(não) sei amar - Narusasu

Capítulo 1

       A brisa estava gelada, os homens estavam ajoelhados em fileira só com as roupas íntimas, tremendo de frio e medo parecendo patinhos no lago congelado, o inverno chegaria mais cedo esse ano. Sasuke estava impaciente, escutava seus comparsas revirando todo aquele lugar em busca dos malditos documentos que foram ordenados a buscar. Era um escritório bem afastado com a estrutura precária, não passava de blocos de concreto feitos para esconder a imundice de gente que se achava poderosa.

       Engatilhou a arma. Diferente de seus parceiros, ele não fazia nenhuma questão de saber qual a marca ou modelo, bastava apenas entender seu funcionamento. Gemeu de frustração quando algum dos homens ajoelhados começou a chorar, era para ele estar em algum cassino jogando baralho e não vigiando velhos de cueca. Todos eles não passavam de covardes que na hora de fazer mal a alguém indefeso não pensavam duas vezes, mas quando prensados contra a parede eles choravam e mijavam em si mesmos implorando por perdão. Que azar, Sasuke nunca perdoava.

– Por favor, eu tenho uma família. – Um deles tentava falar enquanto tremia e soluçava.

       Permaneceu em silêncio. Sim, nesses momentos todos tinham uma família para a qual voltar e amar. Agradeceu mentalmente por antes ter ordenado que permanecessem de costas, ele atiraria assim que visse o rosto de qualquer um.

       Respirou fundo, buscando os resquícios de paciência que tinha no fundo de sua mente, mas o ato só fez intensificar o cheiro de urina e terra que estava no ar. Pensava em por que tinha se sujeitado àquele trabalho de merda, lidar com papeladas parecia ser bem melhor do que gangues e pessoas ricas. Tinha passado tantos anos de sua vida estudando para obter um diploma de direito, querendo ser um filho prodígio assim como seu irmão. Na visão da sociedade, ela tinha tudo para ser a pessoa mais bem sucedida na área.

– Encontramos os documentos Sasuke, nossa fonte estava certa. – Lee, um de seus companheiros mais próximos, apareceu atrás de si carregando a pasta em mãos. – Mais alguma ordem?

– Queime tudo.

       Nenhum deles se impressionava mais, quando o Uchiha ficava encarregada de cuidar de alguma operação nada restava intacto, não era atoa que o chamavam de Amaterasu, sua personalidade era completamente duvidosa e traiçoeira como chamas negras.

       O fogo não demorou muito para se espalhar por toda a construção pequena, não precisavam tomar cuidado com suspeitas, como combinado, os policiais subornados encerrariam o caso como acidente na fiação elétrica. A fumaça preta já subia para o céu noturno, alguns pedacinhos de papel queimado rodopiavam com o vento para onde ele estava, era interessante como a combustão funcionava.

– Vai matá-los? – Lee apareceu novamente, girando a chave do carro no dedo.

       Não era como se seu companheiro realmente estivesse esperando uma resposta para aquela pergunta. Esse era o momento em que ele se lembrava do por que aceitou aquela função quando seu chefe propôs, Sasuke era insano, todos os seus poucos anos de vida, tentando agradar a todos, era acompanhado da apatia, achava a própria vida patética. Ele apenas precisava ser apresentado a este lado "errado" da existência que parecia tão certo e emocionante a seus olhos, finalmente se sentia vivo.

       Seis tiros soaram seguidos, tão rápidos como a bala que atravessava cada uma daquelas cabeças enfileiradas, a mira invejável de alguém que não precisou treinar muito tempo. O moreno sempre lutava contra a vontade de sorrir nesses momentos, não se lembrava quando aquilo tinha virado algo tão normal, retirou o pano preto de dentro do casaco grosso e limpou o cano de sua arma, em um ritual próprio.

– Joguem eles no fogo. – Disse para seus subordinados que logo se prontificaram em arrastar cada um dos corpos para dentro daquela construção em chamas.