Minha Menina - TRILOGIA MULHERES FODAS

CAPÍTULO 26

L O R E N Z O

Haviam se passado alguns dias desde a nossa "reunião" no escritório, tudo estava ocorrendo de acordo com o planejado. De acordo com o cronograma, as fotos seriam vazadas hoje a noite, e então amanhã já poderíamos pegar a empregada encarregada da cozinha.

Enrico e eu estávamos em meu escritório resolvendo algumas papeladas da famiglia. Ele havia chegado cedo, por isso tomou café da manhã comigo e Agnes.

Ela por sua vez, tinha algumas coisas para resolver e disse que iria supervisionar o novo carregamento que chegaria hoje, em meu lugar.

O loiro de olhos claros estava jogado no meu pequeno sofá de couro enquanto analisava uma pilha de papéis em seu colo.

Enquanto eu analisava as planilhas pelo notebook ele cuidava dos documentos os passando a limpo.

Escuto um longo suspiro vindo de sua parte, e desvio os olhos do notebook me virando para encara-lo. O loiro levanta de seu lugar pegando os papéis que estavam espalhados em seu colo e os trazendo colocando na mesa ao lado do meu notebook.

Enrico se senta na cadeira a minha frente cruzando as pernas. Ele parece hesitar um pouco mas logo diz:

- aquele assunto que me mandou investigar a respeito de Agnes, eu consegui algumas coisas, graças a minha informante.

Abaixo a tela do notebook e o encaro.

- prossiga - digo.

Desde o último pesadelo de Agnes, acabei ficando com uma pulga atrás da orelha, fazendo com que a forma com qual a encontrei a anos atrás voltassem a tona.

Confesso que fiquei um pouco hesitante em mandar investigar, pois não sabia como Agnes reagiria. A alguns anos eu a perguntei se ela queria saber de suas origens e ela pareceu bastante desconfortável com isso. Ela não gosta de tocar assunto a nada relacionado ao seu passado antes de eu encontrá-la. Segundo ela passado é passado e ela não queria ficar se remoendo por causa daquilo.

Quando a encontrei e decidi cuidar dela, mandei fazerem um check-up completo em Agnes para saber se ela não tinha lesões internas muito graves e por ela não se lembrar de quase nada relacionado a sua vida antes do cativeiro.

Segundo o médico que ficou encarregado pelo seu caso, Agnes não tinha nenhuma lembrança sequer de qualquer coisa relacionada a família. Isso tudo foi graças aos anos na qual ela passou em cativeiro sofrendo torturas, tanto psicológicas e físicas.

Ao perder a esperança de ser resgatada com as torturas constantes, Agnes passou a duvidar se ela realmente tinha alguém que se preocupava com ela ou se ela tinha alguém pra quem voltar. Com isso, seu subconsciente para se proteger apagou quaisquer resquícios de família e lembranças passadas, sobrando somente o depois.

Segundo o médico, Agnes podia voltar com essas memórias aos poucos no decorrer dos anos, ou então elas podiam nunca mais voltar, isso dependia somente dela.

Em alguns momentos eu já cheguei a pensar que Agnes podia ser a garota desaparecida dos russos, mas isso era impossível, pois a garota tinha sido dada como morta um ano antes de eu encontrar Agnes.

Sua capacidade de raciocínio mostrava que ela não era uma garota normal, e que não vinha de uma família normal, isso eu tinha certeza. A única opção razoável era que Agnes podia ser filha de algum assassino de aluguel e talvez por estar na linha cruzada entre as facções ela foi pega como refém. Mas isso era apenas uma suposição minha.