Vôo noturno

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— Jae, você já tem com quem ir ao baile de Inverno?

— Pra falar a verdade, o Sanjoy me chamou.

Jaebum quase engasgou com uma xícara de café, fazendo os seis pares de olhos se voltarem para ele. O sonserino disfarçou, dando um sorriso e levantando a mão sinalizando que não fora nada, e mesmo que os olhos de Youngjae estivessem particularmente mais preocupados, logo os outros seis voltaram a conversar.

O sonserino suspirou, o seu café da manhã subitamente tornara-se mais amargo do que já era.

Ele e Youngjae conheceram-se quando ele estava no terceiro ano e o outro garoto no segundo. O mais novo era da Corvinal, a casa dos inteligentes, e na época ele costumava a ser um menino quieto e assustado. O motivo era porque ele sofria perseguição dos outros garotos, Youngjae era constantemente perseguido pelos outros meninos – principalmente os da Sonserina – por ser gordinho, desajeitado e chorão. Se viram pela primeira vez quando Jaebum estava tirando um cochilo qualquer de baixo de um carvalho nos jardins da escola e Youngjae tropeçara nele na tentativa de se esconder. Ele chorava lágrimas cor-de-rosa assim como o rubor não natural na sua face. Ele tinha sido azarado com alguma Gemialidade Weasley barata qualquer, mas não era isso que preocupou Jaebum na hora. Aquele garoto parecia apavorado e cansado de sofrer aquele tipo de abuso.

Quando viu os meninos que o perseguia, se pôs na frente do mais novo, como um grifinório idiota faria. Em qualquer outra situação ele se pouparia do cansaço de defender um corvino idiota chorando, mas sentiu uma imeditada empatia pelo garoto. Além disso, os bullies não eram maiores do que ele (mas com certeza era maior do que o corvino chorão), além de serem da sua própria casa, o que o irritou um pouco.

— O que vocês estão fazendo, idiotas?

— Im Jaebum! – um deles exclamou, o reconhecendo na hora – Só estamos brincando com o corvino. Qual o problema?

— Vocês estão enchendo o saco. – o sonserino revirou os olhos – Deixem o garoto em paz.

— Você está parecendo um grifinório desse jeito. – um deles, que parecia ser o líder da gangue, fez uma careta.

— Grifinório ou não, se vocês não meterem o pé daqui agora vou ter que eu mesmo dar um jeito nisso e eu juro que não vai ser usando a varinha. – até porque ele esqueceu a varinha no dormitório. Vivia fazendo isso.

Com o tom de ameaça que já era o suficiente para meninos do segundo ano se assustarem, eles saíram dali, parecendo intimidados. Jaebum sabia que os meninos não iam cruzar o olhar com o dele na sala comunal da Sonserina por pelo menos uma semana.

Então virou-se para o outro garoto, que ele não havia percebido que havia ficado atrás de si com o rosto encolhido na capa do sonserino.

— Ei... o que aconteceu?

— Eu estou cansado daqueles sonserinos me perseguindo. Eu nunca fiz nada a eles, eu não entendo...

— Ok, olha eles já foram embora...

— Eles vão voltar! Eu sei!

O menino tornou a derramar as suas lagrimas cor-de-rosa e seu rosto ficar cada vez mais num tom de magenta, cada vez mais se aproximando de um tom de roxo. Jaebum suspirou, não era isso que ele planejava para o seu final de tarde, mas as vezes a vida não lhe dava muita escolha.

— Vem, vamos para enfermaria tirar essa azaração. Ahn... – ele tentou lhe chamar pelo nome, mas como não o sabia, ficou reticente.

— Choi Youngjae, Corvinal, segundo ano. – o menino respondeu, dessa vez soando mais calmo e menos choroso – E quem é você?

Siderum Nox [2jae]Where stories live. Discover now