até a minha, segurando o pulso que ainda estava enfaixado, beijando o mesmo várias vezes. Aquilo deixou meu rosto quente.

- Seu bastardo, como me fez esperar tanto tempo? Que relacionamento complicado me destes. – Soltei um suspiro de alivio, como se o peso que carreguei por tanto estivesse saindo dos meus ombros. Voltei a me encostar no alfa, sentindo seu cheiro amadeirado, seus feromônios pareciam sair deliberadamente quando estávamos tão perto.

- Quando fui ferido há semanas atrás, pensei que morreria e meu único pensamento era poder te ver novamente, dizer o quanto te amo, mudou meus sentimentos e a expectativa dessa guerra. – Yurick dizia com honestidade, parecia querer me fazer compreender. – Mas, quando abri os olhos estava totalmente curado, mas o amor que sentia desapareceu, foi como se nunca tivesse existido em primeiro lugar. Não pensei que podia ser possível acontecer tais circunstâncias. O tratei como se fosse apenas uma extensão e não é verdade, perdão, meu amor.

- Se alivia sua culpa, sabia que não era o Yurick que partiu me beijando e deixando promessas, mas, ainda me deixou bem magoado, espero que compense isso. – Lhe digo com suavidade. – Amo você, Yurick Dente de Leão.

- Também te amo, Seyrim de Damaceno. – O mais velho encosta seus lábios nos meus, de maneira apaixonada e desesperada, podia sentir sua língua invadindo minha boca, enquanto suas mãos apertavam minha cintura, nossos corpos estavam grudados, os feromônios estavam se espalhando por todo o cômodo. Lentamente perdia a compostura e a noção do ambiente, estava dedicado ao osculo tão intenso, agora de maneira luxuriosa perdia o folego que me restava, afastando meus lábios. O alfa desceu a boca até o pescoço, lambendo e sugando, me desejando. Não era apenas o compromisso de estabelecer relações sexuais esporádicas, Yurick me queria naquele momento, desejava me subjugar, me manter sob seu controle e usar meu corpo ao bel prazer. E isso me deixava profundamente excitado, mesmo que não pudéssemos fazer sexo brutal, ainda podíamos sentir prazer.

- Não quero fazer isso aqui. – Lhe digo depois de ter forças o suficiente, não conseguia formar frases sem deixar alguns gemidos escaparem.

- Você tem razão. – Yurick se levanta, me levando em seus braços. Não era necessário, mas dessa vez não relutei, apenas me aconcheguei contra seu peitoral. Não queria pensar na entidade, em Jamal ou qualquer outro naquele momento, os problemas da guerra seriam resolvidos depois, precisava apenas que o mais velho me sentisse, que pudesse saber que aquela sensação não era apenas meus sonhos dos últimos tempos. Sabia o quão culpado o mais velho estava se sentindo, mas não havia nada o que pudesse ser feito. A entidade o manipulou de alguma maneira. Só queria aproveitar o momento que tínhamos antes de nos afundar nos problemas da realidade, precisava que o alfa me tomasse, me beijasse tão desesperado depois de tanto tempo sentindo falta dos seus toques mais profundos.