🗼Meu Farol 🗼

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S/n narrando...

- Vamos logo, S/n! Está quase na hora, gero.- A garota praticamente cantarola em meus ouvidos, eufórica demais para me deixar adormecer por mais alguns segundos.

- Só mãos cinco minutos!!!- Murmuro me enrolando um pouco mais nos velhos cobertores de pele de carneiro.

O inverno do qual nos assolava a semanas havia nos pego de surpresa, o frio em si, estava sendo mais severo do que os anos passados, obrigando-nos a invadir os estábulos dos nossos senhorios em busca de qualquer calor que os carneiros poderiam nos proporcionar.

- E perder o show? Nem pensar!- A mesma cria forças para me arrastar sem dó alguma, rumo ao carpete já gasto e extremamente frio.- Levante-se agora, S/n.

Bufo em reprovação. Não havia sentido algum a mesma se animar por conta de cuecas fedorentas e um bando de bárbaros arruaceiros. Claro que o fato de estrangeiros atracarem no porto de Fliurion, a cidade dos esquecidos, era uma dádiva, porém piratas?!?!

Somente um povo transtornado se sentiria bem em agradar àqueles moleques fantasiados de homens.

A contra gosto, apenas lavo minha face com água corrente provinda de um cantio improvisado, ajeito meus fios desgrenhados em uma trança larga e coloco minhas calças rasgadas, rezando para que de algum modo, o forte vendo fosse generos comigo esta manhã.

Enquanto caminhávamos por entre a multidão de pessoas, era evidente o descontentamento da guarda real, eles estavam mais agitados do que o comum com a chegada dos nossos novos "visitantes" e o fato de vosso rei, Monoma III, ser estupidamente ingênuo demais a ponto de abrir as portas de um reino a beira da falência, só contribuia para olhares mal intencionados e um clima propício para guerras.

- Não acho que deveríamos estar aqui.- Balbucio um pouco desconfortável em meio a tanta testosterona que se formava diante a pequeno porto da cidade.

- Pare de ser pessimista. Não percebe... Isto é cheiro de aventura! Liberdade!- Asui  cantarola se esgueirando em meio aos comerciantes e alguns navegantes que desembarcavam sem demora.

- Parece mais com cheiro de Whisky envelhecido em uma bota maltrapilha. - Retruco mal humorada ao ser arrastada por entre um bando de selvagens.

Quando enfim a mesma atingiu um ponto específico no porto e freou bruscamente, quase que me vi beijando o chão. Se não fosse por mãos ávidas e extremamente precisas, provavelmente eu estaria neste exato instante fedendo mais que estas malditas enguias assadas que circundam o nosso reino.

- Cuidado!- O autor do meu salvamento sibilou nada contente.

- Me desculpe, eu não...- Ainda com o olhar baixo, presumi que por conta de sua botinas gastas, porém cravejada de detalhes chamativos, se trava de um nobre, no entanto, conforme meu olhar se estendia diante o pobre coitado que praticamete me salvou de um banho de vísceras de animas marinhos, o ódio foi se estendendo.

Atrás dele, havia uma série de pessoas, todas moribundas, fedendo a doença e desespero. A forma como suas feridas estavam expostas e quase que granguenando demonstravam o quão duro havia sido o seu caminho até chegarem aos arredores de Fliurion. As pesadas correntes de ferro  que os interligavam me davam calafrios a cada tilintar que faziam e a forma como eram tratados como  animais...

Tal cena me corroeu a alma.

Parte minha se recusava a acreditar. Minha mente trabalhava a todo vapor, tentando ao máximo ignorar aquelas pessoas. Ignorar aquela situação.

Entretanto, como fechar os olhos e tampar os ouvidos quando gritam por sua ajuda? Quando na verdade, sua única escolha é sobrevivência e implorar por uma morte mais rápida?

50 Tons de BNHADonde viven las historias. Descúbrelo ahora