𝐓𝐇𝐈𝐑𝐓𝐘 𝐎𝐍𝐄

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𝐂𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝐓𝐡𝐢𝐫𝐭𝐲 𝐎𝐧𝐞

| December 17 |
| 04:42AM |

Agora eu definitivamente sabia como isso doía, e acreditem doía muito. Mais do que qualquer dor que eu já senti em toda a minha vida. Eu já havia lido aquelas palavras centenas de vezes, e a cada vez, sem exceções, elas assassinavam uma parte de mim.

Olho para relógio em cima da mesa cabeceira e mesmo com a visão embaçada pelas lágrimas consigo ver que ele marca 04:43 da manhã. Eu não estava com um pingo de sono, e mesmo se estivesse com certeza não estaria dormindo, então não me importei com o horário.

Bom, com oque eu realmente me importava ultimamente?

Os últimos dois meses haviam sido com certeza os piores da minha vida, e eu realmente não tinha esperanças que isso mudasse para melhor. Então eu simplesmente deixei de me importar.

Com tudo.

Ben, Jack e minha mãe estavam preocupados comigo, em parte talvez eu também estivesse. Eu não era mais a mesma pessoa de dois meses atrás, acho que nenhum de nós éramos mais. Nem eu, nem Ashton, e principalmente Calum.

Bom, a última vez em que eu e Calum nos falamos foi a mais de um mês atrás. Na verdade não falamos, ele falou, ou melhor, gritou comigo.

Mas eu não o culpo, ele estava certo.

Nesse dia, quando Calum voltou a frequentar a escola a qual se recusou a ir no primeiro mês depois do trágico acontecimento, eu tentei conversar com ele. Me aproximei de seu armário onde o garoto estava, e toquei seu ombro.

Primeiro grande erro.

Calum se afastou brutalmente de mim, e me olhou de cima a baixo como se eu fosse algum tipo de mostro. E logo que estava proto para pegar suas coisas e correr para longe, eu tentei impedi-lo.

Segundo grande erro.

— Calum, você sabe que é tão ruim para mim quanto para você — digo na esperança que ele entendesse. Entendesse que queria me desculpar pelo oque fiz, e que precisava que ele me perdoasse.

E até agora, ainda consigo ouvir suas palavras escoarem em meus ouvidos. Elas me assombram todos os dias.

— Ruim para você? — ele pergunta em baixo tom se virando lentamente para mim. E eu, um pouco hesitante, assinto com a cabeça. — Tanto quando... para mim?

Calum me olhou por alguns instantes antes de soltar uma risada irônica. A forma como me olhou me fez ter medo dele ou do que poderia fazer.

— Claro! Porque foi você que o encontrou, você que o viu jogado naquela maldita banheira repleta de sangue, não é Luke? — Ele se aproximou de vagar e vi seus olhos marejarem. — Você que chamou a maldita ambulância que o levou sem volta, você que o segurou nos seu braços em desespero até que a mesma chegasse, mesmo sabendo que acabaria encharcado pela mesma água em que seu melhor amigo sangrou até morrer! Eu estou enganado? Quer que eu descreva o quão ruim foi para você talvez sentir um porcento do que eu senti? Você quer? — Ele aumentou seu tom de voz chamando atenção de algumas pessoas em volta, mas ele parecia não dar a mínima.

Eu queria muito ter conseguido apenas negar com a cabeça naquele momento, ou então, pelo menos ter corrido dali, mas eu não o fiz.

— Eu estava nervoso, Michael não me respondia a horas. Eu o procurei por toda a casa, mas o último lugar onde olhei foi no quarto dos seus pais. O chão de madeira estava encharcado, inundado, e a água vinha da porta do banheiro. O pior de tudo aquilo, foi que aquela água não era transparente e cristalina, muito pelo o contrario, tinha uma coloração vermelha, forte. Eu entrei em desespero, mas de qualquer forma, não achei que poderia ser tão ruim quanto oque eu realmente vi quando abri a porta e entrei.

𝐓𝐡𝐞 𝐎𝐧𝐥𝐲 𝐑𝐞𝐚𝐬𝐨𝐧 || 𝐌𝐔𝐊𝐄Where stories live. Discover now