Seul, 2021
Lisa empurrou os cobertores para fora da cama quando os primeiros raios do sol esquentaram seu quarto. Antes de abrir os olhos, sentiu que sua garganta estava mais seca do que o normal e, também, sentia o suor se acumular na nuca e nas têmporas — quando foi que fez tanto calor em Seul?
Embora tivesse ficado intrigada com a temperatura repentinamente alta, precisou levantar e se arrastar para fora do quarto, aproximando-se cada vez mais de um longo dia de trabalho. Lisa trabalhava em uma doceria, mas, nas últimas semanas, passava parte do tempo debruçada sobre o balcão esperando alguém aparecer porque o movimento de clientes havia caído. Desde que as aulas foram canceladas devido a incessante falta de energia, ela não via uma alma viva perambular pelas ruas.
Nos últimos tempos, viver em Seul havia se tornado estranhamente... estranho. Não se lembrava da última vez que choveu ou quando anunciaram que as praias estavam abertas para visitação. Tudo o que Lisa sabia e tinha certeza era de que o ano de 2021 estava sendo um dos mais confusos — era como se todos estivessem esperando algo acontecer, mas ninguém fazia ideia do que era, como se vislumbrassem uma tempestade se aproximando e não tivessem para onde correr. Era uma sensação de expectativa.
E Lisa estava começando a ficar entediada.
Assim que saiu do seu quarto, viu seu pai em pé em frente ao fogão preparando ovos mexidos para o café da manhã.
— Bom dia — ela disse, abrindo um sorriso. Seu estômago roncou assim que sentiu o cheiro do bacon borbulhando no óleo quente. — Tem um cheiro bom!
— Bom dia, querida — saudou seu pai, sorridente como de costume. — Dormiu bem?
Lisa se aproximou, sentindo uma necessidade incomum de abraçá-lo. Quando seus braços finos se firmaram ao redor da cintura do pai, um suspiro frágil escapou de seus lábios. Há muito tempo tinha sido somente os dois.
— Sim, como uma pedra — disse e em seguida riu. — Eu não vi você chegar do trabalho.
Foi possível ouvir o suspiro exausto de seu pai, aliás, os sinais do cansaço e estresse estavam nítidos em seu rosto; olheiras, lábios ressecados e uma expressão resignada.
— Eu cheguei um pouco tarde e você já estava na cama — ele respondeu em um tom endurecido.
— Notou alguma coisa diferente no clima hoje? — perguntou Lisa.
— Está mais abafado que o normal — disse seu pai, encarando-a. — Por quê?
Lisa deu de ombros.
— São sete horas da manhã e o tempo está um pouco escuro — respondeu.
— Talvez uma tempestade esteja se aproximando, querida — disse seu pai, com ternura. — Sabe como o tempo costuma abafar antes de chover.
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Black on the Pink
FanfictionVem na pista de dança e liga o som bem alto, porque Black on the Pink chegou para fazer você balançar o esqueleto enquanto lê quatro histórias magníficas em que acompanhará de perto o destino de Lalisa, Jisoo, Jennie e Rosé. Entre amores, paixões...